Seja por sempre e em todas partes conhecido, adorado, bendito, amado, servido e glorificado o diviníssimo Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

Nota do blog Salve Regina: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.” Mons. Marcel Lefebvre

Pax Domini sit semper tecum

Item 4º do Juramento Anti-modernista São PIO X: "Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente" - JURAMENTO ANTI-MODERNISTA

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Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Declaração do Pe. Camel.

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Ao negar a celebração da Missa Tradicional ou ao obstruir e a discriminar, comportam-se como um administrador infiel e caprichoso que, contrariamente às instruções do pai da casa - tem a despensa trancada ou como uma madrasta má que dá às crianças uma dose deficiente. É possível que esses clérigos tenham medo do grande poder da verdade que irradia da celebração da Missa Tradicional. Pode comparar-se a Missa Tradicional a um leão: soltem-no e ele defender-se-á sozinho”. - D. Athanasius Schneider

"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa (desde que não se falte à verdade), sendo obra de caridade gritar: Eis o lobo!, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado".- São Francisco de Sales

“E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos”. - Padre Amando Adriano Lochu

"MALDITOS os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável SALVADOR seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteão de falsos deuses". - Padre Emmanuel

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06/08/2012

EXPLICAÇÃO DA SANTA MISSA - PARTES VIII, IX E X


EXPLICAÇÃO DA SANTA MISSA
Autor: pe. Martinho de Cochem (1630-1712)
Fonte: Lista "Tradição Católica"
Digitalização: Carlos Melo

