Possuís um poderoso instrumento para fazer o Bem. Sede conscientes das indizíveis alegrias que alcançais para os outros, quando lhes revelais os mistérios da natureza, bem como as suas harmonias secretas: os corações e os olhares dos que vos ouvem estão como que suspensos da vossa palavra, prontos a cantar um hino de louvor e de acção de Graças.»
Mas a Criação em si mesma é boa, possuindo até uma santidade ontológica, na exacta medida em que saiu das mãos de Deus, sem intermediário algum. Todas as naturezas, com os seus acidentes, enquanto tais, só podem ser verdadeiras e boas, em sentido positivo, embora umas mais do que as outras, conforme reflectem contingentemente as perfeições infinitas de Deus. O mal não é ser, mas privação qualificada de ser. A vida, enquanto tal, constitui um Dom de Deus, mesmo na Ordem Natural, infinitamente mais na Ordem Sobrenatural, na medida em que pela elevação operada pela Graça somos como que recriados; já não somos apenas uma imagem de Deus, PARTICIPAMOS DA VIDA ÍNTIMA DA SANTÍSSIMA TRINDADE.
Os papas, sobretudo nos últimos duzentos anos, têm vindo incessantemente anatematizando “uma falsa ciência,”que em todos os planos da existência procura arruinar os alicerces mesmos da Religião Católica.
A chamada psicanálise constitui, em concertação com o evolucionismo e o marxismo, uma das grandes peças de artilharia pesada com que os inimigos históricos da Santa Madre Igreja vêm tentando abatê-la, perante a indiferença da grande massa mimético-nominalista.
Não se deve confundir psicanálise com psiquiatria, visto ser perfeitamente possível e desejável uma psiquiatria Católica, como especialidade séria de uma Medicina Católica. A Santa Madre Igreja nunca proibiu que os sacerdotes e religiosos consultassem psiquiatras católicos, mas interditou sempre qualquer contacto com psicanalistas.
Mas a psicanálise, por definição, NUNCA PODE SER CATÓLICA, pois que os seus fundamentos e os seus métodos são ESTRITAMENTE MATERIALISTAS. Para a psicanálise todos os processos mentais da inteligência e da vontade são puramente fisiológicos, constituindo símbolos de uma energia psico-fisiológica de base (a libido), que para se escoar, se tem de traduzir numa série de fenómenos mentais (e não apenas sexuais), que uma vez socializados, edificam a cultura numa determinada sociedade. Neste quadro conceptual, para a psicanálise, todas as actividades, religiosas, espirituais, morais, e culturais, não passam de acções e reacções puramente materiais, redutíveis às propriedades físico-químicas da matéria. E o funcionamento do cérebro é concebido segundo regularidades, económicas, tópicas, e dinâmicas, com que a referida libido é administrada. A acção “terapêutica” psicanalítica consistirá então em implementar uma estrutura psíquica que equilibre essa energia fundamental da libido, quer com as necessidades da vida pessoal do “doente,” quer com as exigências sociais; mas para isso terá de inspeccionar e como que proceder à autópsia mental de toda a vida do indivíduo, ao longo de vários anos, por vezes muitos anos, e por isso se afirma que não vale a pena um indivíduo submeter-se à psicanálise depois dos cinquenta anos, porque já não disporia de tempo para gozar dos benefícios da “cura”.
A Santa Madre Igreja, no seu Sagrado Magistério, que é igualmente infalível no terreno filosófico, ensina-nos que o Homem é um animal racional e não um espírito encarnado, e que a união da alma e do corpo é realizada nas próprias naturezas, sendo que o físico e o espiritual se encontram plenamente hierarquizados, mas também plenamente fundidos. Por isso o homem mortal, na sua vida mental, pode ascender ao cume da espiritualidade, mas também descer à materialidade psíquica; mas por mais que suba, nunca pode prescindir completamente da materialidade do seu corpo; e por mais que desça, nunca pode prescindir completamente da espiritualidade da sua alma.
