A. José G. C.
"Nesse
tempo Lutero publicou seu livro contra a missa privada, onde se encontra a
famosa conversa que tivera com o anjo das trevas e onde, forçado pelas
razões deste, aboliu, como ímpia, a missa que celebrara durante tantos anos
(...)” (Brentano: 98-99).
Nesses 50 anos
pós Concílio Vaticano II, em consequência da nova visão teológica adotada pela
Igreja Católica, uma forte persuasão por parte das dioceses e clérigos tem
exaustivamente proclamado e incentivado o protagonismo dos leigos, ou “o
sacerdócio de todos os fiéis”. Isto é, a conscientização de que “todos somos
sacerdotes”!
Esse esforço
fica patente no rito da missa nova, às vezes com uma excessiva concentração de
leigos no altar numa desconcertante e patética manipulação do Sagrado.
Como resultado,
não é incomum percebermos nossos párocos cada vez menos ativos em suas funções,
cada vez mais desfigurados em sua autoridade, posturas e intenções, o que vem
resultando na gradativa dissolução do conceito hierárquico e numa secularizada
espiritualidade leiga cada vez mais alienada da tradicional Fé católica
bimilenar.
De fato, pelo
Batismo, todos somos sacerdotes. No entanto, a Igreja sempre entendeu que a
função específica do sacerdote de Ordem é oferecer o Sacrifício e proclamar a
verdade. Por sua vez, o papel dos fiéis é levar e vivenciar essa verdade no
mundo, a começar em suas famílias.
E como entrou
essa contradição ou dubiedade (e consequente confusão) na Igreja pós-conciliar?
Alguns efeitos
da atual protestantização do Catolicismo
Se por um lado a
revolta de Lutero teve sua origem no seu “desejo de colocar Deus no centro de
sua vida”, como afirmou o Santo Padre Bento XVI recentemente em Erfurt, por
outro, sua atitude de rebelião reformadora, que resultou na interminável
divisão da Cristandade, apoiou-se em doutrinas disseminadas pelos inimigos de
Cristo, até então combatidas veementemente pela Igreja.
Quando vemos
nossas conferencias episcopais orientando o clero para incentivar “o sacerdócio
de todos os fiéis” em suas Dioceses, tenhamos em mente que nada mais estão
fazendo do que proclamar, agora a partir dos púlpitos católicos, algumas das
teses gnósticas de Martinho Lutero.
O mesmo se dá
com essa terrível concepção teológica, disseminada em quase todas as homilias
dos párocos pelos quatro cantos do mundo, em que se superestima a Misericórdia
de Deus em detrimento de Sua Justiça. Nessa equivocada concepção teológica
sobre a remissão dos pecados e a salvação, postula-se que, uma vez conhecendo
Deus nossa natureza humana e vulnerável, todos já fomos justificados
pelo sacrifício de Cristo. Portanto, para crer, assim como Lutero ensinava,
precisamos apenas de fé. Fé protestante.
“As indulgências
[um dos legítimos recursos de salvação conferidos por Cristo à Sua Igreja] não
conferem bem algum às almas no que se refere à salvação ou santidade”, dizia
uma das teses de Lutero. Os homens agora podiam ser salvos pela misericórdia de
Deus, e portanto, simplesmente pela fé.
“O inferno está
vazio”, ressoam em uníssono as novas teologias tresloucadas pelos seminários.
A fonte em que
Lutero bebeu suas doutrinas
Quando Lutero
escreveu na margem de uma página de sua Bíblia: “Viva por Fides Sola” (só pela
fé), ele se embasava no Gnosticismo cabalista. Essa doutrina, que em suas
variações é mãe de todas as heresias, a mesma das sociedades secretas e da
Franco Maçonaria em todas as suas facções, a mesma dos filósofos iluministas,
dos cátaros e albigenses, dos pedreiros arquitetos que, finalmente, já bem
adiantados em sua agenda de imposição da governança global (a do anticristo)
astutamente hoje nos impõem goela abaixo a “constituição universal” da Nova
Ordem Mundial descaradamente anticristã.
A teoria da
predestinação de Lutero levou-o a acreditar numa elite (os Eleitos), deixando a
grande massa da humanidade fora dos limites da salvação, enquanto a estrutura
episcopal da Igreja Católica era substituída, nessa sua utopia revolucionária
igualitária — que irromperia mais tarde em seu ápice na fúria social do
comunismo antiteísta — por um “sacerdócio de todos os fiéis”. Ora, em sua
essência, essa era a distinção gnóstica cátara entre os Parfaits (ou
sacerdotes) e os fiéis. Para crer, o fiel de Lutero precisava apenas ter fé.
Parece simples?
Mas com essa tese Lutero substituía a autoridade do Papa, a pedra fundada por
Cristo — e, consequentemente, Sua própria Igreja — pela palavra de Deus na
Bíblia, ou seja, pela livre interpretação.
Assim, a
salvação passava a ser uma questão entre o indivíduo e Deus. Já não envolvia a
Igreja. A salvação da alma era uma questão pessoal entre o indivíduo e Deus e
nada mais tinha a ver com a Igreja de Cristo: “cada um é seu próprio
sacerdote”. A Bíblia, e não a Igreja passava a ser a única autoridade sobre o
homem.
Finalmente
emancipado da autoridade opressora da Igreja, pode agora o homem se entender
com Deus de forma pessoal, intimista, e praticar sua fé à moda da casa.
E não é
exatamente isto que proclamam todas as doutrinas gnósticas das sociedades de
mistério? Não dissemina o mesmo, com a luz sob o alqueire a Franco Maçonaria?
