"Não nos resta senão levantar os olhos e o coração para o Céu e implorar a Misericórdia de Deus, por intercessão de Nossa Senhora, Rainha de Todos os Santos, de São Bento, de São Pedro e de São Paulo, de São Lourenço e dos Santos todos do paraíso, desprezados e odiados por Lutero e seus seguidores, antes que a Justiça Divina nos surpreenda."
“Dies amara valde!”
Padre Romano
Domingo, 30 de outubro de 2016, ficará certamente
registrado na história como um dia trágico para a Itália, para a Igreja
Católica e para o mundo inteiro. Apesar de não ter deixado vítimas fatais, o
terremoto de magnitude 6,5 graus que atingiu cidades e povoações do centro da
Itália, já duramente provadas por outros recentes abalos sísmicos, foi o maior
registrado desde 1980, e deixou um saldo incalculável de danos ao patrimônio
religioso, artístico e cultural daquela região. Atingidas, em particular,
igrejas seculares, que simplesmente desabaram, tornando-se um monte de
entulhos.
Dentre tantos edifícios
sacros, destaca-se a basílica de São Bento, em Núrsia, construída sobre o lugar
do nascimento do Santo Abade, fundador do monaquismo ocidental, que está na
base da formação cristã, humana e cultural da Europa ocidental. Ao lado da
basílica existia, já há alguns anos, uma comunidade de beneditinos da antiga
observância, ligados à liturgia tradicional, que também ficaram desabrigados.
Da basílica, restou apenas a fachada.
Em Roma, o sismo foi sentido com
violência, obrigando o fechamento das basílicas de São Paulo fora dos muros e
de São Lourenço in Campo Verano, por conta de alguns danos causados pelo
terremoto, onde se encontram os corpos desses gloriosos mártires, que
testemunharam, na Cidade Eterna, com o próprio sangue, sua indefectível fé em
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Nesse mesmo dia se celebrava na Igreja,
segundo o calendário romano tradicional, a Festa de Cristo Rei, instituída por
Pio XI para ser celebrada no último domingo de outubro, a fim de afirmar a
realeza social de Nosso Senhor Jesus Cristo diante de uma sociedade que cada
vez mais se negava a aceitar o doce e suave jugo e o Império do Divino
Redentor. Esse foi também o último domingo do mês do Santo Rosário, mês no qual
Nossa Senhora, aparecendo pela última vez aos três pastorinhos, em
Fátima, no dia 13, declarou ser “a Senhora do Rosário” e realizou o milagre do
sol, com o qual Ela aparece revestida no livro do Apocalipse.
Mas, o que há em comum entre esses
acontecimentos aparentemente desconexos? Para quem tem fé, nada se dá por
acaso, e aquilo que é percebido apenas como uma fatalidade ou mera casualidade,
se observado de um ângulo puramente natural e contingente, revela-se, na
verdade, como um sinal de Deus, da sua Providência, da sua Misericórdia ou da
sua Justiça.
Ao considerarmos os terremotos que, desde
o dia 24 de agosto passado, causaram tantas vítimas e grandes danos materiais
no centro da Itália, ficamos impressionados ao verificar que as construções
mais atingidas foram as igrejas. Um jovem pároco da diocese de Ascoli-Piceno,
que teve todas as igrejas da sua paróquia destruídas ou seriamente danificadas,
disse que o demônio parecia ter desencadeado todo o seu ódio contra os templos
sagrados.
Foi assustador e doloroso ver
a basílica de São Bento, em Núrsia, desabar em alguns minutos, no último domingo,
permanecendo de pé somente a fachada, diante da qual um padre, algumas
religiosas e poucos fiéis, de joelhos, rezavam o terço e choravam. O
desmoronamento da basílica parecia ser o retrato do ocaso do Ocidente, da
civilização cristã, que encontrou em São Bento e na difusão de seus mosteiros
por toda a Europa, a luz do Evangelho, que uniu povos outrora bárbaros e
pagãos, e que foi a seiva de uma nova cultura e civilização. Este monumento
começou a ruir a partir do momento em que, com a Reforma Protestante, com o
surgimento dos Estados modernos e com o Iluminismo – todos eventos
intrinsecamente interligados -, iniciou a desligar-se de suas raízes, da
fé verdadeira, daquela fé defendida e testemunhada com o sangue de tantos
mártires, dentre os quais o Apóstolo São Paulo e o Diácono São Lourenço. A
Igreja de Roma estremeceu nos seus alicerces e deixou perplexos e assustados os
seus filhos. Um Cardeal presente em Roma, depois do tremor de terra ocorrido às
7:40 desse fatídico domingo, ao ver desmoronarem tantas igrejas, comentou com
outro colega Cardeal: “Não vês tu um dos sinais da iminente parusia?”.
O ocaso da civilização cristã parece vir
acompanhado do ocaso – ao menos externo – da própria Igreja que, como nunca,
parece um barco desgovernado. Não é apenas o solo de Roma que estremece por um
abalo sísmico, mas a própria Igreja, que vê o seu interior desmoronar, mantendo
apenas, tal como a basílica devastada, uma fachada de catolicidade. Nosso
Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, não só é rejeitado pelas nações e pela
sociedade, mas é ultrajado na sua própria Casa, chamada pelo Apóstolo das
Nações de coluna e fundamento da verdade, e é traído pelos seus amigos mais
íntimos.
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31 de outubro de 2016 – Papa participa, na Suécia, de cerimônia recordando os 500 anos da “Reforma”. |
O seu Vigário na Terra parte
para o norte outrora bárbaro para ‘comemorar’ – deixando antes bem ‘claro’ que
‘comemorar’ não é o mesmo que ‘celebrar’ (algum porta-voz da Santa Sé pode, por
favor, explicar com clareza para o povo, já completamente confuso e impregnado
de indiferença e relativismo, qual é mesmo a diferença entre comemorar e
celebrar?) – os 500 anos da Reforma Protestante, assinalando que Martinho
Lutero era um reformador bem intencionado, que a Igreja, àquela época, não era
um exemplo a ser seguido, e que, além do mais, deveríamos reconhecer os frutos
positivos desse movimento herético e cismático! O Papa – outrora odiado por
Lutero e pelos protestantes em geral – afirmou, em uma entrevista recente a uma
revista sueca dos jesuítas, intitulada ‘Signum’ (alguma correlação
com o “Signum Magnum” – Nossa Senhora – e o outro “Signum” – o dragão cor
de fogo – do Apocalipse?) que inicialmente a sua intenção não era de celebrar
nenhuma Missa na Suécia e que o fez para atender ao pedido da minoria católica.
Afinal de contas, o ponto alto dessa “visita apostólica” era a celebração ecumênica
para ‘comemorar’ a Reforma, realizada numa catedral luterana, onde o bispo de
Roma usou uma estola vermelha, ao lado de ‘bispos’ e ‘bispas’ luteranos,
paramentados da mesma forma.
“Dies amara valde”, isto é, “Dia de
Grande Amargura”, como diz o responsório “Libera me”, do rito de
absolvição das exéquias.
Não nos resta senão levantar os olhos e
o coração para o Céu e implorar a Misericórdia de Deus, por intercessão de
Nossa Senhora, Rainha de Todos os Santos, de São Bento, de São Pedro e de São
Paulo, de São Lourenço e dos Santos todos do paraíso, desprezados e odiados por
Lutero e seus seguidores, antes que a Justiça Divina nos surpreenda.
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