Seja por sempre e em todas partes conhecido, adorado, bendito, amado, servido e glorificado o diviníssimo Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

Nota do blog Salve Regina: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.” Mons. Marcel Lefebvre

Pax Domini sit semper tecum

Item 4º do Juramento Anti-modernista São PIO X: "Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente" - JURAMENTO ANTI-MODERNISTA

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Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Declaração do Pe. Camel.

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Ao negar a celebração da Missa Tradicional ou ao obstruir e a discriminar, comportam-se como um administrador infiel e caprichoso que, contrariamente às instruções do pai da casa - tem a despensa trancada ou como uma madrasta má que dá às crianças uma dose deficiente. É possível que esses clérigos tenham medo do grande poder da verdade que irradia da celebração da Missa Tradicional. Pode comparar-se a Missa Tradicional a um leão: soltem-no e ele defender-se-á sozinho”. - D. Athanasius Schneider

"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa (desde que não se falte à verdade), sendo obra de caridade gritar: Eis o lobo!, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado".- São Francisco de Sales

“E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos”. - Padre Amando Adriano Lochu

"MALDITOS os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável SALVADOR seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteão de falsos deuses". - Padre Emmanuel

“O conteúdo das publicações são de inteira responsabilidade de seus autores indicados nas matérias ou nas citações das referidas fontes de origem, não significando, pelos administradores do blog, a inteira adesão das ideias expressas.”

05/09/2012

EXPLICAÇÃO DA SANTA MISSA - PARTES XXII; XXIII; XXIV; XXV E XXVI


EXPLICAÇÃO DA SANTA MISSA
Autor: pe. Martinho de Cochem (1630-1712)
Fonte: Lista "Tradição Católica"
Digitalização: Carlos Melo

XXII. A SANTA MISSA É O MAIS EFICAZ ALÍVIO DAS ALMAS DO PURGATÓRIO
Não podendo compreender, durante esta vida, o rigor das chamas do purgatório, virá, porém, o dia em que o experimentaremos. Meditemos, enquanto podemos, a doutrina dos Santos e Doutores da Igreja.
Santo Agostinho diz: "O eleito e o condenado são atormentados pelo fogo, cuja ação é mais violenta que tudo quanto, sobre a terra, se pode imaginar, ver e sentir" (Sermão 41). Fosse este testemunho o único, e bastaria para espantar-nos, porque os males de que a terra está cheia, são incalculáveis, e nossa capacidade de sofrer é um abismo de que ninguém sondou a fundo. Pensa nas terríveis doenças que corrompem o corpo; lê, no martirológio, as torturas espantosas, a que foram submetidos os confessores da fé, e persuadir-te-ás de que tudo isto é apenas uma pálida imagem do que te espera, segundo a afirmação de São Cirilo: "Todas as penas e torturas, diz ele, todos os tormentos desta vida, comparados à menor pena do purgatório, parecem ainda uma consolação". São Tomás de Aquino afirma também: "A menor faísca desse fogo é mais cruel que todos os males desta vida" (In e. Sent. dist. 20, qu. 1. c. 2).
Meu Deus! Como minha alma suportará essas dores terríveis? Ora, é quase certo que não chegará ao céu sem passar por essas chamas purificadoras, porque, longe de ser bastante perfeita para evitá-las, está repleta de manchas e de más inclinações.
Há vários meios eficazes de aliviar as almas do purgatório; porém, o mais salutar, declara o Concílio de Trento, é o santo Sacrifício da Missa: "As almas do purgatório são aliviadas pelas orações e sufrágios dos fiéis, principalmente pelo sacrifício do Altar" (Conc. Trento, Sess. 25). Dois séculos antes, São Tomás de Aquino dizia: "Segundo o uso geral, a Igreja sacrifica e ora pelos defuntos e, assim, liberta-os, prontamente, do purgatório".
A razão é porque, na santa Missa, o sacerdote e os assistentes não somente pedem misericórdia, mas oferecem também a Deus um resgate preciosíssimo. As almas do purgatório não estão fora dos favores de Deus, visto que, por sua contrição e confissão, reconciliaram-se com Ele, porém ficam prisioneiras, para se purificarem das chamas. Por conseguinte, se cheio de compaixão, orares por elas, cedendo-lhes teus méritos, contribuis para saldar uma parte desta dívida de que o Juiz supremo diz: Toma cuidado "para que não sejas lançado na prisão, donde não sairás sem ter pago o último ceitil" (Mt. 5, 25-26). Entretanto, se assistes, ou fazes celebrar a santa Missa por uma destas almas, satisfarás grande parte de sua dívida.
Ignora-se em que medida são remidas as penas do purgatório pelo santo Sacrifício. Em todo o caso, fica certo que uma Missa celebrada, ou ouvida durante tua vida, serve-te mais do que outra oferecida em tua intenção depois da morte, segundo a palavra de Santo Anselmo: "Uma única Missa assistida por uma pessoa durante a vida, lhe é mais vantajosa do que muitas oferecidas, em sua intenção, depois da morte". Eis porque:
1.                 Se estiveres em estado de graça, quando ouvires, ou mandares celebrar a santa Missa por ti, obterás um aumento de glória para o paraíso; vantagem que, mesmo cem missas, celebradas depois de teu falecimento, não poderiam merecer-te, visto que o tempo de merecer acabou.
2.                 Se estiveres em estado de pecado mortal, a santa Missa te atrairá, pela infinita misericórdia de Deus, a luz necessária para reconhecer os pecados e a dor de havê-los cometidos, dor que te põe em graça com ele, cousa impossível depois da morte. Se, em vida, já estás marcado com o selo da reprovação, a santa Missa pode ainda deter-te na beira do abismo infernal e conceder-te o inestimável benefício de morreres na graça de Deus.
3.                 Missas ouvidas, ou celebradas te esperam além do túmulo, onde, como outros tantos advogados eloqüentes, solicitarão, para ti, o perdão no tribunal da Justiça divina. Se não te preservam inteiramente do purgatório, abreviar-lhe-ão a duração e diminuir-lhe-ão a intensidade. Apesar de Deus aplicar-te todo o fruto de uma Missa após tua morte, seria ainda mister que fosse celebrada, e deverias esperá-la.
Supõe qeu morras à tarde e devas permanecer nas chamas do purgatório somente até a hora da Missa do dia imediato, oh, como seria longa esta única noite! Supõe mesmo o caso mais favorável em que tua pena duraria o tempo de uma Missa; caro leitor, esta meia hora te pareceria ainda uma eternidade. Se te obrigassem a ter a mão em fogo vivo durante o tempo em que se pode celebrar uma santa Missa, quanto não darias para escapar a uma prova tão cruel? Entretanto, não atingiria senão a um membro de teu corpo, e não se pode comparar à pena muito mais intensa que tem sede na alma. Poderíamos ter menos compaixão de nossa alma que de nosso corpo? Em todo caso, é melhor que as Missas nos esperem na outra vida do que termos que esperá-las. Amontoemos, pois, tesouros no céu, pela piedosa assistência à santa Missa, porque a noite virá, e quem trabalhará então por nós?
4.                 A esmola que consagras para fazer celebrar a santa Missa, é um dom espontâneo, voluntário, muito agradável a Deus, ao passo que, depois de tua morte, não será mais dado por ti, mas por teus herdeiros. Não vemos, todos os dias, como demoram a satisfazer os piedosos desejos dos moribundos?
Acredita-nos, é mais conveniente assegurar o futuro, desde a vida presente, enquanto podes dispor de teus bens.
5.                 Enfim, não esqueçamos que o tempo presente é o tempo da misericórdia, e o tempo futuro, o da justiça. São Boaventura diz: "Assim como uma palheta de ouro é mais preciosa do que um pedaço de chumbo, também uma pequena penitência, a que nos submetemos, voluntariamente, nesta vida, é mais agradável aos olhos de Deus do que uma grande penitência feita na outra.