Não é exatamente isso que alardeia qualquer seitazinha esotérica-espiritualista
promotora de doutrinas new age? Não é exatamente essa postura
que faz do católico pós conciliar um entusiasta adepto desse ecocídio
cultural-espiritual que avassala a civilização cristã?
Não é essa a
concepção que está levando a Igreja de Cristo a negar sua missão profética e
seguir a cartilha dos fautores da falsa religião planetária gnóstico-panteísta?
Lutero e a Gnose
cabalística dos rosa-cruzes
Essas ideias de
Lutero, como por exemplo, a “justificação pela fé” têm como origem a fé da
Cabala no Inefável Nome de Deus. O Reformador alemão, assim como Calvino,
tinham ligações com descendentes judeus cabalistas que atuavam por trás dos
cátaros. O simples fato dessa influência cabalística sobre ambos fica patente
no selo de Lutero, que se baseava no motivo da rosa e da cruz dos rosa-cruzes.
Cabe a pergunta:
teriam sido esses cabalistas rosa-cruzes que incentivaram Lutero a pregar as 95
teses na porta da igreja, certamente para concluir o almejado plano deliberado
em dividir a Cristandade?
É fato histórico
que Lutero foi influenciado por lendas judaicas a respeito de Jesus encontradas
no Talmud e no Midrash na Idade Média e
no Toledor Yesh (Vida de Jesus). Inclusive resumiu em alemão o
livro traduzido por Raymond Martin no final do século XIII — Schem
Hamphoras — numa clara evidência de que estava aberto ao cabalismo, em
que só a fé no Nome Inefável salva.
Esses textos que
Lutero resumiu apresentam uma visão judaica (e, portanto, distorcida) de Nosso
Senhor, apresentando-O como filho ilegítimo de uma cabeleireira de Belém,
Míriam (o que já atesta algo da futura aversão protestante pela Santíssima
Virgem) e que teria sido iniciado nas doutrinas secretas do clero egípcio ainda
menino. Ao voltar à Palestina, Jesus praticava magia e se interessava pelo
Tetragrammaton ou Schem Hamphorash, o Inefável Nome de Deus. De acordo com essa
versão gnóstica, Jesus teria sido levado diante do Sinédrio e morto para que
seu conhecimento fosse suprimido.
Essa caricatura
de Jesus, que leva o nome de Jeschu, e que é completamente desfigurado e
apresentado no livro resumido por Lutero, fora escrito por um rabino iniciado
nos mistérios da Cabala. E aqui é relevante lembrar que Jesus denunciou com
desassombro a Cabala tão ocultamente praticada pelos escribas e fariseus que
entre os judeus significa “tradição” – cf. "Vós, por causa de vossa tradição, tornastes
nulo o mandamento de Deus"- Mt. 15).
O esfacelamento
da Igreja de Cristo
E foi nessa
“tradição” ou Cabala preservada ocultamente pelas heresias gnósticas cabalistas
que Matinho Lutero foi haurir as doutrinas da Reforma que esfacelou o Corpo
Místico de Cristo.
A respeito desse
esfacelamento do Corpo de Cristo e de toda essa confusão que tanto tem
banalizado e minado a Igreja de Cristo e a Fé cristã, convém refletir sobre as
palavras de S. Cipriano, bispo primaz da África Latina, martirizado em 258 sob
Valeriano e Galieno imperadores, por recusar oferecer sacrifícios aos ídolos do
paganismo romano.
“Não pode ter
Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Como ninguém se pôde salvar fora da
arca de Noé, assim ninguém se salva fora da Igreja. O Senhor nos alerta e diz:
‘Quem não está comigo, é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha’ (Mt
12,30). Quem rompe a paz e a concórdia de Cristo trabalha contra Cristo. Quem
faz colheita alhures, fora da Igreja, esse dissipa a Igreja de Cristo.
“Diz ainda o
Senhor: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30), e do Pai, do Filho e do Espírito
Santo está escrito: “Os três são unânimes” (IJo 5,8). Como poderá alguém pensar
que esta unidade da Igreja, decorrente da própria firmeza da unidade divina, e
tão conforme com este celeste mistério, pode ser rompida e sacrificada ao
arbítrio de vontade opostas? Quem não observa esta unidade não observa a lei de
Deus, não observa a fé do Pai e do Filho, não possui nem a vida, nem a
salvação”.
Seja
desbaratando a hierarquia, relativizando a Fé ou apregoando inverdades que só
geram apostasia, triste é concluir que o esfacelamento da Igreja de Cristo
iniciada por Lutero e seus seguidores continua a todo vapor. Em nossos tristes
tempos, ainda que temporariamente, essa dissolução prossegue com maior
eficiência a partir de dentro.
____
Fontes
de consulta:
Discurso do Papa
Bento XVI no convento de Lutero, cf.http://www.perfeitadevocao.org/TuEsPedro-.php?id=178
Daniel, Sacarlet and the Beast, vol 1, p. 398.
Nesta H, Webster, Secret Societies and
Subversive Movements, p. 21.
Jewish Encyclopedia.
Hagger, Nicholas. The Secret History of the West.
Cirpriano, Cecílio. De Lapis. Sobre a Unidade da Igreja
Católica.
Atas Proconsulares (Acta, 3-6; CSEL 3,112-114).
Aquino, Felipe. Riquezas da Igreja. S. Cipriano, bispo e
mártir - Século III, p. 85. Editora Canção Nova.
Para
citar este texto:
Lutero, o
cabalismo gnóstico e o “sacerdócio de todos os fiéis” pós conciliar
Perfeita Devoção | ARTIGOS / TEXTOS / NOTÍCIAS
http://www.perfeitadevocao.org/Materias-.php?id=194
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