"EDIFICA CADA VERDADE SOBRE A VERDADE, DE FORMA TÃO ORDENADA E ORGÂNICA, COMO VEMOS ESTAR CONSTITUÍDA A PRÓPRIA NATUREZA, DA QUAL SE EXTRAI A VERDADE"
Alberto Carlos Rosa
Ferreira das Neves Cabral
Escutemos o Papa Pio XII, em excertos da encíclica “Humani
Generis”, promulgada em 12 de Agosto de 1950:
«Pois a Verdade e sua
expressão filosófica não podem mudar com o tempo, principalmente quando se
trata de princípios que a mente humana conhece por si mesmos, ou daqueles
Juízos que se apoiam tanto na Sabedoria dos séculos, como no consenso e
fundamento da Revelação Divina. Qualquer verdade que a mente humana, procurando
com rectidão, descobre, não pode estar em contradição com outra verdade já
alcançada, pois Deus, Verdade Suprema, criou e rege a Humana inteligência, de tal modo, que não
opõe cada dia novas verdades às já adquiridas, mas, apartados os erros que
porventura se tenham introduzido, EDIFICA CADA VERDADE SOBRE A VERDADE, DE
FORMA TÃO ORDENADA E ORGÂNICA, COMO VEMOS ESTAR CONSTITUÍDA A PRÓPRIA NATUREZA,
DA QUAL SE EXTRAI A VERDADE. Por esse motivo, o cristão, seja filósofo, seja
teólogo, não abraça apressadamente qualquer novidade, que no decurso do tempo
se lhe proponha; mas deve sopesá-la com suma diligência e submetê-la a justo
exame, a fim de que não venha a perder a verdade já adquirida, ou a corrompa,
com grave perigo e detrimento da mesma Fé.
Se tudo quanto
expusemos for bem considerado, fàcilmente se compreenderá porque a Santa Igreja
exige que os futuros sacerdotes sejam instruídos nas disciplinas filosóficas,
segundo o método, a Doutrina, e os princípios do Doutor Angélico, visto que
através da experiência de muitos séculos, conhece perfeitamente que o método e
o sistema do Aquinate, se distinguem pelo seu valor singular, tanto para a
educação dos jovens, quanto para a investigação das mais recônditas verdades, e
que sua Doutrina está afinada, como que em uníssono, com a Divina Revelação, e
é eficacíssima para assegurar os fundamentos da Fé, E PARA RECOLHER DE MODO
ÚTIL OS FRUTOS DE UM SADIO PROGRESSO.»
A resposta à interrogação cujo enunciado serve de título a
este artigo – é que sim, mas na sua plenitude, sòmente na Eternidade, e não na
sua forma científica, mas na sua forma exclusivamente religiosa, ao menos
extrínseca.
Ensina-nos a Sacrossanta Fé Católica, que a Sagrada
Escritura goza de inerrância em toda a sua extensão, incluindo nos denominados
“obiter dicta”, como a referência do texto Sagrado à capa e outros objectos que
São Paulo deixou em Trôade, em casa de Carpo (IITim 4,13). Inerrância é a
ausência de erro formal na consignação da Revelação. Na encíclica
“Providentissimus”(1893) do Papa Leão XIII, ficou bem estabelecido que embora
todo o texto Sagrado goze de inspiração e seja por isso formalmente verdadeiro,
não constitui objectivo formal da Sagrada Escritura, nem o magistério
científico acerca da constituição íntima das coisas visíveis, nem o ensino da
História enquanto estudo estritamente científico; TODAVIA A REVELAÇÃO ENCARNOU
NUMA HISTÓRIA VERDADEIRA E TODOS OS ACONTECIMENTOS QUE REFERE, MESMO OS NÃO
CONCERNENTES IMEDIATAMENTE À DOUTRINA RELIGIOSA, SÃO INTRÌNSECAMENTE
VERDADEIROS.
A ciência difere da ontologia, porque esta última estuda os
entes, enquanto exercem o acto de ser, ao passo que a primeira estuda os entes
NA SUA FENOMENALIDADE FÍSICA E ESPAÇO-TEMPORAL.
Não é a ciência que nos pode salvar, nem tão pouco a nossa
inteligência e cultura natural. Só nos salvaremos pelo conhecimento e pela
participação Teologal nos Mistérios Sobrenaturais.
A Teologia não sòmente não despreza, mas pelo contrário,
confirma, a possiblidade e a realidade das denominadas CONCLUSÕES TEOLÓGICAS,
ou seja, conclusões deduzidas de uma premissa sobrenaturalmente revelada e
outra premissa haurida da experiência natural, por exemplo: A separabilidade
entre substância e acidentes, nomeadamente do acidente da quantidade que
sustenta todos os outros, deduzidos do Mistério da Sagrada Eucaristia, embora
aqui não nos encontremos no terreno fenoménico, mas no terreno ontológico; a
finitude do espaço-tempo bem como de todo o Universo corruptível, ilação que se
retira do conjunto da Revelação, sobretudo dos Novíssimos do Homem, aqui
estamos parcialmente num terreno ontológico, parcialmente num terreno
fenoménico; A origem monogénica da Humanidade, e consequente perfeita unidade
da espécie, o que também se traduz num dado antropológico muitíssimo
importante.