Ah, se pudesses contemplar, com teus olhos mortais, os rios de graças que, do altar, se derramam sobre o purgatório, com que pressa procurarias, para as almas exiladas, este divino benefício! Não objetes tua pobreza. É verdade, a pobreza pode privar-te do prazer de mandar celebrar os divinos Mistérios; porém, não te explicamos que a simples audição da santa Missa é, por si, muito meritória? Pede a teus amigos que ouçam também uma ou mais Missas, na intenção das almas do purgatório.
Era o conselho de um homem de Deus a uma pobre viúva que lamentava não poder mandar celebrar Missas por seu defunto marido: "Assisti, freqüentemente, ao santo Sacrifício por ele; deste modo será mais prontamente libertado do que por uma ou duas Missas celebradas em sua intenção". Este excelente conselho o damos, de bom grado, aos pobres; não que seja menos vantajoso fazer celebrar a Missa, quando se pode, porém, é uma consolação para a alma do purgatório ver-te oferecer, por ela, nosso Senhor a seu Pai. Então o precioso Sangue inunda-a como orvalho celeste. Jamais um doente devorado pela febre foi tão aliviado por um copo d'água fresca, como nossos caros defuntos, quando na santa Missa, derramamos, misticamente, sobre eles algumas gotas deste Sangue divino.