VIII. NA SANTA MISSA, JESUS CRISTO RENOVA SUA PAIXÃO
Entre todos os mistérios do Senhor, a meditação que nos é mais útil e merece de nossa parte mais reconhecimento e veneração, é a Paixão dolorosa, pela qual fomos resgatados. Os santos Padres dizem, a este respeito, coisas sublimes e garantem, da parte de Deus, grande recompensa às almas que nela meditam com fervor. Há muitos modos para bem honrar a Paixão: contudo, nenhum parece mais perfeito do que a piedosa assistência à santa Missa, visto que a Paixão e a Morte do Salvador se renovam no altar.
Com efeito, na Missa, tudo recorda, tudo simboliza a Paixão. A Cruz encima o altar. Por toda a parte, vê-se o sinal da Cruz; é marcado cinco vezes sobre a pedra sagrada. Impresso sobre a Hóstia. Desenhado no missal, na página que precede o cânon. Bordado sobre o amicto, o manípulo, a estola, a casula. Gravado na patena, no pé do cálice. O sacerdote o faz dezesseis vezes sobre si mesmo, e vinte e nove vezes, sobre a oferenda. Quantos indícios do renovamento do Sacrifício da Cruz!
§1. De que maneira Jesus Cristo renova sua Paixão?
Embora Nosso Senhor tenha dito na última Ceia: "Fazei isto em memória de mim", contudo o Sacrifício da Missa não é uma simples memória, porém a renovação da Paixão. A Igreja ensina: "Se alguém disser que o Sacrifício da Missa é apenas a lembrança do Sacrifício consumado na Cruz, seja anatematizado". E noutra parte: "No divino Sacrifício está presente e imolado, de modo incruento, o mesmo Cristo que se ofereceu uma vez, de modo cruento, sobre o altar da Cruz".
Este testemunho, por si, deveria bastar, pois que somos obrigados a crer tudo o que a Santa Igreja nos ensina. Entretanto, a Igreja explica-se da forma seguinte: "A vítima que se oferece pelo ministério do sacerdote, é a mesma que foi oferecida na Cruz; somente difere a forma de oferece-la".
Sobre a Cruz, Jesus Cristo foi imolado, de modo cruento, pelas mãos sacrílegas dos carrascos; no altar, imola-se pelo ministério dos sacerdotes, de modo místico.
A Igreja emprega muitas vezes, no missal, a palavra "imolar". Santo Agostinho serve-se dela igualmente: "Jesus Cristo foi imolado, uma vez, de maneira cruenta, sobre a Cruz; é agora imolado cada dia, sacramentalmente, pela salvação do povo" (Epist. Ad Bonifac). Esta expressão é notável e acha-se, mais de cem vezes, na Escritura Sagrada para designar a oblação dos animais. Se a Igreja se serve dela a respeito da santa Missa, é para indicar que o Santo Sacrifício não consiste somente na pronunciação das palavras da consagração nem na elevação das espécies sacramentais, mas na imolação verdadeira, embora mística, do divino Cordeiro.
"A Paixão de Cristo é o próprio sacrifício que oferecemos" diz São Cipriano (Epist. Ad Caeciliam). Em outros termos: "Quando celebramos a santa Missa, renovamos todas as cenas da Paixão de Cristo". São Gregório é ainda mais explícito: "Aquele que ressuscitou dentre os mortos, diz ele, não morre mais; entretanto, sofre ainda por nós, de maneira misteriosa, no santo Sancrifício da Missa" (Homilia 137). Teodoreto não é menos claro: "Não oferecemos outro sacrifício senão o que foi oferecido sobre a Cruz" (In cap. 8 Hebr.).
Poderíamos citar muitos outros testemunhos, mas para abreviar, contentamo-nos com o da Igreja infalível que reza assim na "Secreta" 9ª dominga depois de Pentecostes: "Concedei-nos, Senhor, nós vos pedimos, celebrar dignamente este mistério porque, todas as vezes que é celebrado, cumpre-se a obra de nossa redenção".
Bem que Jesus Cristo não se imole fisicamente na santa Missa, todavia mostra-se toda a corte celeste sob a forma lastimosa que tinha durante a flagelação, o coroamento de espinhos, a crucifixão e isto tão ao vivo, como se verdadeiramente sofresse todas estas torturas. "A santa Missa, escreve Marchant, não é unicamente uma representação da Paixão, porém sua repetição mística, não cruenta. Se o Cordeiro de Deus tomou, uma vez, sobre Si os pecados do mundo para apagá-los com o seu Sangue, assume, todos os dias, nossas faltas para expiá-las sobre o altar.
Acabamos de mostrar como Jesus Cristo renova sua Paixão na santa Missa; expliquemos agora os motivos que o guiam.
O piedoso Pe. Segneri exprime-se deste modo: "Durante sua vida terrestre, o Cristo, em virtude de sua presciência divina, previa que milhões de homens se condenariam, apesar de sua Paixão. Mas, como verdadeiro irmão, desejava salvar as almas, e encheu-se de uma incomensurável compaixão à vista de sua perdição eterna, a tal ponto que propôs a seu Pai vicar suspenso na Cruz, não três horas, mas até o fim do mundo, para poder, por esse longo tormento, por suas lágrimas contínuas, pela efusão de seu Sangue, por suas ardentes orações, por seus suspiros, aplacar a divina justiça, excitar a misericórdia e assim achar o meio de impedir a perda de tão grande multidão de almas" (Hom. christ. disc. 12).
