"QUE O SALVADOR COMUNICA À SUA IGREJA OS SEUS PRÓPRIOS BENS, DE TAL FORMA, QUE ELA EM TODA A SUA VIDA VISÍVEL E INVISÍVEL É UM PERFEITÍSSIMO RETRATO DE CRISTO.(…)"
Alberto Carlos Rosa
Ferreira das Neves Cabral
Escutemos o Papa Pio XII, em excertos da
sua encíclica “Mystici Corporis”, promulgada em 29 de Junho de 1943:
«Cristo é Autor e operador de Santidade.
Já que nenhum acto salutar pode haver que d’Ele não derive como Fonte Soberana.
Sem Mim – diz Ele – nada podeis fazer (Jo 15,5).
Se nos sentimos movidos à dor e
contrição dos pecados cometidos, se com temor e confiança filial nos
convertemos a Deus, é sempre a Sua Graça que nos comove. A Graça e a Glória
brotam da Sua inexaurível plenitude. Sobretudo aos membros mais eminentes do
Seu Corpo Místico, enriquece o Salvador, contìnuamente com os Dons do Conselho,
Fortaleza, Temor e Piedade; para que todo o Corpo cresça cada dia mais em
santidade e perfeição. E quando, com rito externo, se ministram os Sacramentos
da Santa Igreja, é Ele Quem opera o efeito deles nas almas. É Ele também que
nutrindo os fiéis com a Sua própria Carne e Sangue, serena os movimentos
desordernados das paixões; é Ele que aumenta as Graças e prepara a futura
Glória das almas e dos corpos. Todos esses tesouros da Sua Divina Bondade,
reparte Ele aos membros do Seu Corpo Místico, não só enquanto os obtém do
Eterno Pai, como Vítima Eucarística na Terra e como Vítima glorificada no Céu,
mostrando as Suas Chagas e apresentando as Suas Súplicas; mas também
porque “segundo a medida do Dom de Cristo”(Ef 4,7)escolhe, determina,
distribui, a cada um as Suas Graças. Donde se segue, que do Divino Redentor,
como de Fonte manancial, “todo o corpo, bem organizado e unido, recebe por
todas as articulações, segundo a medida de cada membro, o influxo e energia que
o faz crescer e aperfeiçoar na Caridade (Ef 4,16 //Col 2,19).
O que até aqui expusemos, Veneráveis
irmãos, explicando resumidamente o modo como Cristo Senhor Nosso, quer que da
Sua Divina plenitude desça sobre a Igreja a abundância dos Seus Dons, para que
ela se Lhe assemelhe o mais possível, serve para explicar a terceira razão que
demonstra como o Corpo Social da Igreja é Corpo de Cristo, isto é, por ser
nosso Salvador, Quem Divinamente sustenta a sociedade que fundou.
Observa Bellarmino, com muita
subtileza, que com esta denominação de Corpo, Jesus Cristo não quer dizer
sòmente que Ele é a Cabeça do Seu Corpo Místico, senão também que sustenta a
Igreja, de tal maneira QUE A IGREJA É COMO UMA SEGUNDA PERSONIFICAÇÃO DE
CRISTO. Afirma-o também o doutor das gentes quando, na Epístola aos Coríntios,
chama, sem mais, Cristo à Igreja (I Cor 12,12)imitando de certo modo o Divino
Mestre que quando o mesmo Doutor das gentes perseguia a Igreja lhe bradou:
“Saulo, Saulo, porque Me persegues?”(Act 9,4; 22,7; 26,14). Antes, São Gregório
Nisseno, diz-nos que o Apóstolo, repetidamente, chama Cristo à Igreja; nem vós,
Veneráveis irmãos, ignorais aquela sentença de Agostinho: “Cristo prega a
Cristo”.
Todavia essa nobilíssima denominação,
não deve entender-se, como se aquela inefável União, com que o Filho de Deus
assumiu uma Natureza Humana determinada, se estenda a toda a Igreja; mas
significa QUE O SALVADOR COMUNICA À SUA IGREJA OS SEUS PRÓPRIOS BENS, DE TAL
FORMA, QUE ELA EM TODA A SUA VIDA VISÍVEL E INVISÍVEL É UM PERFEITÍSSIMO
RETRATO DE CRISTO.(…)
Sem olvidar que NOSSO SENHOR JESUS
CRISTO E O SEU VIGÁRIO FORMAM UMA SÓ CABEÇA, como ensinou solenemente nosso
predecessor de imortal memória Bonifácio VIII, na Carta Apostólica “Unam
Sanctam”; e os seus sucessores não cessaram jamais de o repetir.»