XXIII. DA PRECE DO SACERDOTE E DOS ANJOS PELOS QUE OUVEM A SANTA MISSA
É uma queixa geral, entre as pessoas piedosas, de serem perseguidas pelas distrações durante a oração. Para isso, não conhecemos remédio melhor que a freqüente assistência à santa Missa, onde nossa pobre oração se une à de Jesus e a de seu sacerdote. Do mesmo modo que uma moeda de cobre se torna bela e brilhante, quando imersa no ouro em fusão, nossa oração, fraca e distraída, torna-se, por esta maneira, atenta e fervorosa.
Por isso disse o sábio e piedoso bispo Fornero: "A oração feita na Missa, em união com o Sacrifício, é mais eficaz do que todas as outras, embora cheias de fervor perfeito e longa duração".
Exporemos, neste capítulo, a razão de tão consoladora doutrina.
O sacerdote que celebra deve orar não somente pelos fiéis em geral e oferecer o Sacrifício por sua salvação, mas é ainda obrigado a orar, particularmente, pelos assistentes e apresentar-lhes as súplicas ao Altíssimo. Assim a oração do começo, chamada "Coleta" e a "Secreta" que se segue ao Ofertório, a "Post-Comunhão", e, em geral, todas as orações em que o pedido é feito em nome de muitos, são ditas pelos assistentes, por ti, portanto, se és do número deles, e te são proveitosas como se estivesses só na igreja com o sacerdote.
A fim de que saibas, minuciosamente, as orações em que tens parte oficial, vamos enumerá-las umas após outras.
Ao começar a santa Missa, o ministrante recita o "Confiteor", em nome do povo, sobre o qual o sacerdote pronuncia a absolvição seguinte: "O Senhor onipotente se compadeça de vós, e, perdoados os vossos pecados, vos conduza à vida eterna! Assim seja". Em seguida, subindo ao altar, continua: "Apagai, Senhor, Vos suplicamos, nossas iniqüidades, para que mereçamos, com pureza, entrar no lugar santo. Por Cristo Senhor Nosso. Amém".
Ao "Kyrie", que é um grito, um pedido de socorro à Santíssima Trindade; ao "Glória in excelsis", como também à "Coleta", o sacerdote fala em seu nome e no teu. Saúda a assembléia, reunida ao redor do altar, com a santa saudação: "Dominus vosbiscum - o Senhor esteja convosco!" Era a saudação do Anjo a Gedeão; de Booz aos ceifadores; do Arcanjo Gabriel à Santíssima Virgem. Por estas palavras, oito vezes repetidas, o sacerdote deseja salvação e bênção ao povo, porque, se Deus está conosco, que pode nos faltar?
Ao "Credo" pronuncia, em seu nome e em nome dos fiéis, a confissão da fé católica, em que desejamos todos viver e morrer.
"A oblação do pão" diz: "Recebei Pai Santo, onipotente e eterno Deus, esta Hóstia imaculada que eu, indigno servo, vos ofereço, meu Deus vivo e verdadeiro, por todos os meus inumeráveis pecados e ofensas e negligências, por todos os presentes, e por todos os fiéis cristãos, vivos e defuntos, para que a mim e a eles aproveite e seja a salvação na vida eterna. Amém".
Quando deita a água e o vinho no cálice, diz: "Deus, que criaste, maravilhosamente, a dignidade da humana natureza e, mais admiravelmente, a reparaste, concede-nos, por este mistério da água e do vinho, que sejamos consortes da divindade daquele que se dignou de fazer-se partícipe de nossa humanidade, Jesus Cristo, teu Filho, Senhor nosso que contigo reina na unidade do Espírito Santo, Deus por todos os séculos dos séculos. Amém".
A "oblação do cálice", o sacerdote diz: "Oferecemos-te, Senhor, o cálice da salvação, rogando-te a clemência, para que suba à presença da divina Majestade o suave perfume, por nossa salvação e de todo o mundo".
Depois do "Lavabo", diz o sacerdote, inclinando-se: "Recebei, Santíssima Trindade, esta oblação que te oferecemos em memória da Paixão e Ressurreição e Ascensão de Jesus Cristo, nosso Senhor, e em honra da Bem-aventurada Virgem Maria, do Bem-aventurado São João Batista, dos Santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, e de todos os Santos; para que lhes seja em honra e a nós em salvação, e estes, cuja memória celebramos na terra, se dignem de interceder por nós no céu. Pelo mesmo Cristo, Senhor nosso. Amém". Voltando-se para o povo, continua: "Orai, irmãos, para que o sacrifício vosso e meu seja aceito por Deus onipotente"; e o ministrante responde: "Receba o Senhor o sacrifício de tua mão, para louvor e glória de seu nome e também para proveito nosso e de toda a sua santa Igreja".
A "Secreta", oração misteriosa, segue-se em voz baixa e, nela, o sacerdote reza também por todo o povo. Ordinariamente são três, outras vezes mais, nas grandes festas, uma apenas.
No "Prefácio", o sacerdote excita a assembléia a unir os louvores aos seus, dizendo: "O Senhor seja convosco. - Erguei os vossos corações! - demos graças ao Senhor, nosso Deus! - verdadeiramente é justo, conveniente e salutar que, sempre e em toda a parte, demos graças, Senhor santo, Pai onipotente, Deus eterno, porque, pelo Mistério do Verbo encarnado, resplandeceu, aos olhos de nossa mente, uma nova luz de tua claridade; de sorte que, enquanto conhecemos a Deus visivelmente, sejamos por ele arrebatados ao amor das cousas invisíveis. E por isso, com os Anjos e Arcanjos, com os Tronos e Dominações e com toda a milícia do celestial exército, cantemos o hino de tua glória, dizendo sem cessar: - Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos exércitos! Cheios estão o céu e a terra de tua glória. Hosana nas alturas! Bendito seja o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!"