Segundo a Filosofia Católica, existe no Homem, como animal racional, algo que lhe advém da sua natureza material, que constitui uma energia biológica, que se denomina – MÓBIL, QUE É CONSTITUTIVO DOS APETITES SENSÍVEIS DO CONCUPISCÍVEL E DO IRASCÍVEL; Embora o fundamento do pensamento, das decisões, e das acções do Homem, resida na alma espiritual (COM AS SUAS FACULDADES DA INTELIGÊNCIA E VONTADE), QUE LHE CONFEREM O MOTIVO, o homem mortal, síntese cosmológica perfeita de toda a Criação – visto que o Anjo, embora ontològicamente muito superior ao Homem, no seu ser espiritual, NÃO PODE TER CONTACTO DIRECTO COM O SINGULAR SENSÍVEL – o homem mortal necessita dessa energia biológica para agir; se essa energia (ou MÓBIL) é excessiva em função do MOTIVO, resulta daí que o homem age e reage tendencialmente como um animal, preferencial ou exclusivamente sustentado pelo irascível e concupiscível, e nalguns casos patológicos será inimputável; se, pelo contrário, existe um deficit de móbil em função de um motivo moralmente recto, o homem ficará como que paralisado, e então, nalguns casos, legìtimamente bebe, para conseguir auferir a energia de móbil, na dose exacta que lhe está faltando para a consecução do motivo, que lhe é ditado pela sua consciência racional.
Neste enquadramento, compete à esfera racional do Homem governar a esfera sensível, pela qual é, inteiramente, responsável perante Deus, pois que o concupiscível e o irascível submetem-se, ou devem submeter-se, rigorosamente, à razão espiritual, e esta a Deus, na Ordem Natural e na Ordem Sobrenatural. A psicanálise desconhece totalmente esta hierarquia, e por isso apresenta-nos um Homem, QUE NÃO É HOMEM, mas um aglomerado físico-químico de forças cegas, que se impõem por si mesmas, num fluxo que só pode conduzir à droga e à eutanásia. O próprio Freud terá solicitado eutanásia, em virtude do cancro doloroso de que padecia; e os psicanalistas são todos (coerentemente) favoráveis à eutanásia.
A nunca suficientemente amaldiçoada Igreja conciliar aceitou a psicanálise, tal como aceitou as teorias da evolução e as teorias marxistas, E PIOR AINDA, NOS DOCUMENTOS CONCILIARES PRESCREVE-SE QUE O CLERO E OS RELIGIOSOS ASSIMILEM OS PROGRESSOS REALIZADOS NA SOCIOLOGIA E NA PSICOLOGIA.
Evidentemente, que em todas as épocas sempre teve que existir uma fina-flor eclesiástica que tomasse conhecimento directo das novas heresias que iam aparecendo, PARA MELHOR E MAIS EFICAZMENTE AS REFUTAR E EXTINGUIR. Todavia o objectivo da maldito concílio era, premeditadamente, não de que o clero e religiosos tomassem um conhecimento, crítico, e prèviamente condenado pela autoridade eclesiástica, de novas doutrinas heréticas deste pobre mundo, MAS QUE AS ASSIMILASSE, E ASSIMILANDO-AS, CONCLUÍSSEM PELA INUTILIDADE DA SUA VOCAÇÃO – ABANDONANDO O CONVENTO, OU AS PARÓQUIAS, PELO SEU PRÓPRIO PÉ, O QUE POUPARIA, COMO POUPOU, IMENSO TRABALHO À MAÇONARIA INTERNACIONAL.
Uma das armas mais inclementes, e socialmente letais, que os modernistas e maçons utilizam contra os defensores da Sagrada Tradição Católica, e que inclusivamente foi esgrimida contra Monsenhor Lefebvre, é precisamente insinuarem que os defensores da Fé são mentalmente doentes ou esclerosados, ou de alguma maneira grandemente deficitários no plano intelectual. O método não é novo, foi usado na antiga União Soviética, e poupa igualmente muito trabalho à maçonaria: Efectivamente, quem é que vai perder tempo a refutar um doente mental?
Nada disso nos deve preocupar excessivamente: se Nosso Senhor Jesus Cristo está por nós, se Lhe formos fiéis, a Sua Graça, os benefícios infinitos dos Seus Mandamentos, os Dons do Espírito Santo, tudo contribuirá para aquela felicidade Sobrenatural, para aquela felicidade que não é deste mundo, e que ninguém, absolutamente ninguém, nos poderá arrebatar.
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