Seja por sempre e em todas partes conhecido, adorado, bendito, amado, servido e glorificado o diviníssimo Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.

Nota do blog Salve Regina: “Nós aderimos de todo o coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da fé católica e das tradições necessárias para a manutenção dessa fé, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade. Pelo contrário, negamo-nos e sempre nos temos negado a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante que se manifestou claramente no Concílio Vaticano II, e depois do Concílio em todas as reformas que dele surgiram.” Mons. Marcel Lefebvre

Pax Domini sit semper tecum

Item 4º do Juramento Anti-modernista São PIO X: "Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve. Condeno também todo erro segundo o qual, no lugar do divino Depósito que foi confiado à esposa de Cristo para que ela o guardasse, há apenas uma invenção filosófica ou produto de consciência humana que foi gradualmente desenvolvida pelo esforço humano e continuará a se desenvolver indefinidamente" - JURAMENTO ANTI-MODERNISTA

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Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI”. - Declaração do Pe. Camel.

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Ao negar a celebração da Missa Tradicional ou ao obstruir e a discriminar, comportam-se como um administrador infiel e caprichoso que, contrariamente às instruções do pai da casa - tem a despensa trancada ou como uma madrasta má que dá às crianças uma dose deficiente. É possível que esses clérigos tenham medo do grande poder da verdade que irradia da celebração da Missa Tradicional. Pode comparar-se a Missa Tradicional a um leão: soltem-no e ele defender-se-á sozinho”. - D. Athanasius Schneider

"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa (desde que não se falte à verdade), sendo obra de caridade gritar: Eis o lobo!, quando está entre o rebanho, ou em qualquer lugar onde seja encontrado".- São Francisco de Sales

“E eu lhes digo que o protestantismo não é cristianismo puro, nem cristianismo de espécie alguma; é pseudocristianismo, um cristianismo falso. Nem sequer tem os protestantes direito de se chamarem cristãos”. - Padre Amando Adriano Lochu

"MALDITOS os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável SALVADOR seja posto lado a lado com Buda e Maomé em não sei que panteão de falsos deuses". - Padre Emmanuel

“O conteúdo das publicações são de inteira responsabilidade de seus autores indicados nas matérias ou nas citações das referidas fontes de origem, não significando, pelos administradores do blog, a inteira adesão das ideias expressas.”

14/08/2012

EXPLICAÇÃO DA SANTA MISSA - PARTES XI; XII; XIII E XIV


EXPLICAÇÃO DA SANTA MISSA
Autor: pe. Martinho de Cochem (1630-1712)
Fonte: Lista "Tradição Católica"
Digitalização: Carlos Melo