São Boaventura, o bem-aventurado Ávila e outros atribuem também esta vontade de Jesus misericordiosíssimo.
O Pai eterno não se rendeu ao desejo de seu Filho e respondeu-lhe que três horas de semelhantes torturas eram mais que suficientes e o que não quisesse aproveitar os méritos da Paixão não poderia acusar senão a si mesmo de sua eterna condenação.
Esta recusa não extinguiu o amor do Salvador, pelo contrário, mais o inflamou e levou a um desejo mais vivo de vir em socorro dos pobres pecadores. Foi então que encontrou na infinita sabedoria outro meio de permanecer sobre a terra depois da morte e continuar sua Paixão, orando a Deus pela nossa salvação como fez pregado na Cruz. Este meio foi o santo Sacrifício da Missa.
São Lourenço Justiniano fala assim da constante oração de Jesus: "Enquanto o Cristo é oferecido sobre o altar, clama para seu Pai e mostra-lhe as chagas a fim de que se digne preservar os homens das penas eternas" (Sermo de Corpo. Christ). Quem poderia medir a eficácia desta oração sublime, indo direta do altar ao coração do Pai celeste? Quantas vezes os povos e as nações não teriam perecido, se Nosso Senhor não tivesse orado sobre eles? Quantos milhares de bem aventurados se retorceriam nas chamas do inferno, se Jesus Cristo não os tivesse guardado pela sua intercessão poderosíssima! Pois bem, pecadores, ide pressurosos à santa Missa, a fim de participardes dos efeitos desta oração, de serdes preservados de todo o mal e obterdes, por Jesus Cristo, o que não podereis obter por vós mesmos.
Vedes que o principal motivo pelo qual Jesus Cristo renova sua Paixão na santa Missa, é o de orar por nós e inclinar seu Pai à misericórdia, tão eficazmente como o fez sobre a Cruz. Mas Jesus Cristo quer também, pela santa Missa, aplicar-nos os méritos do Sacrifício da Cruz.
Lembrai-vos que o Salvador, durante toda sua vida e, principalmente, na Cruz, adquiriu um tesouro infinito de méritos que, naquela ocasião, apenas derramou sobre um número limitado de fiéis, que agora derrama em profusão por diferentes vias, principalmente na santa Missa. "O que na Cruz foi um sacrifício de redenção, disse um mestre da vida espiritual, na Missa torna-se um sacrifício de apropriação, em que cada qual participa dos méritos e da virtude do Sacrifício da Cruz". Em outros termos: se assistirmos piedosamente à Missa, a virtude, os méritos da Paixão serão apropriados a cada um de nós, segundo nossas disposições.
E para que Jesus Cristo põe em nosso poder um tesouro tão precioso? Ele o disse a Santa Matilde: "Vê, dou-te todas as amarguras de minha Paixão para que as consideres como teu próprio bem e, depois, tornes a mas oferecer". Portanto, se dizes: "Ó Jesus, ofereço-Vos Vossa dolorosa Paixão", ele vos responderá: "Meu filho, dou-te duas vezes o seu preço". E se continuas: "Ó Jesus, ofereço-Vos Vosso Sangue precioso", o Salvador responder-te-á ainda: "Meu filho, lavo-te nele duas vezes". Em uma palavra, quantas vezes ofereceres ao Senhor qualquer de seus sofrimentos, tantas vezes eles hão de reverte com duplo valor. Que meio fácil de se enriquecer com as melhores graças!
Outra razão do renovamento da Paixão parece-nos esta:
Todos os fiéis não puderam assistir ao Sacrifício da Cruz; o Salvador, entretanto, não quis privá-los de tão grande vantagem; por isso liga à audição da Missa os mesmos frutos que teriam adquirido ao pé da Cruz.
Vede quanto é grande o nosso Sacrifício. Não é somente um memorial do grande, do perfeito, do único Sacrifício da Cruz, mas é este mesmo Sacrifício produzindo todos os seus efeitos. Jesus Cristo ordenou que a Igreja oferecesse sempre o mesmo Sacrifício que ele ofereceu sobre a Cruz, o mesmo em sua essência, diferente embora pela forma, pois não há efusão de sangue; o mesmo quanto à abundância de graças, porque, sendo idêntico ao Sacrifício da Cruz, tem a mesma virtude e aparece ao Pai celeste tão agradável como o Sacrifício cruento da Cruz. A santa Igreja, ainda uma vez afirma-o expressamente, dizendo: "O Sacrifício da Missa e o da Cruz são o mesmo sacrifício".
Não há, por conseguinte, mais dúvida: pela nossa assistência à santa Missa, tornamo-nos tão agradáveis a Nosso Senhor e lucramos tantas vantagens, como se tivéssemos assistido à sua crucifixão. Que imenso favor podermos, quotidianamente, ser testemunhas da Paixão do Salvador e recolher-lhe os frutos; podermos cercar a Cruz do Salvador moribundo, considerá-lo, falar-lhe, lastimá-lo, confiar-lhe nossas penas, receber-lhe socorros e consolações, como o fizeram a Mãe das Dores, o discípulo predileto e Maria Madalena!
Cristãos, aproveitem o santo Sacrifício do Altar, todos os dias, e rendei graças a Jesus, divino zelador de nossas almas!