Logo depois começa o "Cânon", parte da santa Missa que se reza em voz baixa, e da qual lembraremos somente o "Memento" pelos vivos: "Lembrai-vos, Senhor, de vossos servos e servas N. N. ..... e de todos os circunstantes, cuja fé e devoção vos são conhecidas, pelos quais vos oferecemos este sacrifício de louvor, por eles e por todos os seus, pela redenção de suas almas, pela esperança de sua salvação e incolumidade, e vos tributam os votos, a vós, eterno Deus, vivo e verdadeiro".
Aprende, por estas palavras, a não te afligir, se tua pobreza te priva de mandar celebrar Missas. Aquela que ouves é oferecida em tua intenção pelo sacerdote que aplica o mérito também a ti e aos teus, segundo tua piedade e teu desejo.
O sacerdote continua: "Nós, que participamos duma mesma comunhão, honramos, em primeiro lugar, a memória da gloriosa sempre Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo, nosso Senhor e Deus, e a dos Bem-aventurados Apóstolos e Mártires, Pedro e Paulo... e todos os Santos; pedimos que nos concedais, pelos seus merecimentos e rogos, que, em todas as cousas, sejamos defendidos pelo auxílio de vossa proteção. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém".
As mãos estendidas sobre a oferta, o sacerdote prossegue ainda: "Por isso vos pedimos, Senhor, que recebais, favoravelmente, esta nossa oferta, e de toda a Igreja; e que, enquanto vivermos, gozemos de vossa paz e, depois, sejamos livres da eterna condenação e contados entre o número de vossos escolhidos. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém".
Depois da "elevação", diz: "Portanto, Senhor, nós, teus servos e teu povo santo, lembrando-nos da Paixão de Cristo, teu Filho e Senhor nosso, de sua Ressurreição saindo vitorioso do sepulcro, e de sua gloriosa Ascensão aos céus; oferecemos à tua gloriosa Majestade, de teus mesmos dons e dádivas, a Hóstia pura, a Hóstia santa, a Hóstia imaculada, o Pão santo da vida eterna, e o Cálice da salvação perpétua. Sobre estes dons te dignes lançar um olhar favorável e recebê-los benignamente, assim como recebestes as ofertas do justo Abel, teu servo, e o sacrifício de nosso patriarca Abraão, e o que te ofereceu o sumo sacerdote Melquisedec, santo sacrifício, Hóstia imaculada".
O sacerdote faz, depois, uma profunda reverência, humilhando-se diante de Deus, e continua: "Ó Deus onipotente, nós te suplicamos, com humildade profunda, que mandes levar estes dons pelas mãos de teu santo Anjo, a teu sublime altar, na presença de tua divina Majestade, para que todos nós que, participando deste altar, recebamos o sacrossanto Corpo e Sangue de teu Filho, fiquemos cheios de toda a graça e bênção celestial. Pelo mesmo Cristo, Nosso Senhor. Amém".
Ao "Memento" dos defuntos, o sacerdote ora, em primeiro lugar, por todos os fiéis defuntos, depois por todos aqueles em cuja intenção celebra ou que lhe foram recomendados, e acrescenta: "E também a nós pecadores, que esperamos na multidão de tuas misericórdias, te dignes dar alguma parte e sociedade com teus santos Apóstolos e Mártires: com João, Estevão, Matias, Barnabé, Inácio, Alexandre, Marcelino, Pedro, Felicidade, Perpétua, Águeda, Lúcia, Cecília, Anastácia, e com todos os santos, em cuja companhia te rogamos nos admitas generoso, não considerando nossos méritos, mas a tua indulgência. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém".
Em seguida, reza o "Padre-Nosso" por si, e acrescenta: "Livrai-nos, te rogamos, Senhor, de todos os males passados, presentes e futuros e, pela intercessão da gloriosa sempre Virgem Maria e de teus Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, de André e de todos os Santos, dá-nos benigno a paz em nossos dias; para que, ajudados com o socorro de tua misericórdia, vivamos sempre livres do pecado e seguros de toda a perturbação. Pelo mesmo Senhor nosso, teu Filho Jesus Cristo, que contigo vive e reina em unidade com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém".
Depois faz a fração da sagrada Hóstia, dizendo: "Esta mistura e consagração do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, aproveite-nos para a vida eterna. Amém". - Inclinando-se então profundamente, diz três vezes: "Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós ... dai-nos a paz".
Depois da "Comunhão", seguem-se algumas orações que o sacerdote reza por si, mas, antes de abençoar os fiéis, diz ainda: "Agradável vos seja, Santíssima Trindade, o obséquio de minha servidão, fazei que este Sacrifício, que eu, indigno, Vos ofereci, aos olhos de vossa Majestade, seja aceito por Vós, e por vossa misericórdia se torne propiciatório para mim e todos aqueles por quem o ofereci. Por Cristo Nosso Senhor. Amém".
Enfim, o sacerdote te abençoa em nome de Jesus Cristo e de sua Igreja para que estejas preservado do mal durante o dia.
