"A Virgem Maria e Deus mesmo estão infinitamente tristes. Cabe-nos a nós consolá-los!"
Os três pastorinhos
que estiveram presentes nas aparições da Abençoada Virgem de Fátima, só uma
continua viva hoje, a Irmã Lúcia dos Santos, uma freira carmelita de 93 anos de
idade vivendo no convento da sua ordem em Coimbra, Portugal. Como predisse Nossa
Senhora em Fátima, tanto Francisco como Jacinta Marto morreram poucos anos após
as aparições e são hoje candidatos à santidade.
FRANCISCO MARTO
nasceu a 11 de junho de 1908 a Manuel e Olimpia de Jesus Marto e era o irmão
mais velho de Jacinta e o primo direito de Lúcia dos Santos. Tinha nove anos na
altura das aparições. Durante as aparições do Anjo e da Sagrada Virgem, ele viu
tudo, mas, ao contrário de suas duas companheiras, não lhe permitiram ouvir as
palavras que foram pronunciadas.
Quando, no transcurso da Primeira Aparição, Lúcia preguntou
se o Francisco iria para o Céu, Nossa Senhora respondeu: "Sim, ele vai
para o Céu, mas terá que recitar o Rosário muitas vezes." Sabendo que
seria chamado em pouco tempo ao paraíso, o Francisco mostrou pouco interese em
assistir às classes. Várias vezes, chegando perto da escola, dizia à Lúcia e à
Jacinta: "Vão vocês. Eu vou à igreja a fazer companhia ao Jesus
escondido" (uma expressão que se refere ao Santíssimo Sacramento). Muitas
testemunhas contemporâneas afirmam terem recebido favores depois de terem
pedido a Francisco que rezasse por elas.
"A Virgem Maria e Deus mesmo estão infinitamente tristes. Cabe-nos
a nós consolá-los!"
Em Outubro de 1918,
Francisco adoeceu gravemente. Aos membros de sua família que lhe asseguravam
que ele iria curar-se da sua doença, ele respondia firmemente: "É
excusado. Nossa Senhora quere que eu esteja com Ela no Céu!" No transcurso
da sua doença, continuou a oferecer sacrifícios constantes para consolar Jesus
ofendido por tantos pecados. "Já falta pouco tempo para ir eu para o
Céu", disse à Lucia um dia. "Lá encima, vou consolar muito Nosso
Senhor e Nossa Senhora; a Jacinta vai rezar muito pelos pecadores, pelo Santo
Padre e por ti. Vais ficar aqui porque Nossa Senhora assim deseja. Escuta, faz
tudo o que Ela te disser."
À medida que a sua doença piorou e quebrou o que era uma
saude robusta, Francisco já não tinha as forças para recitar o Rosário.
"Mamã, já não consigo dizer o Rosário", disse em voz alta um dia,
"parece que a minha cabeça está nas nuvens…" Ainda quando a força do
seu corpo se perdia, a sua mente permanecia atenta à eternidade. Chamando o seu
pai, pediu para receber Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento (ainda não tinha
recebido a sua Primeira Comunhão nessa altura). Preparando-se para a confissão,
pediu a Lucia e a Jacinta que lhe lembrassem os pecados que ele tinha cometido.
Ouvindo algumas travessuras que tinha cometido, o Francisco começou a chorar,
dizendo, "Já confessei estes pecados, mas vou confessá-los outra vez.
Talvez seja por causa destes que Jesus está tão triste. Peçam vocês também a
Jesus que perdoe todos os meus pecados."
Seguiu-se a sua primeira (e também a última) Santa Comunhão
no quarto pequeno em que ele estava morrendo. Já sem forças para rezar, pediu a
Lúcia e a Jacinta que recitassem o Rosário em voz alta para que podesse seguir
com o seu coração. Dois dias mais tarde, perto do seu fim, exclamou:
"Olhe, mãe, olhe, que luz tão linda, ao pé da porta." Perto das 10
horas da noite, a 4 de Abril de 1919, depois de pedir que todas as suas ofensas
fossem perdoadas, faleceu com calma, sem nenhum sinal de sofrimento, sem
agonia, o seu rostro brilhando com uma luz angélica. Descrevendo a morte de seu
primo jovem nas suas Memórias, a Irmã Lúcia escreveu: "Ele voou para o Céu
nos braços da Nossa Mãe Celeste."