A grande tragédia da condição humana
obriga-nos a sobre ela reflectir, quer no plano Histórico-Filosófico, quer no
plano Teológico. Os homens serão individualmente maus? Ou a maldade do mundo
decorre apenas da interacção entre eles? A Doutrina Católica ensina-nos que o
pecado original atinge ontològicamente, em primeiro lugar, todos os seres
humanos, mas o sexo masculino É QUE O TRANSMITE, razão pela qual é também
aquele em que as consequências desse pecado se repercutem com muito maior
violência. E não é necessário ser muito inteligente, ou muito culto, para
verificar experimentalmente que a maior parte do mal que existe, e sempre
existiu, no mundo é causado por varões. O que a vida social logra produzir,
frequentemente, é atenuar aparentemente a maldade das pessoas, na exacta medida
da resultante do equilíbrio entre todos os egoísmos individuais e colectivos.
Neste quadro conceptual, a denominada “paz” deste mundo, quando exista, não é A
PAZ DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, não é A TRANQUILIDADE NA ORDEM DIVINA, mas
sòmente o sempre precário equilíbrio das paixões, a nível social, nacional e
internacional.
Nenhum católico, mìnimamente digno desse
nome, poderia jamais aceitar o cargo deicida e apóstata de Secretário Geral das
Nações Unidas, organização arqui-inimiga da Fé Católica.
Numa Humanidade sem pecado original,
elevada Sobrenatural e Preternaturalmente, todos as inteligências se uniriam na
Verdade e todos os corações na Caridade – OS HOMENS NÃO SERIAM ESTRANHOS UNS
AOS OUTROS. Este constitui, aliás, um ponto nevrálgico das consequências do
pecado original: A DISSOCIAÇÃO MORAL DAS ALMAS UMAS DAS OUTRAS, MESMO ALMAS NA
GRAÇA DE DEUS, A OPACIDADE NAS RELAÇÕES HUMANAS, A DIFICULDADE DE APROXIMAÇÃO
ENTRE OS HOMENS. Jean-Paul Sartre, símbolo máximo do desespero e do ateísmo
postulatório do século XX, explorou até à náusea aquela que é uma das feridas
mais hiantes causadas pelo pecado original e pelos pecados actuais; ele próprio
afirmava: “O Inferno são os outros”.
Aqui reside já uma transformação
extremamente profunda da condição humana; efectivamente, a divisão hostil entre
nações, línguas, costumes, e grupos humanos, a própria emulação
desordenada entre os homens, não existiria sem pecado original.
Os Dons Preternaturais, sempre
concebidos ao serviço dos Dons Sobrenaturais, aperfeiçoam, extrìnsecamente,
estes, na exacta medida em que o sofrimento e a morte constituem privação de
ser, inaceitável no Paraíso Terrestre, onde vigorava uma pujança e uma
fecundidade de vida Sobrenatural só inferior à do Reino dos Céus.
No Paraíso Terrestre, o progresso moral
e religioso de cada geração seria integralmente recolhido pela geração
posterior, pois que as gerações sucessivas não se iriam acumulando sobre a
Terra, não morreriam é certo, mas ascenderiam ao Céu em corpo e alma, terminado
o seu percurso terrestre. Se alguém pecasse, morreria, mas o seu pecado não se
transmitiria ao conjunto dos homens, porque sòmente Adão fora constituído
cabeça do Género Humano. Além disso, pelo facto de não existir pecado original,
nem pecados actuais, não se poderia inferir a impossibilidade de crescimento em
santidade dos indivíduos e das gerações; processar-se-ia sim, com a Graça
superabundantíssima daquela privilegiada condição, um aprofundamento na
santidade muito mais rápido, e muito mais copioso, do que jamais poderíamos
sonhar neste nosso mundo infecto, neste oceano negro de pecados em que vivemos.
A grande tragédia deste nosso mundo é
estar corroído pela privação de ser, no plano moral pelo pecado, e no plano
físico pelas consequências do pecado: O sofrimento e a morte. Toda a Criação
está impregnada dessa privação de ser, esmagada que se encontra sob o Jugo das
consequências do pecado original.
De certo modo, todo o ente criado, PELO
FACTO DE SER CRIADO, sofre de determinada privação de ser, mas em sentido puramente
negativo. Pois a criatura, ainda que o Anjo mais perfeito, encontra-se
circunscrita pelos limites da sua essência, e a uma distância infinita do
Criador.
Mas o pecado impõe UMA PRIVAÇÃO POSITIVA
DE SER, porque embora a actividade das criaturas só possa ser norteada pelo
mesmo ser, e não pelo nada, acontece que a operação moral dissociada da
referência essencial à Lei Divina Natural e Sobrenatural, como que corrói essa
mesma operação. A privação positiva de ser não possui assim, nem causa eficiente,
nem causa exemplar, nem causa final – CONSTITUI SIMPLES RESULTADO.