XI. A SANTA MISSA É O HOLOCAUSTO MAIS EXCELENTE
Havia, na antiga lei, quatro espécies de sacrifícios: o holocausto ou sacrifício latréutico, pelo qual se reconhecia o soberano domínio de Deus; o sacrifício de louvor e de reconhecimento; o sacrifício pacífico, quer fosse eucarístico, quer impetratório, pelo qual se atraíam os benefícios de Deus; e o sacrifício expiatório, em que Deus era honrado como Juiz; era oferecido pela remissão dos pecados e pela expiação das culpas. Cada um destes sacrifícios tinha um rito particular.
Desde a criação do mundo até a vinda do Messias, inumeráveis holocaustos foram oferecidos ao Senhor, e a Sagrada Escritura afirma que agradavam a Deus. A lei de Moisés ordenava aos judeus o sacrifício perpétuo ou sacrifício da manhã e da tarde, que consistia na imolação de um cordeiro. Nos sábados, o número era dobrado. Em cada lua nova, imolavam sete cordeiros, duas cabras e um carneiro. O mesmo número devia ser oferecido durante oito dias, na Páscoa e no Pentecostes. Na festa dos Tabernáculos, o número das vítimas aumentava, eram quatorze cordeiros, treze cabras, dois carneiros e um bode que se imolavam cada dia durante todo o oitavário. Além destas oblações obrigatórias, cada um apresentava ainda, segundo sua piedade, ou suas posses, bois, cabras, ovelhas, carneiros, pombas, vinho, incenso, pão, sal e óleo.
Citamos tudo isto para mostrar como eram custosos os sacrifícios impostos aos patriarcas e aos sacerdotes judeus, bem que não trouxessem a Deus senão uma exígua honra, e não merecessem senão pequena recompensa, como disse São Paulo em sua Epístola aos Hebreus. Não obstante, agradavam a Deus, porque eram símbolos do Sacrifício incruento de Jesus Cristo. Comparai com tudo isto o nosso holocausto que é pouco custoso, fácil de oferecer, sendo, entretanto, o sacrifício mais agradável a Deus, o mais precioso para o céu, o mais útil para o mundo, e o mais consolador para o purgatório.
Se um homem tivesse imolado todas as vítimas que foram sacrificadas desde o começo do mundo até Jesus Cristo, sem dúvida, teria rendido uma grande homenagem a Deus. Mas que seria este culto comparado ao que rendemos à divina Majestade por uma só Missa?
Eis como São Tomás de Aquino expõe a essência e o fim do nosso holocausto: "Confessamos, pelo santo Sacrifício, que Deus é o autor de toda a criatura, o fim supremo de toda a beatitude, o Senhor absoluto de todas as coisas, a quem oferecemos, como testemunho de nossa submissão e adoração, um sacrifício visível, que figura a oferenda invisível, pela qual a alma se dá inteiramente a Deus como a seu princípio e a seu fim". O holocausto somente pode ser oferecido a Deus, que o reservou para si: "Eu sou o Senhor, é este o nome que me é próprio. Não darei a outrem a minha glória, nem consentirei que se tribute aos ídolos o louvor que só a mim pertence" (Is. 42, 8).
Esta proibição do Senhor de oferecer sacrifícios a outros, diz, claramente, que o santo Sacrifício da Missa não poderia ser oferecido a nenhuma criatura, nem a Santa Virgem, nem aos Santos; jamais poderíamos oferecer-lhes a santa Missa. Eis neste sentido a doutrina do Concílio de Trento: "Embora a Igreja tenha costume de celebrar a Missa em honra e memória dos Santos, não ensina que lhes seja oferecido o sacrifício, porém, a Deus, que os coroou" (Sess. 22, c. 3). Também o sacerdote não diz: "São Pedro, São Paulo, ofereço-vos este Sacrifício", mas, agradecendo a Deus de lhes haver concedido a vitória, implora-lhes o socorro, a fim de que se dignem interceder por nós, no céu, enquanto lhe celebramos a memória na terra.
Sendo a vida de Jesus Cristo mais nobre do que a de todos os homens, sua morte foi mais meritória e preciosa aos olhos de Deus. E, visto que o Salvador renova sua morte em cada Missa, segue-se que Deus Pai recebe do santo Sacrifício maior honra e glória do que se todo o gênero humano lhe fosse imolado em holocausto.
Que é a santa Missa senão uma embaixada à Santíssima Trindade, para oferecer-lhe uma oferta de valor inestimável, pela qual reconhecemos-lhe a soberania e lhe testemunhamos nossa inteira submissão?
Esta oferta quotidiana é Jesus Cristo, o próprio Filho de Deus, o único que conhece a infinita Majestade do Senhor e a honra que lhe é devida. Ele somente pode, com efeito, render esta honra e lha rende dignamente, imolando-se sobre o altar. E Jesus Cristo, a adorável vítima, dá-se-nos tão inteiramente, que nos é possível oferece-lo ao Deus três vezes santo, como nosso próprio bem.
Pobres pecadores, prestamos-lhe, deste modo, o culto e a honra que lhe é devida. Sem a santa Missa, ficaríamos eternamente devedores de Deus.
Caro leitor, não desejais oferecer cada manhã o mais precioso dos dons a teu Senhor e Deus? Que desculpa terás, no dia do juízo, de tua negligência?