Eis as orações que o ministro de Deus diz em teu favor. Simples na aparência, têm, todavia, uma maravilhosa eficácia, pois são inspiradas pelo divino Espírito Santo, compostas e sancionadas pela santa Igreja. O sacerdote não as diz em seu nome, porém em nome de Jesus Cristo e de toda a cristandade, da qual é o representante. Com efeito, a santa Igreja, isto é, todos os fiéis enviam o sacerdote como seu representante ao altar e o encarregam de seus pedidos, para que os exponha a Deus, durante a santa Missa, e trate da felicidade eterna e temporal de todos os fiéis e, em particular também, da libertação das almas do purgatório. As palavras deste sublime entretenimento acham-se ditadas e encerradas no missal pela própria Igreja; de maneira que, quando o sacerdote chega ao altar e se apresenta diante da divina Majestade, Deus não o considera mais como pecador, porém como embaixador da Igreja, como representante de seu Filho, do qual traz as vestes e as insígnias, e em nome do qual pronuncia as palavras da consagração: "Isto é o meu Corpo, isto é o meu Sangue". Nestas condições, sua oração vale junto a Deus tanto como a oração do próprio Jesus. E não somente ora o sacerdote, mas oferece também um dom, uma jóia de valor infinito: o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo. Este dom, Deus não o pode repelir, nem recusar ao sacerdote os piedosos pedidos. Unamos, pois, nossa fraca oração à do sacerdote e assim tornar-se-á mais eficaz, mais nobre e obterá o que nunca obteríamos sozinhos.
Talvez perguntes: Todas as santas Missas são igualmente boas? - Antes de responder, dizemos que deves bem distinguir entre o sacrifício e a piedade de quem o oferece. O sacrifício, sem dúvida, é igualmente santo e agradável a Deus, tanto do bom como do mau sacerdote, pois quem é oferecido, em todas as Missas, é o próprio Jesus Cristo. A celebração, isto é, a recitação das orações na santa Missa, porém, não é igualmente agradável a Deus em todas as Missas. Neste sentido, o maior ou menor agrado depende do fervor e da devoção do celebrante. O sacerdote bem o sabe e, por isso, pede em cada Missa, freqüentemente, a Deus as suas graças, e aos assistentes, que o ajudem com as orações, a fim de que seu sacrifício seja agradável a Deus onipotente. É o sentido do "Orate fratres": "Orai, irmãos", diz o sacerdote voltando-se para o povo, "para que o vosso sacrifício e o meu seja agradável a Deus onipotente".
São Boaventura escreve: "Todas as Missas são igualmente boas no que diz respeito ao divino Salvador, com relação ao celebrante, porém, há Missas melhores e menos boas".
O cardeal Bona acentua este pensamento, quando diz: "Quanto mais santo e agradável a Deus for o sacerdote, tanto mais agradável será o acolhimento reservado à sua oração e ao seu sacrifício e mais útil a sua Missa, porque se dá com a santa Missa o mesmo que se dá com as outras obras pias: os frutos obtidos são proporcionais ao fervor".
É certo que os Anjos estão presentes à santa Missa. A Igreja o afirma. O profeta real assim cantou: "Ordenou a seus Anjos que te guardem em todos os teus caminhos". Segue-se que os Anjos nos acompanham os passos. Quando, porém, nos dirigimos para o altar do Senhor, é, com mais alegria e maior satisfação, que desempenham o ofício, afugentando os maus espíritos que querem perturbar-nos a devoção, impondo-lhes silêncio ao cochichar dissipado que chamamos distrações. Há, pelo menos, o mesmo número de Anjos presentes à santa Missa quanto de pessoas, visto que cada assistente tem seu Anjo da guarda, ajudando-o a orar e adorar a Jesus Cristo sobre o altar. Pede, pois, ao teu que ouça a santa Missa por ti e contigo, e sua oração inflamada suprirá as misérias da tua.
Além dos Anjos da guarda, príncipes da milícia celeste estão, igualmente, presentes no altar, porque ao Rei dos Anjos, descendo do céu, em pessoa, convém que seus ministros rodeiem e lhe prestem homenagens.
Assistindo à santa Missa, podemos, pois, dizer a Deus com o rei David: "Adorar-vos-ei, em vosso santo tabernáculo, cantarei vossos louvores, na presença dos espíritos celestes, e bendirei vosso santo nome" (Sal. 137). Está, portanto, ajoelhado no meio destes espíritos puros que ouvem a santa Missa contigo e oram, ardentemente, por tua salvação.
"Lembra-te, ó homem, diz São João Crisóstomo, junto de quem te achas, durante este misterioso Sacrifício. Estás entre Querubins e Serafins, entre as Potências celestes. Comporta-te, pois, de modo a não entristecê-los com a tua impiedade, pelo contrário, regozija-os com o teu fervor".
Quando o sacerdote celebra o sublime e temível Sacrifício, os Anjos assistem-no e, com coro, elevam a voz para cantar a glória daquele que se imola sobre o altar. Neste momento, não oram somente os homens, mas os próprios Anjos dobram os joelhos ante Deus e intercedem por nós, e esta oração dos Anjos, é mais poderosa do que a nossa. É o tempo propício, pois o santo Sacrifício está ao dispor destas potências celestes. Entretanto, unidos os nossos rogos aos dos Anjos, os nossos pedidos atravessam as nuvens e são mais facilmente ouvidos do que se tivéssemos orando em casa, sozinhos.
Os Anjos não somente estão presentes à santa Missa, como também oferecem ao Altíssimo o santo Sacrifício e as nossas orações. São João viu-os nesta sublime função e no-lo refere assim: "Veio, então, o Anjo e pôs-se ante o altar, trazendo um turíbulo de ouro; lhe foram dados muitos perfumes, a fim de que fizesse a oferta das orações de todos os Santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus. E a fumaça dos perfumes, emanados das orações dos Santos, subiu da mão do Anjo até a presença de Deus" (Apoc. 8, 3 e 4).
Assim os Anjos apressam-se em recolher-te as orações durante a santa Missa, para leva-las ao céu e espalhá-las como perfume, em presença de Deus. E, se estas orações são unidas às de Jesus Cristo e às dos Anjos, seu perfume é infinitamente agradável à divina Majestade e tem uma eficácia muito maior, que todas as orações feitas fora da santa Missa. Novo motivo, pois, para assistires, todos os dias, ao santo sacrifício, onde tão poderosos Anjos te esperam e transmitem-te os votos a Deus, vivificando-os com os seus santos ardores.