IX. NA SANTA MISSA, JESUS CRISTO RENOVA SUA MORTE
"Não há maior prova de amor de que dar a própria vida por seus amigos" (Jo., 15, 13). Estas palavras Nosso Senhor as pronunciou algumas horas antes de cumprí-las.
Com efeito, dar a vida, que é o mais precioso bem do homem, por uma pessoa, é o maior ato de generosidade possível.
O amor de Jesus Cristo foi, incomparavelmente, mais longe ainda, visto que deu a vida, a mais nobre, a mais santa que jamais houve, não somente por seus amigos, como também pelos próprios inimigos! E acrescenta: "Dou minha vida por minhas ovelhas" (Jo. 10, 15). Não disse: Darei minha vida, nem dei-a, mas "Eu a dou", o que significa que continua a dá-la sempre. Esta imolação se realiza, cada dia, na Santa Missa da maneira seguinte:
Era uso, antigamente, representar a Paixão por um drama. Em certos lugares, notadamente em Oberammergau, este costume manteve-se até hoje e atrai milhares de espectadores de todas as partes do mundo. Prega-se na cruz um homem que nela fica suspenso até que pareça exalar o último suspiro em sofrimentos extremos, e isto tão ao natural, que os assistentes fundem-se em lágrimas. Na santa Missa, porém, ninguém faz o papel de Jesus Cristo moribundo, mas é o próprio Senhor que se imola. Não quis Ele confiar o cumprimento deste Sacrifício nem a um Anjo nem a um Santo, porque os julgava incapazes de executa-lo inteiramente, e sabia que sua presença não enterneceria o coração do Pai no mesmo grau. Eis porque renova, em cada Missa, sua morte dolorosíssima tal como se realizou sobre o Calvário.
Quando, na última Ceia, instituiu o Santíssimo Sacramento, não quis faze-lo nem de uma só vez nem de uma só espécie, porém quis consagrar duas vezes e sob duas espécies, e isto para nos lembrar, mais vivamente, sua morte. Ainda que, debaixo da espécie de pão, o Sangue esteja também presente, e ainda que o Corpo se ache sob a espécie do vinho, contudo, pela consagração feita sob as duas espécies e pela força das palavras sacramentais, o Corpo é chamado sob apenas as espécies de pão e o Sangue sob as do vinho, de modo a representar, claramente, a separação de um do outro, o que é a própria morte, embora repetimos, por concomitância, o Corpo esteja também sob a espécie de vinho, e o Sangue, sob a do pão.
Lancício escreve sobre este assunto: "Como a morte é motivada pela separação do sangue do corpo, e como Jesus Cristo morreu sobre a Cruz por esta separação natural, na Missa também, sua morte nos é representada pela separação do seu Sangue" (De Missa, tom. 2, c. 5).
Morrendo sob os olhos de seu Pai, Jesus testemunha-lhe a mesma obediência perfeitíssima que lhe testemunhou, morrendo sobre a Cruz. Foi submisso em tudo, mas nada custou tanto à sua natureza humana como fazer-se "obediente até a morte e a morte de Cruz" (Fil., 2, 8). Também esta obediência foi tão agradável a Deus que, para recompensa-la, "Deus elevou-o soberanamente e deu-lhe o nome que está acima de todo o nome". Como dissemos, esta obediência perfeita o Salvador oferece-a a seu Pai durante a Missa e, com ela, as magníficas virtudes que praticou na perfeita inocência, na profunda humildade, na inalterável paciência, na ardente caridade, não somente para seu Pai celeste, como também para os seus carrascos, seus inimigos e todos os pecadores.
Jesus mostra também a seu Pai as amargas dores sofridas na Cruz: sua agonia inexprimível, os terrores que o oprimiram, os membros deslocados, a lança que lhe traspassou o coração. Tudo isto representado tão ao vivo como se ainda estivesse sobre o Calvário. E como então aplacara a cólera de seu Pai e havia reconciliado o mundo, comove ainda este coração paterno em nosso favor em cada Missa, prosseguindo assim a obra de nossa redenção.
Vejamos também, segundo os doutores, o grande proveito que nos garante esta morte mística.
São Gregório diz: "Este Sacrifício preserva a alma da perdição eterna, renovando a morte do Filho de Deus". Consoladoras palavras para os que, à vista de seus pecados, temem o inferno, pois o santo Papa afirma, expressamente, que a imolação do Salvador se efetua, misticamente, na santa Missa, e proclama-lhe a virtude para nos preservar da morte eterna. Quereis escapar ao inferno? Ouvi bem a santa Missa, honrai a morte de Jesus Cristo e oferecei-a a Deus Padre.
Segundo o sábio Mansi, a santa Missa é um simples memorial do Sacrifício cruento da cruz, visto que a mesma vítima que foi oferecida no Calvário é também nela ofertada; portanto, este sacrifício místico não tem menos valor que o sacrifício cruento.
O que escreve o cardeal Hosius a respeito não é menos consolador. "Bem que, na santa Missa, diz ele, não imolemos Jesus Cristo fisicamente, pela segunda vez, contudo os méritos de sua morte nos são aplicados de modo tão eficaz como se ela fosse atual" (De Euchar. c. 41). E, para nos penetrar bem desta verdade, o cardeal acrescenta: "Sim, neste mistério, a Morte de Cristo e os frutos desta morte nos são apropriados como se Jesus morresse realmente".
Ruperto, abade de Deutz, diz: "Tanto é verdade que Jesus Cristo, suspenso na Cruz, obteve o perdão dos pecados a todos os que tinham esperado sua vinda, desde o começo do mundo, como é verdade que, sob as espécies do pão e do vinho, nos alcança a mesma graça" (In Joann). O padre Segneri trata deste assunto igualmente: "O Sacrifício da cruz foi a causa geral da remissão dos pecados: o Sacrifício do Altar é a causa particular que apropria a este ou àquele os efeitos do precioso Sangue. A Paixão e a Morte do Salvador acumularam este tesouro; a santa Missa o distribui. A Morte de Cristo é a tesouraria, e a santa Missa, a chave para abri-la" (In Homine Christ. disc. 12. c. 9).
Possam essas palavras animar os que são pobres de méritos e tirá-los do Coração de Jesus, pela assistência à santa Missa.
A Santíssima Virgem disse, um dia, ao seu fiel servo Alano: "Meu Filho ama tanto aos que assistem ao Sacrifício que, se fosse possível, morreria por eles tantas vezes quantas ouvissem a santa Missa" (B Alan. rediviv. p. 2; c. 7, n. 26). Palavras apenas críveis, e, entretanto, exprimem somente o amor infinito que leva Nosso Senhor a morrer, diariamente, não uma vez, mas milhares de vezes, pelos pobres pecadores.
Vai, pois, cada dia à Missa, assiste-a com toda a devoção possível; lembra-te que acompanhas a Jesus Cristo ao Gólgota e à morte, "porque, diz o autor da "Imitação de Cristo", quando celebrares, ou assistires a Missa, este divino Sacrifício deve parecer-te tão grande, tão novo, tão digno de amor, como se nesse mesmo dia, Jesus Cristo, suspenso na Cruz, sofresse e morresse pela salvação dos homens".