XII. A SANTA MISSA É O MAIS SUBLIME SACRIFÍCIO DE LOUVOR
Deus é inefável. Não há criatura que possa exprimir-lhe a santidade e a glória. É a mais rigorosa justiça, a mais doce misericórdia, a beleza personificada, em uma palavra, é o conjunto de todas as perfeições.
Bem que os Anjos e os Santos o amem de todo o coração, tremem em presença de sua sublime Majestade e adoram-no prostrados com o mais profundo respeito. Louvam, exaltam e bendizem-lhe as infinitas perfeições sem jamais poderem saciar-se.
O sol, a lua, as estrelas imitam-nos. Todas as outras criaturas: os animais, as árvores das florestas, os metais e as pedras, bendizem ao Senhor, conforme a espécie e os meios, e contribuem assim para sua maior glória.
Se, pois, todos os seres devem louvar ao Senhor, quanto mais o homem, que foi criado para este fim com uma alma racional.
David, rei e profeta, cumpriu, excelentemente, este dever. Convidou a terra e o céu, os seres animados e inanimados, para com ele bendizerem ao Senhor, a fim de que as gerações futuras continuassem a celebrar a glória de seu nome.
Mais estritamente que o povo judeu, somos obrigados para com Deus, a quem "predestinou sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, segundo o propósito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça" (Ef. 1, 5-8).
Em outros termos, Deus adotou os cristãos para que louvassem e bendizessem a magnificência de sua graça. Eis o dever sagrado ao qual não nos poderemos subtrair sem pecado grave. Para cumprir este dever, imperadores, reis, príncipes piedosos edificaram magníficos templos e fundaram mosteiros, onde os louvores ao Senhor deviam seguir-se noite e dia, pelo canto das horas canônicas. É por essa razão que a Igreja obriga seus clérigos, desde que recebem o subdiaconato, à recitação quotidiana do breviário, obrigação que estende sobre a maior parte das Ordens religiosas de um e de outro sexo. Todos se conformam com isto alegremente e "elevam a glória do Senhor tão alto quanto podem, e elevam sua grandeza quanto possível, porque ele está acima de todo louvor".
Para que, porém, o nosso louvor seja um tributo digno de ser recebido pela imensa Majestade de Deus, Jesus Cristo, conhecendo a fraqueza humana, instituiu a santa Missa, o "sacrifício de louvor" por excelência, oferecido ao Senhor todos os dias e a toda hora.
Recordai, sob este ponto de vista, as diferentes partes da santa Missa. Que hino magnífico o "Glória in excelsis; 'laudamus te', nós Vos louvarmos; 'benedicimus te', nós Vos benzemos; 'adoramus te', nós Vos adoramos; 'gloricamus te', nós Vos glorificamos!"
Que cântico ardente o "Sanctus": "Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos; Vossa glória enche os céus e a terra. Hosana nas alturas, bendito seja quem vem em nome do Senhor!"
O profeta Isaías, em um êxtasis, ouviu os coros dos Anjos que cantavam, alternadamente, este cântico, e o hosana de alegria partia do coração dos judeus, quando Jesus entrou em Jerusalém, seis dias antes de sua Paixão. Unindo, na santa Missa, nossas fracas vozes e essas melodias celestes, rendemos a mais pura glória que possa ser rendida a Deus no céu e na terra.
"A Santa Igreja, pela Carne e pelo Sangue de Jesus Cristo, oferece um sacrifício de louvor", diz Santo Agostinho. E São Lourenço Justiniano escreve: "É certo que Deus não poderia ser mais louvado do que pelo Sacrifício da Missa, instituído para esse fim pelo Salvador".
Na Missa, o Filho de Deus oferece-se a seu Pai e rende-lhe toda a honra, toda a glória que lhe rendia sobre a terra. Desta sorte e assim unicamente, o Pai é glorificado de maneira digna dele: eis porque Deus recebe, de uma só Missa, mais honra e glória do que poderiam proporcionar-lhe todos os Anjos e Santos.
Se, em honra da Santíssima Trindade, o céu inteiro organizasse uma procissão, à frente da qual marchasse a Mãe de Deus, seguida dos nove coros dos Anjos e do exército inumerável dos Santos e bem-aventurados, Deus seria certamente muito honrado por ela. Mas, se enviasse a Igreja militante um só de seus sacerdotes para rematar esta augusta procissão pelo santo Sacrifício da Missa, verdadeiramente, este pobre sacerdote, pela única Missa que celebrasse, renderia a Deus uma homenagem infinitamente maior do que a que resultaria de uma tão tocante cerimônia; homenagem tão elevada acima da primeira, como o Filho de Deus está elevado sobre todas as criaturas.
"Quando, um dia, assistia à Missa, conta-nos Santa Brígida, pareceu-me, no momento da consagração, o sol, a lua, as estrelas, todo o firmamento e suas evoluções cantarem as mais doces e penetrantes harmonias. Unia-se-lhes uma multidão de cantores celestes, cujos acentos eram tão melodiosos que nem se pode imaginar. Os coros angélicos contemplavam o sacerdote e inclinavam-se diante dele com o mais profundo respeito, enquanto os demônios fugiam, tremendo de espanto. Logo que as palavras sacramentais foram pronunciadas sobre o pão, percebi um cordeirinho em lugar da hóstia; tinha a figura de Jesus; os Anjos o adoravam e o serviam. Uma infinidade de almas santas louvavam também, com os Anjos, o Altíssimo e o Cordeiro imaculado" (Lib. 8, c. 56).
Caro leitor, estás no meio desta assembléia celeste, quando assistes à santa Missa e ajudas a louvar ao Senhor. Ele repara as blasfêmias, os insultos que os homens insensatos proferem diariamente. Sem este augusto sacrifício de louvor, o mundo não subsistiria. A santa Missa retém o braço de Deus; opõe aos ultrajes dos ímpios as homenagens dignas de sua divina Majestade.
Agradece, pois, sem cessar, a nosso bom Mestre a instituição da santa Missa e aproveita, cada vez mais, deste meio eficacíssimo de louvar ao Senhor.

