Seja por sempre e em todas partes conhecido, adorado, bendito, amado, servido e glorificado o diviníssimo Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

Nota do blog Salve Regina: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.” Mons. Marcel Lefebvre

Pax Domini sit semper tecum

Item 4º do Juramento Anti-modernista São PIO X: "Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente" - JURAMENTO ANTI-MODERNISTA

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Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Declaração do Pe. Camel.

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Ao negar a celebração da Missa Tradicional ou ao obstruir e a discriminar, comportam-se como um administrador infiel e caprichoso que, contrariamente às instruções do pai da casa - tem a despensa trancada ou como uma madrasta má que dá às crianças uma dose deficiente. É possível que esses clérigos tenham medo do grande poder da verdade que irradia da celebração da Missa Tradicional. Pode comparar-se a Missa Tradicional a um leão: soltem-no e ele defender-se-á sozinho”. - D. Athanasius Schneider

"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa (desde que não se falte à verdade), sendo obra de caridade gritar: Eis o lobo!, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado".- São Francisco de Sales

“E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos”. - Padre Amando Adriano Lochu

"MALDITOS os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável SALVADOR seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteão de falsos deuses". - Padre Emmanuel

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27/11/2016

Nossa Senhora das Graças

“Oh, Maria sine labe originalis concepta, ora pro nobis qui confugimus ad Te !!!”