X. NA SANTA MISSA, JESUS CRISTO RENOVA A EFUSÃO DE SEU SANGUE
"Moisés", diz o Apóstolo São Paulo na Epístola aos Hebreus, "depois de haver proclamado, diante de todo o povo, os mandamentos segundo o teor da lei, tomou o sangue dos touros e dos bodes e, com água, lã tinta de escarlate e hissopo, aspergiu o livro e todo o povo, dizendo: É este o sangue do testamento que Deus fez em vosso favor. Aspergiu ainda, com sangue, o tabernáculo e todos os vasos que serviam ao culto. E, conforme a lei, quase tudo se purifica com o sangue, e os pecados não são remidos sem efusão de sangue" (Heb. 9, 19).
Essa efusão e aspersão do sangue das vítimas eram o símbolo do precioso Sangue de Nosso Senhor, em que devíamos ser purificados inteiramente como em um banho, como nos diz ainda São Paulo: "Se o sangue dos bodes e dos touros e a aspersão d'água, misturada com a cinza de uma novilha, santificarem os que foram manchados, dando-lhes uma pureza exterior e carnal, quanto mais o Sangue do Cristo que, pelo Espírito Santo, se ofereceu a Deus como vítima sem mancha, purificará nossa consciência das obras mortas e das manchas que temos contraído por nossos pecados, para nos fazer render um culto mais perfeito ao Deus vivo!" (Heb. 9, 13).
Alguém poderia entristecer-se e dizer: "Jesus Cristo derramou o Sangue em sua paixão e aspergiu os fiéis que então viviam; nós, porém, que não éramos nascidos, fomos privados desta graça imensa".
Não te aflijas, leitor, o Sangue do Salvador correu para ti tão abundante, como para os fiéis de então. São Paulo assim diz expressamente. O Cristo resgatou "todos". Morreu por "todos": pelos justos de sua época, por ti, por mim, por aqueles que virão depois de nós. Além disso, achou um meio de derramar o Sangue todos os dias, de aspergi-lo sobre nossas almas, purificando-as. Este meio é a santa Missa.
Demonstramo-lo, principalmente, pelas palavras de Santo Agostinho: "Na Missa, o Sangue de Cristo é derramado pelos pecadores". Está dito assas claramente, de forma que não há necessidade de comentários. São João Crisóstomo ensina também: "O Cordeiro de Deus é imolado por nós; o Sangue corre, misticamente, sobre o altar, para nos purificar; foi tirado do lado traspassado do Salvador e derrama-se no cálice".
Na Missa, as mãos do Salvador são invisivelmente feridas, os pés, traspassados, o lado, aberto, e o Sangue corre-lhe em borbotões. Podemos, pela contrição, apropriar-nos de seus méritos; podemos também consegui-lo por nossos desejos ardentes, pela santa Comunhão, mas, especialmente, pela piedosa assistência à Missa, porque, na Missa, pelas palavras da consagração, o sacerdote tira, do lado de Cristo, o Sangue divino, a fim de que corra para a remissão de nossos pecados, nossa purificação e nossa santificação.
O Sangue que brotou do lado do Senhor acha-se no cálice, onde está para a remissão dos pecados, como o indicam as palavras da consagração: "Este é o cálice de meu sangue, derramado por vós e por muitos, em remissão dos pecados". Estas palavras, proferidas por Jesus na primeira consagração, o sacerdote as repete, seguindo a ordem do próprio Salvador, não como se quisesse simplesmente recordar o que disse Jesus Cristo sobre o cálice - neste caso não consagraria, - mas para realizar e afirmar a mudança do vinho no precioso Sangue.
O sacerdote não diz somente: "Este é o cálice de meu Sangue"; acrescenta: "derramado por vós e por muitos, em remissão dos pecados". Ora, tendo sido infalivelmente cumpridas as primeiras palavras, as últimas devem sê-lo também. Há, pois, efusão de sangue, "por vós e por muitos", isto é, por vós que assistis à santa Missa; pelos ausentes. Pelos que a mandam celebrar; pelos que assistiriam se pudessem; também pelos que são impedidos por moléstias, ou negócios importantes, contanto que se unam ao santo Sacrifício, ou se lhe recomendem.
Oh sublime mistério! O doce Jesus, depois de ter derramado o Sangue até a última gota, quer ainda derramá-lo por nós, cada dia e a cada hora, a fim de que sejamos limpos de pecados, e para nos assegurar a salvação eterna. Que incomparável benefício é, pois, a santa Missa para os que a ouvem devotamente, pois que Santo Ambrósio nos repete: "Para a remissão dos pecados, o Sangue de Cristo é derramado!" (Dal. Mirac. vol. 2: dist. 9, cap. 22, p. 181).