XXIV. A SANTA MISSA NÃO PREJUDICA AO TRABALHO, ANTES O FAVORECE
Um dos principais pretextos alegados pelos homens, para dispensar-se da santa Missa, é o trabalho. Dia e noite a ele se entregam, lastimam a perda de tempo, se devem consagrar uma hora ao serviço de Deus, e qualificam de preguiçosos os que encaram, de modo sobrenatural, o emprego da vida. Que erro grosseiro é o destes insensatos!
Se encontram um amigo, quando vão para o trabalho, param de bom grado para ouvir novidades, conversam sobre isto ou aquilo; tratando-se, porém, de ouvir a santa Missa, a lembrança do trabalho os atormenta. Não vê que o inimigo é quem os torna tão apressados para as cousas da terra e tem grande interesse em afastar da santa Missa? Longe, porém, de prejudicar o trabalho, o santo Sacrifício o adianta e o torna mais lucrativo.
Nosso divino Mestre nos recomenda a procurar, antes de tudo, o reino de Deus e sua justiça, porque tudo o mais nos será dado por acréscimo. Estas palavras podem se interpretar assim: Não te inquietes do alimento corporal, porém, antes de principiar o trabalho, procura ouvir a santa Missa, ou pelo menos que um membro da família o assista em nome da família toda. Assim prestes a Deus, o culto que lhe é devido, e Deus, em troca, te dará o pão de cada dia.
Se prestares um serviço importante e agradável a um príncipe deste mundo, não serás recompensado? Ora, assistindo à santa Missa, rendes a Deus uma homenagem relevante, uma glória infinita, uma incomparável satisfação: ofereces um presente mais precioso que o próprio céu. O Senhor, riquíssimo e bondosíssimo, deixaria este ato sem recompensa? Jamais! Se todo e qualquer bem é recompensado por Ele, quanto mais o maior de todos os bens!
Sim, a santa Missa é o tesouro de que fala o livro da Sabedoria: "É um tesouro inestimável para os homens; os que nele têm parte gozam da amizade de Deus". É uma mina donde se extrai o ouro terrestre e o celeste. O que assiste a este Sacrifício, sai enriquecido dos méritos de Jesus Cristo, cumulado de bênçãos do Pai celeste: a bênção da santa Missa é, ao mesmo tempo, temporal e espiritual, assim como vemos pela oração que se segue à consagração: ... "para que todos, participando deste altar, recebendo o sacrossanto Corpo e Sangue de teu Filho, fiquemos cheios de toda a graça e bênção celestial".
Em virtude desta oração e do santo Sacrifício, és abençoado em teu corpo e tua alma, em tuas empresas e teus trabalhos.
Todos reconhecem a verdade do velho provérbio: "Tudo depende da bênção de Deus". Por maiores que sejam o zelo e a habilidade do homem no trabalho, sem a mão de Deus, não frutificará. Ora, não há meio mais eficaz neste mundo, de atrair os favores celestes, do que a piedosa audição da santa Missa. Numa visão, Santa Brígida viu o divino Salvador que, depois da elevação da sagrada Hóstia, traçava com a mão direita o sinal da cruz sobre o povo, dizendo: "Eu vos abençôo a vós todos que credes em mim". - Avalia, pois, o prejuízo, mesmo no teu trabalho, se, podendo assistir à santa Missa, por descuido, lhe perderes as graças abundantes.
Não digas, caro leitor, que a santa Missa de pouco serve, materialmente falando. Pois, só a ignorância pode afirmar isto e não duvidamos de que a leitura deste livro te iluminará a inteligência e te fará apreciar o valor e eficácia do santo Sacrifício dos nossos altares. "No dia em que ouvires a santa Missa, diz Fornero, bispo de Hebron, teu trabalho andará melhor, tuas penas serão mais aliviadas, tua cruz menos pesada". "O Senhor te fortificará no corpo e na alma, acrescenta outro autor de vida espiritual, os Anjos te cercarão mais afetuosamente e, se vieres, neste dia, a morrer, Jesus te assistirá no último momento, como o assististe pela manhã na santa Missa".
A audição da santa Missa favorece o trabalho; nossa própria experiência no-lo testemunha.
Lemos, na vida de Santo Isidoro, que cultivava as terras de um rico senhor. Entregava-se ao trabalho com todo o zelo possível, sem, todavia, faltar à santa Missa um dia. Sua devoção agradou de tal modo ao bom Deus, que Ele mandou que os Anjos ajudassem-no nos trabalhos campestres. Quando sua esposa lhe levava a refeição, via, não raras vezes, dois Anjos trabalhando ao lado de Isidoro. Este não os via e a piedosa mulher nada dizia, com receio de incitá-lo ao orgulho.