JACINTA MARTO
nasceu a 11 de Março de 1910. Na altura das aparições tinha sete anos. Era a
mais jovem dos videntes. Durante as aparições viu e ouviu tudo, mas não falou
ao Anjo nem à Mãe de Deus. Inteligente e muito sensível, ficou profundamente
impressionada quando ouviu a Abençoada Virgem declarar que Jesus estava muito
ofendido pelos pecados. Depois de ver a imagem do inferno, deciciu oferecer-se
completamente à salvação das almas.
A noite da primeira aparença de Nossa Senhora (13 de Maio de
1917), foi Jacinta que, a despeito de promessas que tinha feito a Lúcia,
revelou o segredo da aparição à sua mãe: "Mamã, hoje vi Nossa Senhora na
Cova da Íria. Ai! Que senhora mais bonita!" Mais tarde, o Céu favoreceria
Jacinta ainda mais com duas visões poderosas do Santo Padre: um papa sofrendo
das perseguições feitas contra a Igreja e também das guerras e das destruições
que agitavam o mundo. "Pobre Santo Padre", dizia Jacinta, "é
muito preciso rezar por ele." A partir de aí, o Vigário de Cristo esteve
sempre presente nas orações e nos sacrifícios dos videntes, mas sobretudo
Jacinta.
"Oxalá que pudesse pôr no coração de toda a gente o fogo que tenho
no meu coração que me faz amar tanto o Coração de Maria!"
Para salvar as almas do fogo do inferno, a Jacinta supertava
sacrifícios voluntàriamente. No calor terrível do verão, deixou de beber água.
Como um sacrifício pela glória de Deus, oferecia os seus lanches da tarde às
crianças ainda mais pobres do que ela. Para salvar almas, decidiu suportar a
dor de levar uma corda áspera cheia de nós amarrada à pele. Aturou as
interrogações exaustivas e os insultos dos descrentes sem o mais pequeno
lamento. "Oxalá que pudesse mostrar o inferno aos pecadores!", dizia
"seria muito feliz se todos pudessem ir ao paraíso".
Um ano após as aparições da Cova da Íria, começou a doença
que a levaria à sua morte. Primeiro veio a pneumonia bronquial, depois um
abcesso nos pulmões, e com ambos sofreu intensamente. Porém na sua cama de hospital,
declarou com otimismo que a sua doença era mais uma maneira de sofrer para a
conversão dos pecadores.
Depois de dois meses no hospital, voltou a casa, onde se
descubriu uma chaga ulcerosa e aberta no peito. Pouco depois foi diagnosticada
com uma tuberculose. No transcurso do ano seguinte, sofreu gravemente por Nossa
Senhora. "Jesus estará contente por eu lhe ofrecer o meu sofrimento?"
preguntou à Lúcia. Em Fevereiro de 1920, ela foi levada apressadamente para
outro hospital, desta vez em Lisboa. Desfeita num esqueleto e morrendo sem a
presença de seus queridos pais ou de Lúcia, consolou-se com a ideia de que esta
era mais uma oportunidade para oferecer os seus sofrimentos pelos pecadores. No
hospital de Lisboa foi visitada não menos de três vezes por a Mãe de Deus.
Finalmente, na noite de 20 de Fevereiro de 1920, a promessa
da "Senhora mais brilhante que o sol" foi cumprida. "Vim para
levar-te ao Paraíso." Como o Francisco, a Jacinta jaze agora na grande
Basílica de Nossa Senhora em Fátima.
LÚCIA DOS SANTOS
nasceu a 22 de Março de 1907 a António e Maria Rosa dos Santos. A prima de
Francisco e de Jacinta, era a mais jovem de sete irmãos e irmãs e a mais velha
dos três pastorinhos. Desde a infância, era conhecida por ser precoce e era uma
favorita tanto dos novos como dos velhos. Dotada de um temperamento aberto e
otimista e uma inteligência viva, organizava jogos, orações, bailes, e outras
iniciativas entre as crianças da aldeia.
O seu sofrimento
começou imediatamente após a primeira aparição da Virgem. Tornou-se o alvo
principal das críticas por parte da família e dos amigos ao ponto se sentir
relutante a voltar de novo à Cova da Íria para o encontro marcado com Nossa
Senhora a 13 de Julho. O sacerdote paroquial de Fátima chegou a insinuar que
ela podia ser um "instrumentosinho do demônio". Foi só com a
insistência dos outros videntes que ela superou o seu medo e viajou à Cova como
lhe tinha pedido a Abençoada Virgem.
Outro grande momento de sofrimento para Lúcia foi quando
Nossa Senhora lhe disse que em pouco tempo levaria o Francisco e a Jacinta ao
Céu e a informou que ela teria que ficar só na terra, para espalhar a devoção
do Coração Imaculado de Maria. Mas a Virgem deu-lhe conforto, "o Meu
Coração Imaculado será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus."