Dentre os muitos fatos miraculosos que apóiam esse artigo de fé, escolhemos o que sucedeu ao padre Pedro Cavanelas, da Ordem dos Jerônimos.
Este religioso vivia, desde muito tempo, oprimido pela dúvida de que o precioso Sangue se achasse também na santa Hóstia. Chegando, um dia, na Missa, às palavras que seguem a elevação: "Supplices te rogamus, - nós vos suplicamos, Deus onipotente, ordeneis que estes dons sejam levados ao vosso altar sublime, em presença de vosso santo Anjo, etc., como se inclinasse profundamente, viu-se inteiramente cercado de uma espessa nuvem que lhe ocultou a santa Hóstia e o cálice". Ficou perturbado, não sabendo o que aquilo significava nem o que ia acontecer. Um instante depois, mão invisível suspendia as santas espécies. O assombro chegou-lhe ao cúmulo, pareceu-lhe ter sido julgado indigno de celebrar a santa Missa. Exercitou, no coração, um profundo sentimento de arrependimento e suplicou a Deus que lhe viesse em auxílio. Afinal, os suspiros lhe foram ouvidos, o cálice voltou a seu lugar, a santa Hóstia pairando-lhe em cima.
Ora, enquanto o pranto de dor se lhe transformava em lágrimas de prazer, considerando, piedosamente, a sagrada Hóstia, o religioso notou que dela corriam gotas de sangue. Imediatamente, compreendeu a significação deste mistério; as dúvidas se lhe desvaneceram, dando lugar à fé inconcussa na presença do precioso Sangue sob as espécies do pão.
Por conseguinte, a santa Humanidade do Senhor acha-se toda em cada espécie, embora, em virtude das palavras da consagração, o Corpo esteja principalmente na santa Hóstia, e o Sangue, no cálice.
Refleti aqui sobre a imensidade da graça que nos é concedida por termos, sobre o altar, o precioso Sangue de Jesus Cristo. Não há bem mais augusto do que esse Sangue divino, do qual uma gotazinha excede, em valor, todos os tesouros da terra e do céu. Este sangue adorável não o temos somente diante de nós; pertence-nos como um dom que recebemos.
O Sangue de Jesus Cristo derrama-se, verdadeiramente, na santa Missa. Procuremos compreender aqui como é derramado sobre todos os assistentes e sobre as almas do purgatório.
O antigo Testamento fornece-nos um símbolo deste mistério, símbolo alegado por São Paulo: "Moisés tomou o sangue dos vitelos e dos bodes, e lançou-o sobre o povo, dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus fez em vosso favor" (Heb. 9, 20).
Na Ceia, Jesus pronunciou quase as mesmas palavras sobre o cálice: "Este é meu Sangue, o Sangue da nova Aliança" (Lc. 22, 20). São Paulo diz: "Era necessário, visto que as imagens das coisas que estão nos céus foram purificadas desta maneira (pelo sangue dos animais), que as coisas celestes fossem inauguradas por sacrifícios superiores àqueles".
O Apóstolo quer dizer: A sinagoga, que era a imagem da Igreja, foi purificada pelo sangue dos animais, mas a Igreja é purificada pelo sangue do Cordeiro de Deus. Cousa alguma pode ser purificada com sangue e água sem ser deles inundada; por conseguinte, sendo nossas almas purificadas na Missa pelo Sangue de Cristo, este Sangue é, necessariamente, derramado sobre elas.
São João Crisóstomo diz: "Quando vedes o Senhor imolado e estendido sobre o altar, o sacerdote inclinado sobre a vítima, orando, e todos os assistentes aspergidos do precioso Sangue, ainda vos parece estar neste mundo e entre os homens? Não vos julgais no céu, livres dos apetites da carne, contemplando as maravilhas celestes?" (Bibliothek der Kirchenvaeter, Kempten. Chrysostomus). Considerai a expressão do santo doutor: o povo é aspergido de sangue, por conseguinte, o Sangue de Jesus não é só derramado, mas é aspergido sobre nós.
Marchant afirma: "O precioso Sangue é derramado em sacrifício, na Missa, e os assistentes são aspergidos com ele de modo espiritual". Também escreve São João muito claramente: "Jesus Cristo nos amou e nos lavou de nossos pecados em seu Sangue" (Apoc. 1, 5). É ainda doutrina de São Paulo: "Sois aproximados de Jesus, o mediador da nossa Aliança, e do sangue da aspersão, que fala melhor que o de Abel" (Heb. 12, 24).
