“Roma perderá a Fé e se tornará a sede do Anticristo” - Nossa
Senhora em La Salette
O Padre Kramer dá-nos uma introdução ao
seu livro O Suicídio de se Alterar a Fé na Liturgia. É profético, foi publicado
em 2006 e ainda está muito actual. Factual e incisivo, o Padre Kramer não deixa
nada por tratar, porque, no fim de contas, as nossas próprias almas estão em
risco.
pelo Padre Paul Kramer, B.Ph., S.T.B. M.Div., S.T.L. (Cand.)
Desde a
introdução do Novo Rito da Missa na Liturgia da Igreja Católica, pelo Papa
Paulo VI, que os Católicos tradicionais que se recusam a aceitar a legitimidade
do Novus Ordo têm sido sujeitos a ridículo, desprezo e condenação pelas
autoridades eclesiásticas e por aqueles que seguem cegamente os seus ditames.
Diz-se que os Tradicionalistas são rebeldes, insubordinados e cegamente ligados
a formas obsoletas de culto que foram substituídas por formas novas e
actualizadas, por ordem dos pastores legítimos da Igreja.
Mesmo agora, que se celebram em vários
sítios as ‘Missas de indulto’ da Ecclesia Dei, com sanção oficial, mantém-se a
divisão dentro da Igreja, porque os Católicos tradicionalistas já não confiam
na hierarquia. Há uns trinta anos que os Católicos tradicionalistas têm sido
rotulados pela hierarquia como fanáticos e cismáticos — tendo a sua adesão à
tradicional “Ordem da Liturgia recebida e aprovada pela Igreja” (Pius VI,
Auctorem Fidei [33]) sido declarada (nas palavras infames do falecido Cardeal
Villot) “incompatível com uma lealdade autêntica à Igreja.”
As hierarquias nacionais e a Cúria Romana,
apesar da sua mania do diálogo, têm demonstrado uma total intransigência na sua
recusa intolerante de entrar em qualquer diálogo com os Católicos
tradicionalistas que têm objecções de consciência contra a Nova Ordem da Missa.
Estas objecções, porém, não só são bem fundadas teologicamente, como estão
assentes firmemente nas definições doutrinais mais solenes do Magistério
extraordinário da Igreja.
A Profissão de Fé Tridentina do Papa Pio
IV [Iniunctum Nobis] prescreve a adesão aos “ritos recebidos e aprovados da
Igreja Católica usados na administração solene dos Sacramentos.” Os “ritos
recebidos e aprovados” são os ritos estabelecidos pelo costume, e por isso o
Concílio de Trento se refere a eles como “ritos recebidos e aprovados da Igreja
Católica comummente usados na administração solene dos Sacramentos.” [Sess.
VII, can. XIII]. A adesão aos ritos comummente usados, recebidos e aprovados
pela Igreja é uma doutrina definida infalivelmente: O Concílio de Florença
definiu que os “sacerdotes... devem confeccionar o Corpo do Senhor, cada um
segundo o costume da sua Igreja” [Decretum pro Graecis], e, portanto, o
Concílio de Trento condenou solenemente como heresia a proposição de que “ritos
recebidos e aprovados da Igreja Católica comummente usados na administração
solene dos Sacramentos podem ser substituídos por outros ritos por qualquer
pastor eclesiástico, seja ele quem seja” [Sess. VII, can. XIII]. Com base nesta
sólida fundamentação doutrinal, o Papa Pio VI condenou a ideia de que “‘levá-la
(a liturgia) a uma maior simplicidade de ritos, exprimindoa na língua vernácula
ou dizendo-a em voz alta’, como se a actual ordem da liturgia, recebida e
aprovada pela Igreja, tivesse emanado em parte do esquecimento dos princípios
pelos quais devia ser regulada” como “imprudente, ofensiva aos ouvidos
piedosos, insultuosa à Igreja, favorável às acções dos hereges”. — Auctorem
Fidei [33].
Por incrível que pareça, precisamente
aquilo que o Concílio de Trento anatematizou e Pio VI condenou foi o que Paulo
VI fez: nomeou uma comissão curial que reestruturou o venerável Rito Romano,
tornando-o no que o próprio Paulo VI admitiu que era um “novo rito da Missa.”
[19 de Novembro de 1969]. Como se disse que a reforma litúrgica instituída por
Paulo VI fora introduzida segundo as prescrições da Constituição sobre a
Liturgia do Vaticano II, os Papas pós-conciliares e a hierarquia insistiram
firmemente em como a reforma era legítima. Ainda não compreenderam (porque se
recusam a abrir as mentes ao problema) que a simplificação e a reestructuração
dos ritos, aparentemente prescrita pelo Vaticano II, viola não só os princípios
básicos que o mesmo Concílio apresentou como directrizes para a revisão
litúrgica, como também viola os pronunciamentos doutrinais mais solenes do
Magisterium infalível da Igreja.
Infelizmente, os hierarcas da Igreja
pós-conciliar recusam-se terminantemente a considerar estas objecções, ou até
mesmo a reconhecer a possibilidade de haver objecções doutrinais válidas à nova
Liturgia. Se o fizessem, era como se admitissem que a sua posição poderia estar
errada — ou ainda pior, que o Concílio Vaticano II poderia estar errado. Assim,
concretizaram uma amarga divisão no seio da Igreja, ao recusarem-se cegamente a
ouvir ou a considerar as objecções sérias dos Tradicionalistas.
