E entre a multidão dos escolhidos, receberá louvores, e entre os benditos será bendita".
Santa Missa na oitava do Sagrado Coração de Jesus; Epistola de São Paulo aos Efésios: “A mim, o menor de todos os santos, foi dada a graça de anunciar aos gentios a incalculável riqueza de Cristo, e de manifestar a todos qual seja a comunicação do mistério que esteve escondido desde o princípio dos séculos em Deus, que tudo criou para que a multiforme Sabedoria de Deus seja manifestada por meio da Igreja, aos principados e potestades nos Céus conforme a determinação eterna que Ele executou em Jesus Cristo nosso Senhor, no qual temos segurança e acesso a Deus com confiança por meio da fé em Cristo. Por esta causa dobro os meus joelhos diante do Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a grande família que está nos Céus e na Terra toma o Nome, para que segundo as riquezas da Sua glória nos conceda sejais corroborados em virtude, segundo o homem interior, pelo seu espírito e que Cristo habite pela fé nos vossos corações de sorte que arraigados e fundados na caridade, possais compreender com todos os santos, qual seja a latitude e a longitude e a altura e a profundidade do amor de Cristo para com os homens; e conhecer também aquele amor de Cristo, que excede toda a ciência, para que sejais cheios de toda plenitude dos dons de Deus.” (Ef 3, 8-19)
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Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
Escutemos a Sagrada Escritura, em passagens do Livro do Eclesiástico:
«A Sabedoria fará o seu próprio elogio, e se honrará em Deus, e se gloriará no meio do seu povo, e abrirá a sua boca na assembleia do Altíssimo, e se gloriará diante dos seus exércitos, e será exaltada no meio do seu povo, e admirada na assembleia dos santos. E entre a multidão dos escolhidos, receberá louvores, e entre os benditos será bendita, e dirá:
Eu saí da boca do Altíssimo, a primogénita antes de todas as criaturas. Eu fiz com que nascesse no Céu uma luz inextinguível, e como uma névoa cobri toda a Terra. Eu Habitei nos lugares mais altos, e o meu Trono é sobre uma colina de nuvem. (…)
Eu fui criada desde o princípio e antes dos séculos, e não deixarei de existir em toda a sucessão das idades, e exerci diante dele o meu ministério na morada santa. EU FUI ASSIM FORMADA EM SIÃO, E REPOUSEI NA CIDADE SANTA, E EM JERUSALÉM ESTÁ O MEU PODER. Tomei raízes no meio num povo glorioso, e nesta porção do meu Deus, que é a Sua herança, e na assembleia dos santos, estabeleci a minha assistência.
Eu sou a mãe do amor formoso, e do temor, e da ciência, e da santa esperança. Em mim há toda a Graça do caminho e da verdade, em mim toda a esperança da vida e da virtude. Vinde a mim todos os que me desejais, e enchei-vos dos meus frutos; porque o meu espírito é mais doce do que o mel, e a minha herança mais suave do que o favo de mel. A MINHA MEMÓRIA DURARÁ POR TODA A SÉRIE DE SÉCULOS.»
(ECLESIÁSTICO 24)
É pelo Dom da Sapiência que a alma peregrinante neste mundo é beneficiada com os mais elevados voos Sobrenaturais que podem ser facultados a um mortal. O Dom da Sapiência acrisola a virtude da Caridade; pois que nos Dons, Deus Nosso Senhor deposita, Ele mesmo, nas nossas faculdades, as intelecções e volições puramente Sobrenaturais, substituindo-se a nós no exercício de certos actos da inteligência e da vontade, produzindo-os em nós, sem nós; pelo que a alma não tem mais do que acolhê-los, dispondo para isso de hábitos receptivos, que lhe são conferidos com a Graça Santificante. Por isso, os Dons levam-nos mais perto de Deus do que as Virtudes, mas por outro lado, os Dons são menos nossos do que as mesmas Virtudes que por eles devem ser nutridas.
Pela Sapiência nós contemplamos e adoramos a Deus Uno e Trino, com uma clareza especialíssima, COMO O ÚNICO NECESSÁRIO, POIS QUE SUPERANDO INFINITAMENTE TUDO – TUDO EXPLICA, TUDO ILUMINA, TUDO ELEVA. A Sapiência habilita-nos, a nós mortais, a de algum modo, saborear o Infinito na Eternidade.
Quando pensamos Sobrenaturalmente em Deus, se formos profundos, compreendemos que existe uma desproporção essencial entre o conceito formal representativo da realidade Divina no nosso pensamento, E A PRÓPRIA REALIDADE DIVINA.
É certo que se o nosso pensamento for Sobrenatural, a espécie, ou conceito inteligível, É TAMBÉM SOBRENATURAL, E PARTICIPA FORMALMENTE DA INTELIGÊNCIA DIVINA, MAS É UMA ESPÉCIE INTELIGÍVEL CRIADA. Mesmo sob o influxo dos Dons do Espírito Santo, a espécie inteligível representativa da realidade Divina, é ainda criada, MAS PRODUZIDA POR DEUS NAS NOSSAS FACULDADES, O QUE DIMINUI MUITO A DESPROPORÇÃO ESSENCIAL ATRÁS REFERIDA.
Aqui reside a razão profunda, pela qual, na virtude da Caridade, nós podemos e devemos afirmar que amamos a Deus sobre todas as coisas; MAS NÃO PODEMOS AFIRMAR QUE AMAMOS A DEUS COM AMOR INFINITO. Todavia, no Dom da Sapiência, nós já podemos afirmar com toda a propriedade que DEUS É INFINITAMENTE BOM, pois aqui o Objecto nos é facultado com a máxima pureza, na exacta medida em que a espécie representativa Sobrenatural nos é facultada directamente pelo próprio Deus.