XIII. A SANTA MISSA É O MELHOR SACRIFÍCIO DE AÇÃO DE GRAÇAS
Os benefícios de Deus para conosco estão acima de todo o número e de todo o alcance. Criou-nos, concedeu-nos os sentidos e todos os membros do corpo; deu-nos uma alma feita à sua imagem e semelhança; santificou-a pelo batismo, escolheu-a para ser-lhe esposa; confiou-a à guarda de um Anjo. Cuida de nós, noite e dia, perdoa-nos os pecados pelo Sacramento da Penitência, e sustenta-nos com sua Carne no Sacramento da Eucaristia. Suporta, pacientemente, nossas ofensas, dá-nos boas inspirações, aguardando nossa conversão. Instrui-nos pela boca de seus sacerdotes, atende as nossas fracas orações e preserva-nos de mil perigos. É nossa consolação nas penas, nosso escudo nas tentações, a recompensa em qualquer circunstância. Como se tantas graças não fossem suficientes, acrescentou mais uma, excelente entre todas: adotou-nos por seus filhos.
"Considerai que amor o Pai nos testemunhou, fazendo que nos chamássemos filhos de Deus e que efetivamente o fôssemos", escreve o Apóstolo São João (I Epístola, 3, 1). "Se somos filhos", diz, por sua vez, São Paulo, "somos também herdeiros de Cristo" (Romanos, 8, 17). Não é excesso de bondade que pobres mendigos sejam admitidos à adoção e à herança do Rei dos reis?
Depois deste dom incomparável, sua mão paterna não se fechou; tendo o pecado nos colocado sob o poder de Satanás, Deus libertou-nos por seu Filho Jesus. "Deus amou tanto ao mundo que lhe deu seu Filho único" (Jo. III, 16), não só revestindo-o de nossa natureza, porém entregando-o por nós à morte mais dolorosa.
Se Deus não nos tivesse concedido outra coisa além de um olhar favorável, quem poderia agradecer-lhe bastante? Não é Ele a Majestade infinita, e nós, pobres criaturas? Como então agradecer a Jesus Cristo sua encarnação, vida, paixão e morte? Não devemos dizer com o rei David: "Que renderei ao Senhor por todos os bens de que me tem cumulado?" (Sl. 115) ou com o profeta Miquéias: "Que posso oferecer ao Altíssimo que seja digno dele?" (5, 6). E eis a resposta inspirada do santo rei: "Oferecerei um sacrifício em ação de graças e cumprirei meus votos ao Senhor" (Sl. 115).
Este sacrifício de ação de graças é a santa Missa, e assistí-la com esta intenção é, por conseguinte, uma maneira perfeita de agradecer a nosso soberano Benfeitor. "Este santo Sacrifício, diz Santo Irineu, foi instituído a fim de que não fôssemos ingratos para Deus" (Lib. 4, contra haer. C. 22). Fora deste Sacrifício, nada acharíamos para oferecer à Santíssima Trindade, na proporção de seus benefícios.
Também as palavras do missal indicam, claramente, o caráter de ação de graças da santa Missa. Além dos versículos já citados do "Glória", se diz no "Prefácio": "Agradeçamos ao Senhor, nosso Deus. É verdadeiramente justo e razoável, é proveitoso e salutar agradecer-Vos, sempre e em todo o lugar, Senhor santo, Pai poderosíssimo, Deus eterno, por Jesus Cristo, nosso Senhor".
Imediatamente antes da consagração, o sacerdote diz: "Ele tomou o pão em suas mãos santas e veneráveis, e, levantando os olhos para o céu, rendeu graças".
