Godofredo de Bouillon. Fundo: igreja do Santo Sepulcro |
Com uma bondade infinita Ele verteu o Seu Sangue de modo tão abundante que, depois de morto, ainda um certo líquido havia no Seu Corpo.
E querendo Ele verter tudo por amor aos homens, Ele consentiu que Longinus, o centurião, transpassasse o Seu Coração com uma lança e o último líquido saísse.
A Igreja nasceu do lado ferido de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso é para lá de sublime, para lá de admirável!
O Coração de Jesus que traz consigo a chaga de uma lancetada, porque Ele amou tanto os homens, que quis que o Coração dEle fosse cravado, já morto, para que absolutamente nada restasse para dar nEle. Que coisa maravilhosa!
Ele foi tirado da Cruz e ficou no colo de Nossa Senhora. Seu divino corpo foi ungido e levado numa procissão de todos os fiéis que tinham ficado rumo ao Sepulcro escavado na rocha. Ali o Corpo foi colocado e o local foi trancado.
Ele ressuscitou no dia da Páscoa. Esse Sepulcro, esse lugar sacratíssimo ainda existe. É o santuário incomparável onde o Corpo dEle permaneceu três dias morto, e onde se deu a glória da Ressurreição.
A expressão Santo Sepulcro exprime tão bem o que há de sagrado no local que as sílabas parecem musicais: Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo! Que coisa augusta! Que coisa triste! Que coisa respeitável!
Para entrar lá dentro, deve-se entrar de joelhos. O homem não pode calcar os pés onde o Corpo do Salvador repousou. Tem que ser de joelhos e tem que beijar aquilo milímetro por milímetro, se for possível.
O nome Santo Sepulcro sugere a ideia – que, aliás, não é verdadeira – de ter uma côr profunda, mais ou menos como a de um veludo vermelho “bourgogne”.
É como se aquela pedra, que tinha tocado no Corpo dEle tivesse ficado como um veludo toda tingido pelo Sangue sacrossanto dEle
Isto posto, brandir uma lança para mandar embora os ímpios que estavam lá? Mas como não?! Lá vamos!
É bem evidente, em todas essas impressões que as notícias de Cruzada e de Guerra Santa trazem à alma um equilíbrio entre a bondade e a força.
Para todos aqueles que ouviram falar de Cruzada, de libertação do Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo, das guerras que eles teriam que enfrentar, sentiram um convite para serem almas grandiosas, heroicas, almas que tomam o ataque na legítima defesa do Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Balduino I, rei de Jerusalém, na batalha de Jaffa. Henri Auguste Calixte César Serrur (1794-1865). Museu de Versailles. |
Uma das mais belas luzes da Igreja Católica está nas Cruzadas. E é contemplando essa luz das Cruzadas que o católico consegue essa harmonia de alma, que pode fazer dele um homem inteiramente grato a Deus.
Este é o sulco que as Cruzadas deixaram, inclusive na nossa geração. Quando se houve falar dessas Cruzadas reluzam com brilho um convite: sede suaves, humildes, doces; sede fortes como leões!
Qual é o contrário do espírito das Cruzadas?
É o espírito ecumênico, no seu sentido progressista.
Esse é o contrário do espírito das Cruzadas. Segundo esse falso ecumenismo todas as religiões valem umas às outras, mais ou menos são todas verdadeiras e são todas falsas, a católica inclusive.
E todas as doutrinas também, são coisas concebidas pelo homem, mas não tem realidade objetiva nenhuma...
Segundo esse espírito ecumênico, não há uma verdade absoluta, não há um erro categoricamente errado, não há nada disso.
Há combinações: todos os homens combinam tudo, misturam tudo.
Não há bem nem mal, não há verdade nem erro.
É o ecumenismo contemporâneo, com os seus exageros e os seus delírios, contra os quais todos os anjos e santos do Céu pedem uma Cruzada.
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