A aparição ocorreu a uma noviça chamada Catarina Labouré¹. Catarina nasceu em maio de 1806, no lugarejo de Fain-lesMoutiers, não longe de Dijon, dois anos depois de Napoleão se fazer imperador. Embora seu pai, que estudara para ser sacerdote, e sua mãe, ex-professora, tivessem instrução acima da média, parece que Catarina não se interessava pelo estudo nem pelo que se passava no mundo.
O pai acabara preferindo ser lavrador em vez de sacerdote porque detestava as instituições religiosas e o papismo.
Retratos de Pierre e Madeleine Labouré mostram que eram cultos. Tiveram 15 ou 17 filhos (dependendo das fontes) e dez viveram além da infância; dos dez, Catarina era a nona.
A capacidade intelectual de Catarina era medíocre. Algumas fontes indicam que ela permaneceu “estranhamente inculta”. Outras fontes mais objetivas, indicam que suas aptidões para o estudo eram “realmente inescrutáveis” e que sua “estupidez” era alvo de troça por parte dos mestres.
Por outro lado, embora não aprendesse ‘nem interagisse com as colegas da maneira usual, Catarina assumiu a responsabilidade de toda a família quando tinha 9 anos. Não está claro se isso aconteceu antes ou depois da morte da mãe. Também não está claro porque o nono de dez filhos vivos assumiria essa responsabilidade.
Algum tempo depois da morte da mãe, parece que pelo menos parte da grande família se dissolveu e Catarina foi entregue aos cuidados de parentes.
Em tenra idade, ela pedira ao pai permissão para ser freira, mas ele recusou com aspereza, por causa de seus sentimentos anticlericais. Algumas fontes indicam que,
posteriormente, Catarina recusou três propostas de casamento, mas outras não fazem nenhuma referência a isso.
Ela decidiu seguir sua vocação religiosa, apesar das objeções paternas.  Enquanto trabalhava em um restaurante, ela pediu para ingressar no convento das Irmãs de Caridade em Chantilion. Mas a superiora relutou muito em aceitar alguém com tão “pouca instrução” ou tão “estúpida” e provavelmente relutasse ainda mais porque o pai obstinado e anticlerical recusou-se a dar o dote que se costumava esperar das que entravam na irmandade. De algum modo, essas dificuldades foram superadas e, em 21 de abril de 1830, Catarina, então com 24 anos, foi recebida como postulante e encaminhada ao convento na rue du Bac, em Paris.
Catarina mal se acostumara a seus deveres de, como postulante, esfregar o chão e lidar com a água suja, quando foi chamada para participar da procissão que trasladaria os restos mortais de são Vicente de Paulo, fundador da comunidade, da catedral de Notre Dame para a sede dos lazaristas, ordem fundada pelo santo.
Ela não demorou a alegar para algumas das outras irmãs ter visto, no convento, o “coração” de são Vicente de Paulo brilhar intensamente acima da vitrina que continha algumas das relíquias dele.
Por essa alegação, ela deve ter recebido o que hoje chamaríamos de “conselho” dos superiores do convento. Certo padre Aladel, “mentor” ou “confessor” dela (as duas palavras constam dos registros), mencionou que ela estava no convento para aprender a “servir aos pobres, não para sonhar”.
Se o padre Aladel era seu confessor ou mentor é de interesse concreto para entender as tentativas de sigilo que posteriormente cercaram a aparição. Se confessor, ele estaria proibido de revelar a confissão dela a quem quer que fosse. Se mentor do convento, seria obrigado a informar a superiora.
De qualquer modo, e apesar das adverências do padre Aladel, parece que Catarina não fazia segredo do fato de desejar com fervor ver a Virgem Maria e rezava abertamente por essa graça. Esse comportamento é incomum para uma postulante que acabou de entrar para as Irmãs de Caridade. A obediência, o comportamento submisso e a humildade voluntária seriam mais comuns e, de fato, aconselhados com insistência.
Apenas três meses depois de entrar para o convento como postulante, ela foi dormir na noite de 18 de julho de 1830, véspera da festa de são Vicente de Paulo, convencida — como parece ter contado a todos que quisessem ouvi-la que o santo padroeiro a ajudaria a satisfazer esse grande desejo. Em 18 de julho faltavam apenas nove dias para a revolução de julho de 1830 e fazia pouco tempo que haviam sido publicados os regulamentos de julho para silenciar a imprensa.
Às onze e meia da noite, Catarina acordou, e ouviu chamarem-na três vezes pelo nome. No quarto, viu “um menino de uns 4 ou 5 anos, de brilhantes cabelos loiros, envolto em uma luz dourada e vestido de branco”. Existem diversos relatos do que