Os hierarcas da Igreja Conciliar
colocaram-se na posição de serem ao mesmo tempo acusadores e juízes —
atrevem-se a julgar os Tradicionalistas, que acusam de desobediência,
deslealdade e até mesmo de cisma, ao mesmo tempo que se recusam a permitir-lhes
que sejam ouvidos. Mostrando uma cegueira e intolerância incríveis, os Papas e
a hierarquia conciliar responderam às objecções doutrinais dos Tradicionalistas
com um silêncio total e impenetrável, ao mesmo tempo que preferem condenar a
pessoa do Tradicionalista, e publicar ataques intelectualmente desonestos contra
a posição tradicionalista (Um exemplo
esplêndido deste género de desonestidade intelectual apareceu no número de 9 de
Novembro de 1996 de 30 Days.)
Um dos primeiros objectores contra a
liturgia do Novus Ordo, e certamente o mais visível e expressivo, foi o
falecido Arcebispo Marcel Lefebvre. A recusa do Vaticano em permitir que fosse
ouvido (o que lhe era devido, segundo o Direito Canónico) é típica da política
permanente da Igreja pós-conciliar para bloquear todas as vias de protesto e
recurso a quem se recusar a aceitar as reformas pós-conciliares.
Lefebvre foi um dos primeiros, e
certamente não foi o último, a rejeitar as reformas pósconciliares como
contrárias à Fé Católica. Se a sua posição era teologicamente correcta, então
segue-se logicamente que não só o seu curso de acção era moralmente correcto,
como também que todos os que se recusarem a aceitar as mudanças na Igreja
pós-conciliar estariam também moralmente justificados na sua rejeição da nova
Igreja e na sua estrita adesão à Tradição.
Em Junho de 1995, o caso Lefebvre
tornou-se um assunto da maior importância na Arquidiocese de Manila. A
Sociedade de S. Pio X ia ganhando seguidores, o que alarmou a hierarquia local.
A Conferência de Bispos Católicos das Filipinas (CBCP) reemitiu a sua
Admoestação de Novembro de 1992 contra a Sociedade. Apressei-me a compor a
minha Resposta aos Bispos das Filipinas, e mais tarde, nesse mesmo ano, escrevi
o meu tratado sobre a Missa, Uma justificação teológica do Tradicionalismo
Católico Romano, que continha uma edição ligeiramente revista da minha
Resposta. O Padre Jaime Achacoso deu-me mais uma oportunidade de desenvolver
teologicamente a argumentação básica da minha Resposta quando, em Setembro de
1995, publicou o seu ataque extremamente desonesto à referida Resposta. A minha
resposta ao Padre Achacoso apareceu pela primeira vez em meados de1996.
Completei uma revisão total da minha obra
mais importante, Uma justificação teológica do Tradicionalismo Católico Romano.
Nesta obra, eu demonstro teologicamente, a partir dos documentos do Magistério
infalível da Igreja, que a Missa do Novus Ordo é contrária à Lei Divina e que
as doutrinas sobre o Ecumenismo e a Liberdade Religiosa do Concílio Vaticano II
são heréticas. Segue-se a minha Resposta ao Relatório da CBCP de 24 de Junho de
1995, mais uma vez ligeiramente revista, com o novo título Resposta à
admoestação da CBCP de 18 de Novembro de 1992. Finalmente, a minha resposta ao
Padre Achacoso, que saiu pela primeira vez com o título Contra os erros do
Concílio, aparece revista e condensada no segundo capítulo do segundo livro
deste volume, com o novo título Resposta ao ataque.
Decidi publicar os três artigos juntos sob
um único título: The Suicide of Altering the Faith in the Liturgy, uma vez que,
juntas, as três obras se complementam entre si teologicamente acerca das
questões sobre Cisma e Excomunhão, pois não só se relacionam com o Arcebispo
Lefebvre e com a Sociedade que ele fundou, como também com todos os Católicos
tradicionais e, mais importante ainda, com o problema da Nova Missa confrontada
com o Rito Romano tradicional, assim como com a teologia heterodoxa do Concílio
Vaticano II e os Papas pós-conciliares. O Livro I é Uma justificação teológica
do Tradicionalismo Católico Romano; e o Livro II, que contém as minhas
respostas à Conferência de Bispos Católicos das Filipinas e ao Padre Achacoso,
intitula-se Uma Resposta Católica à Igreja Conciliar, com o subtítulo Sobre o
estatuto da Sociedade de São Pio X. Incluí, finalmente, o ensaio “A Igreja
Ecuménica do Terceiro Milénio” por John Vennari, que ilustra de maneira
concreta as conclusões a que cheguei no livro. Espero que este livro possa
contribuir para se alcançar um diálogo com os hierarcas da Igreja Conciliar,
que já tarda, de modo que eles, por sua vez, examinem as suas consciências e
regressem às tradições que juraram defender.
*O
título do livro do Padre Kramer vem da famosa afirmação do Papa Pio XII: “Estou
preocupado com a Mensagem da Santíssima Virgem a Lúcia de Fátima. Esta insistência
de Maria nos perigos que ameaçam a Igreja é um aviso divino contra o suicídio
de se alterar a Fé na sua Liturgia...” Este aviso de Nossa Senhora é a parte
que falta publicar do Terceiro Segredo de Fátima.
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