No plano filosófico, é extremamente fecundo verificar como no encontro TRANSCENDENTAL das nossas faculdades com o seu objecto próprio, HÁ UMA IRRADIAÇÃO, TAMBÉM TRANSCENDENTAL, QUE PARTE DO SUJEITO, E UMA IRRADIAÇÃO, TRANSCENDENTAL, QUE PARTE DO OBJECTO. Na vida contingente não nos damos conta de realidades desta natureza, PRECISAMENTE PORQUE, ENTÃO, AS NOSSAS FACULDADES NÃO ESTÃO SENDO DIRECTAMENTE MEDIDAS POR DEUS NOSSO SENHOR, NA SUA ASSEIDADE, NA SUA INFINITUDE. Só na Eternidade, na vida perfeitíssima com Deus, a Essência Divina constituirá, na nossa inteligência, a Espécie Incriada e a Luz Infinita, na qual se processará a visão de Deus.
É oportuno aqui abordar agora a questão da prova chamada ontólogica da existência de Deus, propugnada por Santo Anselmo (1033-1109), São Boaventura (1218-1274) e Duns Escoto (1265-1308), e pelo menos aparentemente refutada por São Tomás (1225-1274). Pretende tal prova operar sòmente sobre o próprio conceito de Deus, para ulteriormente daí concluir a Sua existência real.
Cumpre assinalar, que os Anjos, quer bons, quer maus, em virtude da sua constituição ontológica, lêem intuitiva e imediatamente, na transparência da sua espiritualidade, o ser de Deus; e isto independentemente das suas próprias ideias infusas, representativas do mundo sensível.
No homem, animal racional, o conhecimento intelectual depende, ordinàriamente, da mediação do raciocínio. Na Ordem Natural, as cinco vias tomistas hierarquizam mediatamente, indutivamente, os dados da experiência com o princípio da razão suficiente, concluindo, quer PELO CONCEITO DE DEUS, quer pela existência de Deus. Quer dizer: O processo indutivo gera o conceito, inseparável da existência do Ser Supremo, porque, em última análise, o conceito perfeito de Deus é indissociável da asserção da sua existência. Só que operando na Ordem Natural, a mediação do raciocínio, como que ofusca tal realidade. Já na Ordem Sobrenatural, a Luz da Graça, irradia uma profundidade conceptual, imediata e intuitiva, que nos ministra com muito mais clareza o conceito perfeitíssimo de Deus como indissociável da afirmação, não da Sua existência, mas do Seu Ser.
O ateísmo resulta do facto, moralmente imputável, do conceito de Deus ser grosseiramente defeituoso. Santo Anselmo, num golpe de génio, neste caso, foi mais longe do que São Tomás; tal como São Boaventura também o foi no concernente ao problema da Eternidade do mundo. São Tomás não conseguiu atingir intelectualmente que o início temporal do mundo se pode deduzir PELO FACTO DE TERMOS CHEGADO AO PRESENTE. Efectivamente, se estamos no presente, então para trás de nós existe necessàriamente uma sucessão finita de instantes.
É NECESSÁRIO CONTEMPLARMOS TUDO À LUZ SOBRENATURAL E ETERNA DE DEUS NOSSO SENHOR. O mundo natural e fenoménico NÃO É O QUE PARECE – É INFINITAMENTE MAIS DO QUE ISSO, DESDE QUE CONTEMPLADO À LUZ DE DEUS. As mais pequenas coisas, humanamente falando, podem dizer-nos imenso sobre as Divinas perfeições; sobre a Criação; sobre a Asseidade; sobre a relação de razão que Deus Nosso Senhor possui com o mundo.
Quantas vezes as almas contemplativas não desejam que um momento se Eternize, e até certo ponto conseguem mesmo eternizá-lo sobrenaturalmente, com o auxílio dos Dons do Espírito Santo da Sapiência e do Entendimento. Porque uma visão plenamente Essencialista da realidade faculta-nos a razão de ser última dos acontecimentos da vida, a qual reside nas Essências Imutáveis das coisas. Mas essa mesma contemplação essencialista, eterniza-nos de certo modo, já neste mundo, conferindo uma unidade magnífica à nossa vida interior, bem como ao nosso agir.
É, sem dúvida, verdade, que as nossas faculdades naturais são necessária e metafìsicamente medidas pelo mundo e por Deus; mas uma vez sobrenaturalizadas, em certo sentido, essas mesmas faculdades, passam, elas também, a medir o mundo natural, comunicando-lhe uma unidade de ordem superior; tais serão então os nossos momentos de Eternidade, momentos essencialmente Sobrenaturais, em que mesmo neste mundo, mesmo continuando homens mortais, somos elevados a uma dimensão que bem ilustra o quanto são absurdas as vidas, denominadas normais, das pessoas do mundo; o quanto é monstruosa esta seita anti-Cristo que aberrantemente se diz católica; e como é magnífica a Sabedoria dos Santos, que por Graça de Deus, assimilaram, à sombra da Cruz, a infinita dignidade, o infinito valor, da Ordem Sobrenatural, riqueza inexaurível de Caridade, e fonte imarcescível e Eterna da mais augusta participação na Intimidade Santíssima da Família Trinitária.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 14 de Junho de 2015
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