aconteceu em seguida; com base neles, reconstitui o seguinte:
— Levante-se — disse o menino. — Minha irmã! Minha irmã! Venha depressa à capela. A Virgem Santíssima a aguarda. [La Sainte Vierge vous attend!]
Mais tarde, Catarina declarou ao padre Aladel ter ficado confusa e perturbada e perguntado ao menino como poderia atravessar os escuros corredores do convento para chegar à capela, sem despertar as outras irmãs.
— Não tema — respondeu o menino. — Todas estão dormindo. Vou com você.
Catarina seguiu-o pelos corredores. No caminho, “as luzes” (velas, com certeza) acenderam-se, o que a deixou atônita. Todos os relatos concordam que o menino seguia à esquerda dela, um pouco à frente, e estava cercado de raios de luz.
A porta da capela abriu-se sozinha e o interior estava todo iluminado, “como se para a missa da meia-noite”.
Catarina não viu a Virgem Santíssima em nenhum lugar da capela, mas o menino conduziu-a ao sacrário, ao lado da cadeira do diretor, onde aguardaram. (A cadeira conserva-se no convento.) Catarina estava nervosa e apreensiva, temendo ser descoberta e punida pelas sentinelas noturnas.
Catarina contou que, à meia-noite, “ouviu um ruído como o frufru de um vestido ou o farfalhar de muitas saias de seda. “Vi”, disse ela, “sentada na cadeira (do diretor) nos degraus do altar, uma senhora” que parecia mais “uma dama de fino trato que uma santa”.
— Eis a Virgem Santíssima — disse o menino. — Ei-la!
Catarina declarou não ter reconhecido esta senhora como a Virgem Santíssima. Mas parece que o menino “leu seus pensamentos” e “com a voz mudada para a de um homem adulto” reafirmou que a senhora era mesmo a Virgem Santíssima.
Catarina ainda estava perplexa quando a Senhora começou a falar. Muitos dos  registros são consistentes sobre o que a Senhora disse, em grande parte porque, mais tarde, o principal historiador de Catarina, Jules Chevalier, forneceu a versão aceita oficialmente. A Senhora começou:
Minha filha, bom Deus quer encarregá-la de uma missão. Você terá que sofrer muito, mas superará os sofrimentos ao refletir que tudo que faz é para a glória de Deus. Será atormentada até dizer ao que está encarregado de orientá-la [padre Aladel ou o diretor, ou ambos]. Será desmentida; mas não tema, pois terá graça. Conte com confiança tudo que se passa aqui e em seu íntimo. Conte tudo com simplicidade. Não tema.
“Os tempos são muito maus”, continuou a Senhora. “Calamidades vão se precipitar sobre a França, o trono será [novamente] derrubado, logo o mundo inteiro vai mergulhar em todos os tipos de infortúnio”. Apesar de parecer muito aflita ao dizer isso, a Senhora prosseguiu: Mas agora venha ao pé do altar. Aí graças serão derramadas sobre todos, grandes ou pequenos, que as peçam com fervor. Graves
calamidades estão para acontecer. Será grande o perigo para esta [o convento] e para outras comunidades religiosas. Em dado momento, quando o perigo for crítico, todos vão achar que tudo está perdido; você recordará minha visita e [este convento] terá a proteção de Deus. Mas não será assim com outras comunidades.
Então lágrimas apareceram nos olhos da Senhora.
Haverá vítimas entre o clero de Paris — monsenhor, o arcebispo [as lágrimas voltam a marejar-lhe os olhos. Minha filha, a cruz será tratada com desprezo, eles a derrubarão por terra e a calcarão aos pés. O sangue correrá. As ruas ficarão cheias de sangue. Monsenhor, o arcebispo, será despojado de suas vestes [aqui a Senhora se angustia e não consegue falar por um tempo].
Durante esse interlúdio, Catarina “imaginava quando tudo isso aconteceria” Descobriu que “sabia”. Alguns acontecimentos seriam logo, outros “dali a quarenta anos [1870]”.
A Senhora continuou “Meus olhos estarão sempre em você. Conceder-lhe-ei graças. Graças especiais serão Concedidas a todos que as pedirem, mas é preciso rezar”.
Nesse momento, a aparição sumiu “como uma nuvem que tivesse evaporado” o menino levou-a de volta ao quarto. O relógio bateu duas horas.
Na manhã seguinte (19 de julho), Catarina contou que tinha visto a Virgem  Santíssima, embora as fontes não esclareçam a quem. A discrepância é evidente no fato de algumas fontes dizerem que ela contou ao padre Aladel, identificado como seu confessor mas, nesse caso, como confessor, ele estaria obrigado a nunca dizer a ninguém — o que aparentemente ele fez bem depressa. É bastante provável que ela