Quando nos aproximamos de Jesus, nosso mediador, senão na santa Comunhão?Sim, verdadeiramente, na santa Comunhão nos aproximamos muito perto de Jesus, visto que o recebemos em nosso coração; contudo, na Comunhão, vamos a ele antes como ao alimento de nossas almas do que como ao nosso mediador, enquanto na santa Missa é o verdadeiro mediador que nos dirigimos, porque Jesus Cristo nela exerce as funções do grande sacerdote e ora, oficialmente, pelo povo.
Aproximando-nos de nosso mediador, aproximamo-nos também do "sangue da aspersão", que inunda, espiritualmente, nossas almas. Em sua Paixão, o salvador derramou o Sangue, porém esta preciosa onda só purpureou as mãos e a roupa dos carrascos, as pedras e a terra. Na Missa, este mesmo Sangue corre novamente, porém sobre as almas dos fiéis. Moisés aspergia o povo com o sangue dos animais; o sacerdote o asperge com água benta; o Salvador asperge as almas com seu Sangue precioso.
Esta aspersão espiritual é, infinitamente, mais eficaz do que a material. Os carrascos e os judeus que cercavam a Jesus Cristo, tiveram o corpo tinto do precioso Sangue e não se converteram: pelo contrário, tornaram-se mais endurecidos. Se o Salvador lhes tivesse aspergido as almas, teriam sido convertidos e purificados. Do mesmo modo, de pouco nos serviria sermos, materialmente, regados com Sangue divino, na santa Missa, sem a aspersão espiritual deste sangue adorável que purifica, santifica e adorna nossas almas.
Santa Maria Madalena de Pazzi diz: "A alma que recebe o Sangue divino torna-se bela como se a vestissem preciosamente, e tão brilhante e fulgurante que, se pudéssemos vê-la, seríamos tentados a adorá-la" (In monitis vitae suae annexis, c. 1, n. 44).
Bem-aventurada, pois, a alma ornada de semelhante beleza! Bem-aventurados, também, os olhos dignos de contemplá-la.
Caro leitor, vai à Missa a fim de que o Sangue rubro do divino Salvador comunique a tua alma este vestido de glória que te tornará digno de ser introduzido na sala do festim, para regozijar-te, eternamente, com os Anjos e os Santos.
Este precioso Sangue purifica e enfeita os piedosos fiéis, torna-os férteis em boas obras, alivia-os nas fraquezas e produz efeitos proporcionados às disposições de cada um; esforça-se por tornar bons os maus, tocar os corações endurecidos, reconduzir os desviados; a todos os inimigos de Deus oferece o perdão e a graça; e, se o pecador é bastante obstinado para persistir no mal, clama por ele ao céu e retém o braço vingador da Justiça divina.
Reconhece, leitor, por estes efeitos do precioso Sangue, quanto é útil a todos, aos justos e aos pecadores, irem, assiduamente, à santa Missa, porque, ainda uma vez, é onde "o Sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado" (Jo. I. Ep. 1, 7); onde os maus são preparados para a justificação.
Se te fosse dado assistir à crucifixão e ser purpureado do Sangue que correu da Cruz, não te julgarias infinitamente favorecido?
É certo que, se ouvires a santa Missa com as disposições que terias levado ao Calvário, a aspersão mística do Sangue de Nosso Senhor te será tão salutar como a primeira.
Uma das principais graças que recebem os assistentes na santa Missa, é o brado do Sangue divino para o céu, a fim de obter misericórdia. Oh! como é útil aos pecadores este apelo. Com que força aplaca a ira divina! A Escritura Sagrada diz, expressamente, que os crimes dos homens clamam pela vingança do céu: "A voz do Sangue de teu irmão clama da terra para mim" (Gen. 4, 10), disse Deus a Caim. E, em outro lugar, "o grito de Sodoma e Gomorra aumenta cada vez mais, e seu pecado chegou ao cúmulo. Descerei e verei se suas obras correspondem a este grito que subiu até mim" (Gen. 18, 20). Aos opressores das viúvas e órfãos, o Espírito Santo diz: "As lágrimas da viúva não correm ao longo de suas faces, chamando vingança contra quem as provoca? Do seu rosto, sobem até mim" (Ex. 22). E São Tiago designa outro pecado deste gênero: "Eis que clama para o céu o salário de que tendes privado os obreiros que ceifaram vossos campos, e os gritos dos segadores subiram até os ouvidos do Senhor dos exércitos!" (S. Tiago, 5, 4). Em Isaías, o Senhor clama o pecado em geral um brado: "A vinha do Senhor é a casa d'Israel, e os homens de Judá eram o ramo no qual achava minhas delícias. Esperei ações justas e vejo apenas iniqüidades e ouço somente clamores dos pecados" (Isaías, 5, 7).
