Anjo, cemitério de Comillas, Espanha. |
Muitos pregadores imaginam que, anunciando-o, assustariam seus ouvintes, e assim não o fazem. Ora, a missão dos profetas tem sido frequentemente de convocar o povo à penitência, anunciando castigos.
Se forem ouvidos, o castigo se desviará. Se não forem ouvidos, o castigo se desencadeará.
É uma questão de fidelidade a Nossa Senhora anunciar a Mensagem de Fátima na sua inteireza.
Na verdade, há um ponderável número de almas que, por si mesmas, formaram a noção do desconcerto do mundo moderno, e de que, sem uma intervenção extraordinária da Providência, esse mundo não tem conserto.
Tais almas cultivam, no segredo dos seus corações, a esperança dessa intervenção e se sentiriam confirmadas ao ouvir o mesmo diagnóstico dos lábios dos pastores da Igreja.
Não é, pois, de temer que almas assim se assustassem com a profecia do Castigo; pelo contrário, exultarão com o prenúncio da vitória do bem sobre o mal.
Como o profeta Simeão ficou consolado ao ver o Messias nos braços da Santíssima Virgem: “Agora, Senhor, podeis deixar partir o vosso servo em paz, porque os meus olhos viram a vossa salvação” (Lc 2, 29-30).
Quarta folha do 3º Segreo em que a Irmã Lúcia descreve o Anjo com espada de fogo. |
A pergunta dispensou resposta...
O Cardeal Agostino Casaroli, Secretário de Estado da Santa Sé sob o pontificado de Paulo VI e condutor dessa política, declarou em 1974, quando esteve em Cuba, que os católicos desse país se consideravam felizes sob o regime ali vigente.
Era uma maneira clara de indicar que tal política visava a “queda das barreiras ideológicas” entre Igreja e comunismo.
Tal abertura da Igreja ao comunismo não passou despercebida aos próceres do partido.
Mons. Cesar Zacchi recepciona Fidel Castro no Palácio da Nunciatura em Havana |
“Partindo de uma situação histórica de miséria e de opressão, e das práticas concretas das ‘comunidades eclesiais de base’, nasceram desta dupla experiência, a partir de 1970, as teologias da libertação.
“Elas se baseavam na opção evangélica preferencial pelos mais desprovidos” (Roger Garaudy, Intégrismes, Pierre Belfond, Paris, 1990, pp.50-51).
O governo soviético russo concordou em dar autorização para que a Igreja Ortodoxa Russa enviasse esses representantes, com a condição de que o Concílio se abstivesse de qualquer condenação do comunismo.
O Papa aceitou essa condição.
Esse fato explica que a petição de 213 Padres conciliares em sentido oposto — isto é, de que o Concílio condenasse os erros do marxismo, do socialismo e do comunismo (Cfr. Catolicismo, n° 157, janeiro de 1964, p. 5) — não tivesse sido levada em conta nem por João XXIII nem por Paulo VI.
Observadores da Igreja cismática russa chegam ao Concílio Vaticano II, patrocinados pela KGB |
Mas é possível haver “um sincero e prudente diálogo” com dirigentes ateus de um Estado laico assanhado contra a Igreja, como a Gaudium et spes descreve?
Como imaginar, pois, que esses governantes se prestassem a colaborar para uma “reta edificação deste mundo no qual vivem em comum”? — Era uma esperança frustra, como provaram os 50 anos decorridos desde então.
O 3° Segredo de Fátima nos apresenta uma imensa fileira de leigos católicos de todas as condições sociais, precedidos por Papa, bispos e sacerdotes, religiosos e religiosas, que sobem uma escabrosa montanha, no cimo da qual são recebidos a tiros e setas por um grupo de soldados. Esta cena evoca os pelotões de fuzilamento de regimes comunistas...
Tal lembrança teria sido inoportuna em tempos de ralliement com o comunismo!
O Cardeal Silva Henriquez, então arcebispo de Santiago do Chile abraça o presidente marxista Salvador Allende |
Portanto, do que existe hoje, algo ficará de pé. Pode-se pensar que a destruição será seletiva...
Na encíclica Immortale Dei, Leão XIII observava que, em tempos passados — e é intuitiva a remissão dele à Idade Média —“a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, frutos cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer”.
Se tais “documentos”, “artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer”, a fortiori se deve inferir que Deus os preservará, ao desencadear o Castigo.
Que documentos são esses?
A memória do passado subsiste não apenas em documentos históricos, mas também no cerne das leis e das instituições consolidado ao longo dos séculos; bem como, de modo ainda mais visível, nos monumentos que o tempo e os homens não destruíram.
Exemplo de causar arrepio e espanto foi a intenção dos revolucionários de 1789 de demolir a Catedral de Notre-Dame de Paris — essa joia da Cristandade medieval.
Ela chegou a ser posta à venda e surgiu até um comprador. Com as perturbações da Revolução, o comprador não chegou a pagar e a compra se desfez.
Eles investem com ódio cego contra os princípios sagrados da família que ainda restam de pé, e pretendem, entre outros maléficos desígnios, transtornar a própria natureza biológica do homem, propugnando o que chamam Ideologia de Gênero.
Segundo esta, não se nasce homem ou mulher, mas cada um se faz homem ou mulher segundo seus pendores pessoais. Uma concepção inaudita!
É consolador ver que muitos de nossos contemporâneos, que antes assistiam passivamente as investidas revolucionárias, hoje começam a reagir e criam obstáculos inesperados a essa ousadia final da Revolução*.
Uma coisa é certa: Nossa Senhora assegurou: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!” |
Não sem profunda emoção se vê surgir, na cena final do 3° Segredo, a inesperada fileira dos que estavam longe de Deus, e que, reaproximando-se d’Ele, são ungidos com o sangue dos mártires, recolhido pouco antes por dois Anjos, em regadores de cristal, sob os braços da Cruz.
A esses beneficiários ignotos do sangue dos mártires, segundo o princípio enunciado por Tertuliano, caberá juntar com amor os restos da Cristandade e reedificar sobre eles a civilização cristã do futuro, elevando-a ao máximo esplendor, não alcançado durante a Idade Média.
Para isso, deverão remover todos os escombros do Estado laico, igualitário e ateu que tiverem restado na face da Terra e reconstruir sobre eles uma “civilização cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, anti-igualitária e antiliberal”, como ensina o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em Revolução e Contra-Revolução*.
Tudo com um tônus profundamente marial, segundo preconiza São Luís Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção (n° 217):
— “Quando virá o dia em que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar?”
Não sabemos quando isso ocorrerá. Uma coisa, porém, é certa: tal se dará efetivamente, pois Nossa Senhora assegurou, no final do 2° Segredo: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”
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