(ou o padre Aladel) tenha Contado ao diretor do convento, como a senhora ordenara, mas as fontes são inconsistentes.
É certo que ela contou a alguém e que esse “alguém” proibiu-a de contar aos outros. Essa proibição parece não ter dado muito certo, pois algumas pessoas do convento disseram a outras que a Virgem aparecera a alguém dali, segredo que ninguém deveria saber, mas que logo chegou aos ouvidos de todos.
Por outro lado, também seria lógico que, no princípio, as moradoras do convento concluíssem que tinham nas mãos uma postulante mentalmente perturbada.
De qualquer modo, os registros (pelo menos os endossados oficialmente mais tarde) indicam que esse acontecimento foi mantido “em segredo” e a vidente, “anônima”. Algumas fontes dizem que padre Aladel voltou a condenar as “ilusões” dela e a afirmar: “Se quiser homenagear Nossa Senhora, imite as virtudes dela e proteja-se da imaginação”.
Mas a descrença, o sigilo e o anonimato só prevaleceram no princípio e logo não tiveram mais razão de ser. É certo que profecias que se cumprem ajudam a confirmar a autenticidade de uma aparição. A Senhora predissera na noite de 18 para 19 de julho: “O trono será derrubado”. O rei Carlos X foi destronado oito dias mais
tarde, entre 26 e 28 de julho, durante os “três dias gloriosos”, que ficaram conhecidos como a revolução de julho de 1830.
As “graves calamidades” profetizadas vieram à tona na forma de barricadas montadas nas ruas de Paris, distúrbios em Paris e outros lugares e na matança de muita gente. Saqueadores invadiram igrejas, crucifixos foram jogados por terra e quebrados, e houve quem defecasse e urinasse sobre eles. Como a Senhora predissera, “monsenhor, o arcebispo [o arcebispo de Quelen]” foi agredido, despojado à força de suas vestes e duas vezes teve de fugir para salvar a vida.
Além disso, e mais uma vez como profetizado, o convento das Irmãs de Caridade na rue du Bac foi cercado por uma multidão zangada que deu tiros em sua direção, enquanto outros edifícios religiosos foram incendiados e destruídos. Mas, como a Senhora prometera, as aterrorizadas moradoras da rue du Bac não foram molestadas.
Alguns críticos mais tardios afirmaram que essas profecias foram convenientemente feitas em retrospecto.
Mas a essa altura, alguma coisa tem de explicar o fato de Catarina não ter sido simplesmente mandada para o lugar onde a Igreja punha as postulantes mentalmente desequilibradas e justificar também a mudança quase imediata das atitudes em relação a ela.
Se as profecias tivessem realmente sido feitas alguns dias antes de se cumprirem, então causariam grande impressão nas autoridades do convento que, sem dúvida, as teriam relatado ao arcebispo. As profecias estavam, com certeza, em exame desde 1831 e, em 1870, todas as predições feitas durante a primeira aparição, em 1830, tinham se realizado.
Catarina “sabia” que algumas das “graves calamidades” que se referiam a  “monsenhor, o arcebispo” aconteceriam logo, mas que outras previsões levariam “quarenta anos” para se cumprir. Durante as “graves calamidades” de mais uma revolução, a de 1848, outro arcebispo, monsenhor Affre, foi morto a tiros nas barricadas.
Em 1870, quarenta anos mais tarde, a cruz foi outra vez “calcada aos pés” e monsenhor Darboy, então arcebispo de Paris, foi assassinado no início da guerra franco-prussiana. Esses acontecimentos confirmaram as profecias que Catarina disse ter recebido da Senhora — exceto as pertinentes ao “mundo inteiro”.
De qualquer modo, não despacharam Catarina em 1830. Em vez disso, fizeram-na jurar segredo, com o que, é evidente, ela concordou. Esse procedimento não era incomum em conventos e mosteiros, quando ocorriam fenômenos extraordinários. Entretanto, o procedimento não se destinava a indicar a autenticidade de uma aparição, mas a reforçar a humildade, extirpar o orgulho e impedir a veneração de fenômenos raros que alguns poderiam interpretar como santos.
Porém o sigilo, em vez de castigo ou hospitalização, é clara indicação que os superiores de Catarina aceitaram o acontecimento sagrado como tal já em agosto de 1830.
No decorrer da primeira aparição, Catarina ouviu que teria uma missão. Mas só quatro meses depois, quando a Senhora voltou, ela descobriu qual seria essa missão.
Durante essa segunda aparição, o aspecto e as vestes da Senhora eram muito diferentes da primeira. Nas palavras de Catarina, ou nas palavras a ela atribuídas:
Em 27 de novembro de 1830, que caiu no sábado antes do primeiro domingo do Advento, às cinco e meia da tarde... ouvi um som semelhante ao farfalhar de um vestido de seda, vindo do púlpito perto do quadro de são José. Virando-me naquela direção, vi a Virgem Santíssima [flutuando] na altura do quadro. A Virgem estava de pé. Era de estatura média e estava toda trajada de branco. Seu vestido era da brancura da aurora, no estilo que se chama “a la Vierge” — isto é gola alta e mangas lisas. Um véu branco cobria-lhe a cabeça e descia dos dois lados, até os pés. Sob o véu, o cabelo cacheado estava preso com uma fita enfeitada de renda... Tinha o rosto descoberto, na verdade bem descoberto e tão belo que me parecia impossível descrever sua beleza arrebatadora. Tinha os pés apoiados em uma esfera branca, quer dizer, meia esfera, ou, pelo menos, eu só via a metade. Havia também uma serpente, verde com manchas amarelas. Em volta da Virgem Santíssima havia uma moldura ligeiramente oval. Dentro da moldura, estava escrito em letras de ouro: “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós”. A inscrição, em semicírculo, começava na altura da mão direita, passava por cima da cabeça e terminava na altura da mão esquerda. As mãos [agora] elevavam-se à altura do estômago e seguravam, de maneira muito natural, como se a oferecesse a Deus, uma esfera de ouro encimada por uma cruzinha dourada, que representava o mundo. Tinha os olhos baixos, não voltados para o céu. Seu rosto era de tal beleza que eu não saberia descrevê-lo. De repente, percebi anéis nos seus dedos, três anéis em cada dedo, o maior perto da base do dedo, um de tamanho médio no meio, o menor na ponta. Todos os anéis eram adornados de pedras preciosas, umas mais belas que as outras; as pedras maiores emitiam raios maiores e as menores, raios menores; partindo de todos os lados, os raios inundavam a base, de modo que eu não via mais os pés da Virgem Santíssima. Nesse momento, enquanto eu a contemplava, a Virgem Santíssima baixou os olhos e me fitou. Ouvi uma voz que disse estas palavras: “Esta esfera que você vê representa o mundo inteiro, em especial a França e cada pessoa em particular”. Não sei exprimir o que senti ao ouvir isso, o que vi, a beleza e o fulgor dos raios deslumbrantes. “Eles [os raios] são o símbolo das graças que derramo sobre os que as pedem. As pedras que não emitem raios são as graças que as almas se esquecem de pedir.” A esfera dourada desapareceu no brilho dos feixes de luz que irrompiam de todo os lados; as mãos voltaram-se para fora os braços inclinaram-se sob o peso dos tesouros de graças obtidas. Então a voz disse: “Mande cunhar uma medalha com este modelo. Todos os que a usarem receberão grandes graças e devem trazê-la ao pescoço. As graças serão abundantes para os que a usarem com confiança “. Nesse instante, pareceu-me que o quadro se virava vi o reverso da medalha: um grande M encimado por uma barra e uma cruz; abaixo do M estavam os corações de Jesus e Maria, um coroado de espinhos, o outro traspassado por uma espada.
Nesse momento, a aparição desapareceu “como uma vela que se apagasse”. Muitas
reproduções artísticas posteriores desta aparição não incluem o véu branco, mas incluem um manto azul ao redor dos ombros e dos braços, não mencionado na descrição feita por Catarina.
A mesma aparição de Maria Santíssima a Catarina repetiu-se quatro ou cinco vezes. A última foi em janeiro de 1831 e nela a Senhora disse que Catarina não a veria mais, porém com frequência ouviria “minha voz em suas orações”.
Os registros oficiais declaram que padre Aladel não ficou sabendo da segunda nem das aparições subsequentes por não estar interessado — o que nos leva a perguntar a quem elas foram relatadas, pois em nenhuma de minhas fontes isso é mencionado.
Mas em algum momento entre a segunda aparição e fevereiro de 1832, padre Aladel envolveu-se novamente. E, em maio, permitiu que um certo senhor Vachette cunhasse os primeiros dois mil exemplares da medalha.
A atitude de padre Aladel relaciona-se com o número de pessoas que conheciam os detalhes da aparição “secreta”. É bastante compreensível que padre Aladel não assumisse a responsabilidade de criar um artefato religioso antes de explicar os motivos aos superiores. Para a fabricação da medalha deve ter sido preciso a anuência