Quem, pois, desarmará a ira do Senhor? Quem desviará sua terrível vingança? Quem? - O precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O clamor de nossos crimes sobe até as alturas do céu, porém muito mais alto ainda sobe a voz súplice do Sangue de Jesus que, infinita e onipotente, não traspassa somente os ares, mas enche o céu e penetra até no coração do Pai celeste. Ante a doçura desta voz, se desvanece o pensamento da vingança que a multidão de nossos crimes havia inspirado ao Altíssimo.
Perguntar-nos-ás: Como é que o precioso Sangue clama ao céu, pois nada se ouve? Perguntamos também: Como o sangue de Abel podia clamar, estando ele morto? Não obstante, Deus disse a Caim: "A voz do sangue de Abel chega até mim".
Este clamor não era material, e, sim, espiritual, mas tão poderoso, que penetrou no Coração do Pai e obteve vingança contra o crime de Caim. Assim também a voz do Sangue de Jesus Cristo, toda espiritual, é de tal poder, que obriga a Deus a nos fazer misericórdia. O mesmo afirma São Paulo, dizendo: "Aproximaste-vos de Jesus, o mediador da nossa Aliança, e deste Sangue do qual se fez a aspersão e que fala mais vantajosamente do que o de Abel".
Enquanto o Sangue de Jesus estava em seu corpo, não se fez ouvir; mas, derramado em sua dolorosa Paixão, sua voz elevou-se poderosíssima, para implorar o perdão em favor do gênero humano.
Na Missa, esta mesma voz se dirige com acentos irresistíveis ao Pai celeste: "Considerai, oh! Deus, com que humilhações, com que dor e em que ignomínia, com que crueldade fui insultado, escarnecido, amaldiçoado e calcado aos pés. Tudo isto suportei com a maior paciência, a fim de salvar os pecadores e abrir-lhes o céu. Mas, Vós, oh Juiz severo, quereis condená-los e precipitá-los no fundo do inferno. Quem me compensará tantos suplícios? Não serão os réprobos, que, no inferno, odiar-me-ão, em vez de agradecer-me. Oh! Deus de misericórdia, escutai minha prece, e, por meu amor, concedei aos pecadores a graça da conversão, e aos justos, a de crescer em vossa graça e em vosso amor".
Como Deus não responderia a tais clamores, pois que, à voz de Abel, amaldiçoou logo o fratricida Caim! O Sangue de Abel bradava vingança, o de Jesus Cristo clama misericórdia, para a qual Deus é muito mais inclinado, como diz a Igreja: "Deus, a quem é próprio perdoar e poupar sempre o castigo". E São Pedro escreve: "Deus nos espera com paciência, não querendo que ninguém pereça, porém que todos voltem a ele pela penitência" (II Ep. São Pedro, 3, 9).
O precioso Sangue clamou em nosso favor na circuncisão, no jardim das oliveiras, na flagelação, na coração de espinhos, na crucifixão de Nosso Senhor, e obteve "a reconciliação do mundo com Deus" (II Cor. 5, 9). Na santa Missa, este Sangue não fala apenas com uma voz, com tantas vozes quantas foram as gotas derramadas. Clama com voz penetrante, com toda a virtude divina e humana, e com ele clamam as inumeráveis chagas do Salvador, seu Coração com todas as palpitações, sua sagrada boca com todos os suspiros que dela se escaparam. Seria possível que este clamor, vindo do Sangue, do Coração, de todas as chagas de Cristo, não traspassasse o Coração do Pai celeste?
Na verdade, ainda quando Deus quisesse esquecer a misericórdia para satisfazer a justiça, este clamor comovente do Sangue de Jesus lhe faria esquecer a resolução.
O precioso Sangue, porém, sobe a Deus não somente como ração poderosíssima, mas também é um incenso de cheiro agradável. É isto o que o sacerdote pede, quando diz no oferecimento do cálice: "Nós vos oferecemos, Senhor, o cálice da salvação, suplicando a vossa clemência que suba ao trono de vossa divina Majestade qual suave perfume para a nossa salvação e a de todo o mundo".
No antigo Testamento, Deus tinha por agradável o odor dos holocaustos. Que, pois, não obterá o perfume do Sangue de Jesus Cristo, derramado sobre o altar e oferecido na santa Missa?
Quando Jesus, como preciosa vítima, foi imolado na Cruz e seu divino Sangue corria sobre a terra, dimanou dele um perfume tão suave, que afastou a fedentina que exalavam os abomináveis sacrifícios dos idólatras e vícios do mundo. É o Apóstolo São Paulo que no-lo afirma: "Jesus Cristo nos amou e entregou-se a Deus por nós, como vítima e oblação de cheiro agradável" (Ep. Efésios, 5, 2).


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