São exemplos de Conclusões Teológicas, o que significa
igualmente que podendo ser assumidas num plano científico, devem ser, contudo,
perfeitamente sobrenaturalizadas.
Todavia, uma coisa é ser uma realidade, uma espécie lógica,
em si mesma natural e científica, outra é ser uma realidade em si mesma
Sobrenatural, como virtude Teologal ou Moral, ou como Dom do Espírito Santo.
Na Terra, é-nos vedado penetrar profundamente nos mistérios
da natureza tendo por base premissas Sobrenaturais. Todavia, no Céu, na
Eternidade, a posse da visão beatífica, sem qualquer mediação objectiva – pois
é a Essência Divina que se faz espécie na nossa inteligência, esta já
fortalecida com a Graça Santificante; os Dons do Espírito Santo, enquanto
Hábitos receptivos; os Hábitos das Virtudes Morais, o Lume da Glória, e a
própria Caridade Sobrenatural que é o vínculo de todas as virtudes –
facultar-nos-á o Dom de contemplar a Deus na plenitude do Seu ser e de toda a
Sua virtualidade. Constitui ensinamento comum da Teologia, que Deus não depende
das criaturas para o conhecimento que delas possui; Deus obtém esse
conhecimento, Substancialmente, Eternamente, a partir da Sua própria Essência,
na exacta medida em que todo o ser criado É (NÃO EXISTE, É) VIRTUALMENTE EM
DEUS.
Consequentemente, os eleitos contemplam alguns grandes segredos da
Criação, através da virtualidade Divina, MAS NÃO CONSTITUI UMA CONTEMPLAÇÃO EM
FORMA CIENTÍFICA, MAS EM FORMA, ESSENCIALMENTE, SOBRENATURAL E BEATÍFICA, QUE
NÃO DEPENDE DA INTELIGÊNCIA E DA CULTURA TERRENA DA ALMA, MAS SÒMENTE DO SEU
MÉRITO SOBRENATURAL, DO LUME DA SUA CARIDADE. TODAVIA, UM CIENTISTA QUE POR
AMOR SOBRENATURAL A DEUS HAJA CONSUMIDO A SUA VIDA NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
EM DETERMINADA ESPECIALIDADE, NO CÉU, RECEBERÁ UMA AURÉOLA, OU SEJA, UM PRÉMIO
ESPECÍFICO, QUE NESTE CASO SE CONSUBSTANCIARÁ NO AUFERIR DE DETERMINADOS
SEGREDOS DA CRIAÇÃO, COMO DISSEMOS, EM FORMA E MÉRITO SOBRENATURAL, PORQUE TAIS
SEGREDOS SERÃO CONTEMPLADOS, NÃO SEGUNDO A SUA ESPÉCIE PRÓPRIA, MAS SEGUNDO A
ESPÉCIE DA ESSÊNCIA DIVINA.
Por outro lado, no Céu existe igualmente a felicidade
acidental, difere da essencial, porque nesta Deus constitui o único objecto
contemplado, e tudo o mais é contemplado em Deus e por Deus, segundo a espécie
da Essência Divina, como se referiu; ao passo que na felicidade acidental as
realidades são contempladas na sua espécie própria, logo na sua forma
científica, ainda que totalmente sobrenaturalizadas, como é evidente, e o próprio
Deus é contemplado, sobrenaturalmente, com espécie criada, mas não como objecto
essencial. Logo também neste plano serão desvelados à alma segredos da Criação,
mas segundo uma forma EXTRÌNSECAMENTE Sobrenatural, embora permanecendo sempre
como fundamento o mérito Sobrenatural da alma.
Mas nesta felicidade acidental será aproveitado o saber e a
inteligência natural da alma? Serão, sem dúvida, aproveitados, mas sòmente e na
medida do já referido mérito Sobrenatural da alma. Pois como é conhecido, o
mérito Sobrenatural desenvolve, extrìnsecamente, a inteligência natural. Daqui
se infere, que no Inferno, as qualidades naturais da alma, quando existam,
serão totalmente embotadas.
De todas estas considerações, é imperioso que se sublinhe,
que as nossas qualidades naturais e científicas, em si mesmas, só neste mundo e
para este mundo, poderão constituir alguma proficiência; se nos condenarmos
elas serão estioladas, mas se amarmos Sobrenaturalmente a Deus sobre todas as
coisas, faremos render os talentos que Nosso Senhor Jesus Cristo nos facultou,
na Ordem Natural e na Ordem Sobrenatural. Para maior Glória de Deus, teremos
ganho todo o nosso ser, no tempo e na Eternidade.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 7 de Junho de 2016
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral
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