do diretor geral das Irmãs de Caridade e a aprovação, pelo menos tácita, do arcebispo de Quelen. Mas isso significava que o “sigilo” das aparições e da identidade de Catarina como a vidente não seria mantido como segredo exclusivo do convento. Além do mais, a medalha foi cunhada antes de se realizarem os inquéritos oficiais posteriores para estabelecer as circunstâncias de sua origem, inquéritos que teriam envolvido o pessoal do arcebispado.
As Irmãs de Caridade começaram imediatamente a dar a medalha aos doentes e pobres de quem cuidavam. Entendeu-se claramente que a origem da medalha era santa. Logo alguns pacientes relataram conversões e curas milagrosas e a medalha passou a ser conhecida como a Medalha Milagrosa. Curas e conversões semelhantes continuam a ocorrer.
Alguns relatos afirmam que a medalha só voltou a ser reproduzida vários anos após as aparições. Mas outros documentos aceitos como oficiais mencionam que nos dois anos seguintes (1832-1833), cinqüenta mil medalhas foram cunhadas e doadas ou vendidas. Na França, no outono de 1834, tinham sido vendidas mais quinhentas mil, dois milhões em 1836, um milhão um ano depois e mais de um bilhão tinham sido vendidos em todo o mundo quando Catarina morreu, em dezembro de 1876.
Registros oficialmente aceitos mencionam que os primeiros inquéritos sobre a autenticidade da aparição só se realizaram em 1836, mas a circulação da medalha foi aprovada em 1832 e, em 1836, dois milhões de medalhas haviam sido vendidos.
Assim, apesar dos planos de sigilo que cercaram a aparição e sua vidente, com cada uma das Medalhas Milagrosas a história simplesmente tinha de ser contada. Durante os anos seguintes, o único aspecto “secreto” da aparição parece ter sido o nome da vidente. A postulante Catarina Labouré, que não escondera seu desejo de ver a
Virgem Santíssima, tornou-se irmã Catarina em 30 de janeiro de 1831, pouco tempo depois da última aparição de Maria. Foi imediatamente designada para ser cozinheira no asilo de Enghien, na cidade de Reuilly.
Com essa ocupação, o instrumento de Maria Santíssima viveu no asilo os 46 anos seguintes. Suas condições eram humildes, mas é evidente que ela não se esforçou para melhorá-las. Guardou Silêncio voluntário sobre a aparição.
Esse silêncio era tão rigoroso que, em 1836, quando o arcebispo solicitou para que viesse a Paris depor no primeiro inquérito oficial, repetidas vezes ela pediu para ser dispensada, com o espantoso pretexto de não se lembrar dos detalhes da aparição. Nunca depôs. Isso é, quase com certeza, prova positiva que, antes de 1836, Catarina já havia sido aceita como instrumento de Maria Santíssima, pois o bispo poderia facilmente ter exigido sua presença, sob pena de castigo, até de excomunhão. Não o fez e nem outra pessoa a pressionou.
Pouco antes de sua morte tranquila em 31 de dezembro de 1876, pediram a Catarina para confirmar se, na verdade, foi ela quem viu “la Sainte Vierge”. E ela confirmou.
Em 1895, foram concedidos à Medalha Milagrosa missa e ofício próprios dentro da liturgia católica romana.
Corpo incorrupto de Santa Catarina de Labouré
A casa onde Catarina passou a infância transformou-se em museu. Em 1933, o corpo de Catarina, que havia muito tempo sepultado, foi exumado e “o exame médico considerou-o em perfeito estado de conservação com os olhos ainda azuis” (depois da morte, os olhos sempre escurecem e se decompõem depressa).
A conservação de seu corpo bastante tempo após a morte é automaticamente aceita como prova tangível de que o vidente foi escolhida especialmente por vontade divina.
O corpo de Catarina foi trasladado para a capela do convento da rue de Bac onde, durante algum tempo, pôde ser visto através de um vidro protetor. Hoje o corpo está sob o altar construído no lugar da primeira aparição da Virgem Santíssima na capela do convento e, em média, recebe mais de mil visitantes por dia, maravilhados e cheios de veneração.
Em 1947, o papa Pio XII canonizou santa Catarina Labouré. Uma das principais formas de veneração desta santa é a novena perpétua (rezada semanalmente) em honra de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. Iniciada em 1930, na Filadélfia, é rezada, desde então, em mais de cinco mil igrejas espalhadas pelo mundo todo.

Fonte: As grandes aparições de Maria: relatos de vinte e duas aparições/Ingo Swann, Paulinas, 2001


¹ - 02 de maio de 1806 – 31 de dezembro de 1876


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