Era a Lúcia que
falava com a Rainha do Céu, que lhe apresentava solicitações e favores em nome
de muita gente e que pediu um milagre para que todos acreditassem nas
aparições. Foi também a Lúcia que, quando os profetas foram levados para a
prisão a 13 de Agosto de 1917, organizou a resistência às ameaças e à adulação
das autoridades, que tinham como propósito descubrir o segredo revelado por
Nossa Senhora. E quando o Francisco e a Jacinta adoeceram, foi uma vez mais a
Lúcia que os acompanhou carinhosamente até ao fim.
"Senhor, fazêde
uma Santa de mim, guardai o meu coração sempre puro e só para vós!"
Em 1921, na decisão
do bispo de Leiria (Diocese de Fátima), a Lúcia foi enviada da sua aldeia de
Aljustrel e levada imediatamente às Irmãs Doroteias do Vilar no Porto.
Achava-se que a sua presença em Fátima podia obstruir a imparcialidade das
investigações que estavam sendo realizadas para determinar a validez das
aparições. Além disso, Lucia, aos 14 anos, tinha sido vítima de molestamentos e
interrogações quase contínuos, tanto de amigos como de inimigos, pelas
aparições.
No ano 1928, Lúcia
tornou-se uma Irmã de Santa Dorotéia, e mais tarde em 1946, depois de uma breve
visita a Fátima, entrou no Convento das Irmãs Carmelitas de Coimbra, onde
reside ainda com o nome de Irmã Maria Lúcia do Coração Imaculado.
A Mãe de Deus, que
lhe pediu para ficar no mundo para propagar a devoção ao Seu Coração Imaculado,
veio várias vezes mais a visitar a sua servente, incluso a 10 de Dezembro de 1925,
quando, em Pontevedra, Nossa Senhora deu à jovem freira postulante a promessa
dos Cinco Primeiros Sábados e também, cinco anos mais tarde, em Tuy, onde, na
presença da Santíssima Trindade, revelou mais a fundo o espírito de esta grande
devoção de reparação.
Hoje, com mais de 93 anos* de idade, a Irmã Lucia aguarda com
calma a hora em que a Santa Virgem deseje chamá-la a esse mesmo Céu onde
esperam os seus primos Francisco e Jacinta.
* - Irmã Lúcia faleceu em 13 de fevereiro de 2005 no Convento Carmelita de Santa Teresa em Coimbra Portugal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Antes de postar seu comentário sobre a postagem, leia: Todo comentário é moderado e deverá ter o nome do comentador. Comentário que não tenha a identificação do autor (anônimo), ou sua origem via link e ainda que não tenha o nome do emitente no corpo do texto, bem como qualquer tipo de identificação, poderá ser publicado se julgar pertinente o assunto. Como também poderá não ser publicado, mesmo com as identificações acima tratadas, caso o assunto for julga impertinente ou irrelevante ao assunto. Todo e qualquer comentário só será publicado se não ferir nenhuma das diretrizes do blog, o qual reserva o direito de publicar ou não qualquer comentário, bem como de excluí-los futuramente. Comentários ofensivos contra a Santa Madre Igreja não serão aceitos. Comentários de hereges, de pessoas que se dizem ateus, infiéis, de comunistas só serão aceitos se estiverem buscando a conversão e a fuga do erro. De indivíduos que defendem doutrinas contra a Verdade revelada, contra a moral católica, de apoio a grupos ou ideias que contrários aos ensinamentos da Igreja, ao catecismo do Concílio de Trento, ferem, denigrem, agridem, cometem sacrilégios a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, a Mãe de Deus, seus Anjos, Santos, ao Papa, ao clero, as instituições católicas, a Tradição da Igreja, também não serão aceitos. Apoio a indivíduos contrários a tudo isso, incluindo ao clero modernista, só será publicado se tiver uma coerência e não for qualificado como ofensivo, propagador do modernismo, do sedevacantismo, do protestantismo, das ideologias socialistas, comunistas e modernistas, da maçonaria e do maçonismo, bem como qualquer outro tópico julgado impróprio, inoportuno, imoral, etc. Alguns comentários podem ser respondidos via e-mail, postagem de resposta no blog, resposta do próprio comentário ou simplesmente não respondido. Reservo o direito de publicar, não publicar e excluir os comentários que julgar pertinente. Para mensagens particulares, dúvidas, sugestões, inclusive de publicações, elogios e reclamações, pode ser usado o quadro CONTATO no corpo superior do blog versão web. Obrigado! Adm do blog.