Um mundo em que o mal é muito mais
pesado e abundante do que o Bem – embora este último, por sua mesma natureza,
tenda a não produzir qualquer ruído – exprime uma condição humana miserável, em
que cada geração – precisamente porque o pecado original a impede de recolher a
experiência moral da anterior – tende necessàriamente a repetir os erros
passados, e frequentemente – agravando-os.
A seita conciliar, há que reconhecê-lo,
conseguiu elaborar uma síntese dos mais monstruosos erros teológicos e
filosóficos passados (compêndio de todas as heresias – dizia São Pio X), COM A
AGRAVANTE EXTRAORDINÁRIA DE OS CONSEGUIR FAZER PASSAR POR CATÓLICOS PERANTE O
MUNDO INTEIRO! Depreende-se assim que os pecados acumulados pelas gerações
desde Adão, qual enxurrada do Inferno, como que desaguaram no ponto limite,
pré-escatológico, que assinala històricamente a exaustão de todas as
potencialidades sobrenaturais do Género Humano.
De certo modo, o pecado original foi o
acto fundador de todas as guerras, e sobretudo da guerra dos homens contra
Deus; foi satanás, que avassalando o seu poder sobre a Humanidade, inventou a
guerra total, a guerra atómica, que só ainda se não concretizou, devido ao já
citado equilíbrio dos egoísmos e da maldade humana, neste caso o equilíbrio do
terror. É aliás muito possível que o próximo patamar do terrorismo seja
precisamente o nível atómico.
Mas porque o cancro moral e religioso, o
anti-Cristo, está instalado no lugar santo, constitui este o verdadeiro engenho
termonuclear que ameaça, que já logrou, obliterar completamente qualquer noção
mínima de decência, mesmo estritamente natural, arruinando a própria essência
intelectual do Género Humano, separando-o profundamente de si mesmo, da sua
raiz mais básica de animal racional.
E que ninguém diga que a derrota da
Clinton constitui uma vitória moral dos bons. As esperanças que podemos ainda
alimentar, seguindo piedosamente a Mensagem de Fátima, encontram-se na Rússia e
não na América, nas forças espirituais e morais que sabemos que ainda lá
existem; se é certo que a grande massa do povo é pagã (o aborto é usado como
método contraceptivo), devemos fundamentalmente apelar para as elites, pois a
conversão de uma Nação exige apenas a da sua fina-flor; insiste-se, conversão
AO CATOLICISMO ETERNO E NÃO À ORTODOXIA.
A recordação do Paraíso Terrestre, das
suas ubérrimas riquezas preternaturais e sobrenaturais, da sua total e
intemerata consagração a Deus, deve constituir para nós um estímulo, uma consolação,
e sobretudo um motivo de conpunção: É possível um mundo terreno melhor do que
este; Deus, efectivamente, o preparou para nós; mas a maldade humana, a soberba
humana, destruiu-o.
O limbo das crianças, é um Paraíso
escatológico, Eterno, preternatural, MAS NÃO SOBRENATURAL. Tal não produzirá
sofrimento algum aos seus habitantes, pois não tendo sido elevados à Ordem
Sobrenatural, ontològicamente, não possuirão essa exigência.
Mas o Reino Eterno dos Céus superará,
essencialmente, absolutamente, o próprio Paraíso Terrestre, pois neste o homem
não via a Deus face a face, com a Essência Divina comunicando-Se directamente,
sem mediação alguma objectiva, à inteligência dos eleitos. Mas como poderá Deus
fazer-Se acidente na inteligência humana? É evidente que tal não significa que
Deus Se faça, ONTOLÒGICAMENTE, acidente dos eleitos; apenas indica uma
acidentalidade, LÓGICA, na inteligência dos mesmos eleitos. Anàlogamente, o
conhecimento que nós temos do mundo não implica que esse mesmo mundo se
constitua, ontològicamente, um acidente nosso; mas sòmente um acidente lógico
na nossa inteligência. O facto de na Visão Beatífica a espécie inteligível ser
a própria Essência Divina; e no conhecimento que temos do mundo as espécies
inteligíveis na nossa inteligência, serem distintas das formas substanciais das
coisas, MAS ORDENADAS TRANSCENDENTALMENTE A ESTAS; não infirma a relação e a
função estritamente lógica da Essência Divina com a inteligência dos eleitos.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 19 de Dezembro de 2016
Alberto Carlos Rosa Ferreira das Neves
Cabral
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