XXV. DA MANEIRA DE OFERECER A SANTA MISSA E DO VALOR DA OBLAÇÃO
Caro leitor, lê neste capítulo com grande atenção; grava-o, profundamente, em tua memória, segue os conselhos que encerra e tirarás, do santo Sacrifício, imenso proveito.
Já ficou dito que a santa Missa, único sacrifício do cristianismo, é um ato de adoração, uma oferta divina. O grande Sacerdote, o verdadeiro Sacrificador, é Nosso Senhor Jesus Cristo. Depois dele vem o celebrante, o instrumento que lhe empresta as mãos e a boca. Em terceiro lugar, vêm os assistentes, que mandam celebrar a santa Missa, os que oferecem os objetos necessários ao culto, enfim, todos os que, impedidos por ocupações de assistir, se unem, espiritualmente, aos assistentes. Todos oferecem, em certo sentido, a divina Vítima e participam dos frutos desta preciosa oferta. Sem a oblação do divino Sacrifício nem mesmo ouvirias a santa Missa como deves: porque ouvir a Missa não é somente assistí-la, é oferecer o Sacrifício em união com o sacerdote e pelas mãos do sacerdote. Por conseguinte, os fiéis que, na santa Missa, se entregam a toda sorte de devoções particulares, sem se ocuparem da oblação do santo Sacrifício, privam-se de um número infinito de graças.
Não acharás, certamente, inútil que te expliquemos, minuciosamente, a maneira de oferecer a Deus o santo Sacrifício.
Supõe que uma pessoa recite, devotamente, muitos terços, oferecendo-os a Jesus Cristo e à sua Santíssima Mãe, enquanto outra pessoa assiste a uma só Missa, oferecendo-a. Qual das duas, pensas, dará mais e será, mais profusamente, recompensada? Sem dúvida, a segunda. Pois, que oferece a primeira? Uma prece, muito santa, ensinada, na maior parte, por Jesus Cristo e por seu Anjo, mas que tem todo o valor da piedade pessoal da pessoa que reza, e fica, por conseguinte, muito imperfeita. Que se oferece, porém, na santa Missa? Um dom absolutamente sobrenatural, perfeitíssimo, divino: o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, suas lágrimas, sua morte, seus méritos.
Dir-me-ás, talvez: A pessoa que oferece os terços oferece um dom que ela própria adquiriu, ao passo que, na santa Missa, oferecem-se méritos que pertencem a Jesus Cristo. Afirmamos, porém, de novo: Aquele que oferece a santa Missa, oferece um bem próprio, porque, pelo Sacrifício não cruento da santa Missa, recebem os frutos do Sacrifício cruento na Cruz.
Que imenso favor, pois, é aquele com que o Senhor te enriquece, quando, na santa Missa, te constitui, espiritualmente, sacerdote e te concede o poder de oferecer a Deus, seu Pai, segundo a maneira dos sacerdotes, não só por ti, como pelos outros. É neste sentido que o celebrante diz depois do "Sanctus": "Lembrai-vos, Senhor, dos vossos servos e servas e de todos os circunstantes, pelos quais vos oferecemos, e eles mesmos vos oferecem este sacrifício de louvor por si e por todos os seus amigos, benfeitores, vivos e mortos".
Para esta cooperação, o sacerdote já convidou os fiéis no "Orate fratres", dizendo: "Orai, meus irmãos, para que meu sacrifício, que é também o vosso, seja agradável a Deus Padre todo poderoso".
Em outras palavras: Este sacrifício vos pertence tanto quanto a mim, é tanto obra vossa quanto minha; peço-vos que me ajudeis a oferecê-lo.
Depois da "Elevação do cálice", o sacerdote diz: "Portanto, Senhor, nós, teus servos e teu povo santo, oferecemos à tua gloriosa Majestade, de teus mesmos dons e benefícios, esta Hóstia pura, Hóstia santa, Hóstia imaculada. Pão santo da vida eterna, Cálice da salvação perpétua".
Tua cooperação pela oblação é, pois, muito real, o celebrante conta com ela. Se não lhe aceitares o convite e não unires a voz e o coração à sua ação, engana-lo-ás em sua expectativa e a ti mesmo, privando-te do benefício da oblação. "Aqueles, diz o bispo Fornero de Hebron, que deixam de oferecer a santa Missa por si e pelos seus, privam-se dum imenso benefício". É, pois, igualmente um ato de injustiça para contigo mesmo faltar à Missa ou não oferecê-la quando a assistires. O oferecimento é a melhor das práticas; quanto mais o renovares, mais alegrarás o céu, maior número de dívidas pagarás, maior glória futura adquirirás. Dizer a Deus: Eu te ofereço, significa na Missa: Eu te pago, com o ouro dos merecimentos de Jesus Cristo, o resgate de meus pecados, os bens celestes, o livramento das almas do purgatório.
É verdade que se pode dizer, fora da santa Missa, a qualquer hora e com muita vantagem: "Senhor, eu te ofereço o caro Filho, te ofereço sua dolorosa Paixão e Morte, seus méritos". Entretanto, esta oblação não é senão espiritual, enquanto que, na santa Missa, é real. Aí Jesus Cristo está, realmente, presente e com ele suas virtudes e seus méritos; aí se imola de novo e renova sua Paixão e sua Morte, nos dá seus méritos, a fim de que os ofereçamos a seu Pai celeste.
Santa Mechtildes ouviu, uma vez, durante a santa Missa, Nosso Senhor lhe falar desta forma: "Concedo-te meu amor divino, minha oração e minha Paixão, a fim de que possas mas oferecer por tua vez. Dai-mas, eu tas restituirei multiplicadas, e, toda vez que mas ofereceres, novamente as duplicarei. É assim que o homem recebe o cêntuplo no tempo e uma glória infinita na eternidade" (Lib. Revelation I, cap. 14).
Entre todas as orações da santa Missa, diz Sanchez, nenhuma é mais consoladora do que a que se segue à elevação do cálice, quando o sacerdote oferece ao Pai celeste o "Cordeiro" imaculado, dizendo: "Senhor, nós, que somos vossos servos e vosso povo santo, oferecemos à vossa sublime Majestade a Hóstia pura, a Hóstia santa, a Hóstia imaculada, etc.". Chama o povo, isto é, os assistentes, santos, porque são santificados pela santa Missa, conforme a palavra de Jesus Cristo: "Eu me santifico por eles, a fim de que sejam santificados na verdade" (Jo. 22, 19).
Ele os santifica pela "aspersão do sangue divino", como diz o Apóstolo São Paulo (Heb. 13, 12).
Quão preciosa é a Hóstia pura, santa, sem mácula! É a carne puríssima, a alma santíssima, o sangue imaculado de Jesus! A que pode se comparar esta oferta, se a terra inteira não é senão um grão de poeira ao seu lado! Que dizemos? A imensidade do céu nada contém de mais precioso. O que dás ao Deus onipotente, oferecendo esta Hóstia, é o dom perfeitamente digno de sua Majestade infinita, é seu Filho com sua humanidade santa, é o próprio Deus!
Se todos os súditos de um monarca poderoso oferecessem a seu soberano, em testemunho de seu amor e fidelidade, por embaixadores escolhidos, uma taça artística do ouro mais puro, ornada de pedras preciosas de inestimável valor, a satisfação e o reconhecimento do príncipe seria, sem dúvida, muito grande. Se porém, esta taça contivesse uma jóia do valor de um reino, a admiração e alegria do rei seriam ainda mais profundas. Na santa Missa, porém, oferecemos ao Altíssimo a humanidade de Jesus Cristo, isto é, o que sua mão onipotente criou de mais excelente e mais sublime. Eis a taça preciosa; a jóia de um valor incomparável que encerra, é a divindade do Salvador; é nele que "reside a plenitude da divindade" (Col. 2, 9).
Propriamente falando, não é a divindade, mas a humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo que oferecemos à adorável Trindade; as duas naturezas, porém, são estreitamente unidas, e nunca realmente separadas, de sorte que as oferecemos juntas. Que satisfação para o Pai eterno quando recebe de tuas mãos este dom incomparável, aquele do qual disse: "É meu Filho predileto em quem pus todas as minhas complacências!" (Mt. 3, 17). Avalia a recompensa que te espera em troca, e a soma de dívidas que pagas por esta preciosa oferta.
Henrique I, rei da Inglaterra, ouvia, todos os dias, três Missas, ajoelhado ao pé do altar. Chegado o momento da consagração, aproximava-se do celebrante e sustentava-lhe os braços durante a elevação do Corpo e Sangue de Nosso Senhor. Era a maior consolação do piedoso monarca. Se houvesse ainda este piedoso costume, qual não seria a tua pressa em tomar lugar junto ao sacerdote! Deus se contenta, porém, com teu desejo, dize-lhe somente do íntimo do coração: "Senhor, ofereço-vos vosso caro Filho pelas mãos do sacerdote". Deus muito bem saberá interpretar-te a intenção.
A oferta da santa Hóstia é preciso unir a do preciosíssimo Sangue. É um meio excelente de salvar as almas. Lê-se, na vida de Santa Maria Madalena de Pazzi, que o próprio Senhor a instruíra neste assunto, fazendo-lhe conhecer quanto a oferta de seu precioso Sangue é própria para apaziguar a cólera de Deus. O divino Salvador se queixava do pequeno número dos que trabalham para acalmar a Justiça de seu Pai celeste, e exortava a santa a aplicar-se a isto. Desde então, ela oferecia o preciosíssimo Sangue até cinqüenta vezes por dia, pelos vivos e pelos mortos; e seu celeste Esposo lhe mostrou, muitas vezes, as almas que tirava do purgatório por este meio.
"Quando ofereces o precioso Sangue ao Pai celeste, diz a mesma Santa, lhe ofereces um dom tão agradável, que ele se reconhece teu devedor". Como efeito, que haverá, no céu e sobre a terra, que iguale, em valor, o precioso Sangue, do que diz São Tomás de Aquino, uma só gota vale mais que um mar de Sangue dos Mártires; do qual uma só gota seria assas poderosa para purificar o mundo de todos os pecados. Por conseguinte, se, em troca da oferta do precioso Sangue, Deus te concede o céu, não te retribui um bem de igual valor.
Se tivesses presenciado a crucificação do divino Salvador e recolhido o Sangue adorável que lhe corria das chagas sagradas, e tivesses elevado este precioso Sangue ao céu, implorando misericórdia para ti e para o gênero humano, o Pai celeste ter-se-ia enternecido, sem dúvida; todos os teus pecados teriam sido perdoados. Ora, é isto que fazes quando, durante a santa Missa, ofereces o precioso Sangue ao Deus altíssimo.

XXVI. COMO PODEMOS PARTICIPAR DOS FRUTOS DE VÁRIAS MISSAS QUE, AO MESMO TEMPO E NA MESMA IGREJA, SE CELEBRAM
Já explicamos como todos os sacerdotes oram e oferecem o santo Sacrifício na intenção dos assistentes. É, pois, vantagem considerável achar-se numa igreja onde se celebram grande número de Missas de uma vez. Se celebrar um só sacerdote, terás uma única oração, havendo mais, teu proveito espiritual aumentará.
Ora, para tirar proveito de várias Missas celebradas no mesmo tempo, é preciso cooperar para cada uma numa certa medida. Não dizemos seguir várias Missas ao mesmo tempo, isto seria impossível; aconselhamos simplesmente seguir uma, com toda a atenção possível, e recomendar-se às outras, dizendo: "Meu Deus, oferece-vos também este Sacrifício que vai se cumprir". Quando vires, porém, em outro altar, levantar-se a Hóstia consagrada e o Cálice, adora o divino Salvador e oferece-o ao Pai celestial.
Dir-me-ás talvez: Se me entregar a esta prática, ela me impedirá de seguir e satisfazer minhas devoções quotidianas. - Escuta esta parábola: Um vinhateiro, trabalhando na sua vinha, achou um tesouro. Levou-o para casa, muito escondidamente, e voltou ao trabalho. Ao cabo de algumas horas, descobriu outro tesouro que levou por sua vez para casa. Enfim, sua enxada encontrou um terceiro, levou-o, correndo, e anunciou sua felicidade à sua mulher. "Como, lhe disse esta muito admirada, tomas isto por felicidade? É uma verdadeira infelicidade, porque, se continuares assim, nunca tua vinha será cultivada e não haverá colheita". O marido sorriu a este raciocínio, e disse: "Queira Deus que continue a achar tesouros semelhantes e pouco me importa que haja ou não uvas!"
Aplica ao caso o sentido da parábola e verás que a oblação reiterada de Cristo, no altar, é incomparavelmente, mais útil que outra.
Nota ainda isto: Quando entras numa igreja e vês que a santa Missa se acha depois da consagração, faze, todavia, a oblação de nosso Senhor até que o sacerdote consuma as santas espécies. Desta maneira te tornarás participante de muitas e grandes graças. Se no momento em que entras, vês dois sacerdotes consagrarem, ao mesmo tempo, faze o teu ato de adoração na intenção de oferecer Jesus presente sobre os dois altares. Não é preciso, para assistir à santa Missa, ver o celebrante. Basta ser advertido pelo toque da campainha. Não deixes a igreja, imediatamente, antes da consagração, espera que Jesus apareça, adora-o e pede-lhe a bênção.
Na vida de Santa Isabel, rainha de Portugal, refere-se o seguinte: Um príncipe da corte real, estando para morrer, disse ao filho: "Meu filho, deixo este mundo na esperança da Misericórdia divina. És o único herdeiro de minhas posses; porém, antes de tudo, deixo-te esta recomendação: ouve a santa Missa todos os dias e sê fiel a teu rei".
Depois da morte do pai, o jovem veio à corte real como pajem de honra da rainha Isabel. Ela o estimava muito, por causa da sua piedade, dava-lhe sábias instruções e empregava-o, muitas vezes, na distribuição de suas esmolas, testemunhando-lhe um interesse materno. Havia, na corte, outro pajem de costumes maus. Este, invejoso do favor de que gozava o colega, caluniou-o junto ao rei da maneira mais odiosa. O rei, que levava uma vida desregrada, acreditou facilmente no que lhe havia referido o pajem mau e jurou a morte do inocente.
Um dia que passeava montado, nos arredores de sua capital, meditando sobre o modo de vingança, avistou ao longe uma caeira em atividade. Seu plano foi, então, determinado: vai diretamente ao dono da caeira e lhe dá ordem de lançar nela o pajem da corte que havia de vir, no dia seguinte, pela manhã, perguntar se as ordens do rei havia sido executadas.
Ao voltar a seu palácio o rei, mandou vir o pajem, tão injustamente caluniado, e ordenou-lhe que fosse, no dia seguinte, muito cedo, à caeira, informar-se da execução das ordens reais. O jovem partiu, ao romper do dia, tristonho de não poder ouvir Missa antes de sair e receando não poder assistí-la neste dia. No caminho, encontrou uma igreja, onde se dava justamente o sinal da consagração. Entrou, pois, adorou Cristo, Nosso Senhor, e ofereceu-o a Deus por sua salvação eterna e temporal. Terminado a santa Missa, saiu contente por ter podido ouvir uma parte importante da santa Missa.
Instantes depois, achava-se diante de outra igreja, onde tocavam igualmente à consagração, o que lhe causou nova alegria. Também nesta entrou e cumpriu a sua devoção, recomendada por seu pai moribundo, mas demorou-se um só instante, porque as ordens do rei eram apressadas. Aconteceu, entretanto, que o caminho o conduzisse a terceira igreja. O sino tocava e o pajem entrou ainda esta vez, para adorar Nosso Senhor. Sua devoção foi tão grande, que ficou até o fim da santa Missa.
No entanto, o rei ardia por saber se sua obra de vingança fora consumada. Por isso, mandou o outro pajem à caeira informar-se da execução de suas ordens. Este espreitava a ocasião de satisfazer a inveja, e, sabendo perfeitamente o que isto significava, partiu alegre e ligeiro. Chegando, fez logo a pergunta ao caeiro. Mas, oh terror, foi preso, e apesar de sua resistência e de seus protestos, foi precipitado na fornalha ardente.
Pouco depois, apareceu também o pajem inocente. Cumpriu a sua mensagem, recebeu a resposta que tudo se fizera como o monarca havia mandado, e, voltou, sem suspeitar a visível proteção que a divina Providência acabava de testemunhar-lhe.
Ao ver o mancebo e ouvir-lhe as palavras, o rei compreendeu que o acusador tinha sofrido a pena de fogo, humilhando-se no coração perante Deus, protetor da inocência.
Os que se acham na impossibilidade de assistir à santa Missa, devem, pelo menos, dizer: "Meu Deus, deixai-me compartilhar dos frutos preciosos de todas as Missas que se celebram, hoje, em todo orbe católico. Oxalá, possa eu aproximar-me do altar e oferecer com o sacerdote, o Cordeiro Imaculado!" - Deus lhes abençoará a boa vontade e lhes concederá o que pedirem, segundo o grau de sua caridade.
Não é verdadeiramente consolador para os doentes e pessoas que moram muito longe da igreja, poder, unindo-se espiritualmente ao santo Sacrifício, participar de seus méritos? Aproveitemos, pois, todas as ocasiões para pedir aos sacerdotes que se lembrem de nós no altar do Senhor. É a mais preciosa de todas as lembranças. Eis como fala um piedoso autor: Tendes grande motivo de felicitar-vos, quando um sacerdote vos promete seu "Memento" à santa Missa. Deveríeis recomendar-vos a todos os sacerdotes conhecidos. Deste modo, teríeis, por assim dizer, outros tantos tesoureiros que vos abrissem a tesouraria de Nosso Senhor Jesus Cristo.


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