Oh! amável elevação dos olhos de meu Jesus! Oh! poderoso testemunho de gratidão, substituindo nossos agradecimentos incompletos! O que Jesus fez depois da última Ceia, renova-o em cada Missa. E nesta ação de graças duma pessoa divina, sendo infinita, Deus encontra uma satisfação incomparável.
Pesai agora o valor desta ação de graças. Se, desde a infância até agora, tivésseis agradecido a Deus os inumeráveis benefícios, teríeis feito menos do que assistindo apenas a uma Missa em ação de graças. Se tivésseis convidado todas as almas piedosas a unir os cânticos de agradecimento aos vossos, e, durante toda a vida, todos juntos, tivésseis unido vossas vozes e vossos corações, o resultado jamais atingiria ao da celebração da santa Missa. Dizemos mais, se o próprio exército celeste tivesse assumido esta tarefa, não se aproximaria da perfeição do reconhecimento testemunhado a Deus por Jesus Cristo sobre o altar.
Oh! Deus, faça-nos compreender o tesouro, oculto na santa Missa. Tal conhecimento nos tornaria felizes e ávidos de assistirmos ao divino Sacrifício!
"As graças, diz São Tomás de Aquino, devem ser referidas ao seu autor pela gratidão, e isto pelo mesmo canal com que no-las transmitiu".
Jesus, porém, é o caminho pelo qual nos chega todo o bem. Logo, por Jesus Cristo, imolado sobre o altar, nossas ações de graças devem subir ao céu.
Também São Paulo, escrevendo aos Coríntios, diz: "Rendo ao meu Deus continuadas ações de graças, por vós, pela graça que vos foi feita em Jesus Cristo. Porque nele fostes cumulados de riquezas, de maneira que não ficais inferiores a ninguém em toda a sorte de graças" (I Cor. 1, 4)
Considerai, pois, piedoso leitor, quanto és devedor pela instituição da santa Missa, visto que, sem ela, não terias o meio de agradecer, dignamente, a Deus. Praza a Deus que possas apreciar bastante nossa felicidade. No santo Sacrifício, Jesus torna-se nossa propriedade; com ele possuímos-lhe os méritos, de maneira que, em união com a Vítima divina, podemos oferecê-los ao Rei celeste e apagar a dívida que nos acabrunha.

XIV. A SANTA MISSA É O SACRIFÍCIO MAIS EFICAZ DE IMPETRAÇÃO
Na lei de Moisés, Deus não somente prescreveu ao povo de Israel sacrifícios em testemunho de sua soberania e poder divino, mas também sacrifícios de paz e de impetração. E estes eram de uma eficácia maravilhosa, porque faziam descer sobre Israel graças e bênçãos de preservação.
Lê-se, na Sagrada Escritura (I Reis 7,7), que os israelitas, ameaçados pelos filisteus, pediram a Samuel que orasse por eles. Samuel imolou um cordeiro, implorou ao Senhor, e, de repente, um pânico apoderou-se dos inimigos, que fugiram em desordem.
Mais tarde, quando Deus castigou seu povo com a peste, o rei David ofereceu igualmente o sacrifício de paz, e o flagelo desapareceu. Exemplos semelhantes encontram-se, freqüentemente, no antigo Testamento.
Se Deus prodigalizou ao povo hebreu um tal meio de apaziguá-los, os cristãos receberam outro incomparavelmente mais eficaz. Com efeito, que não obterá o Cordeiro divino, imolado sobre o altar, quando os cordeiros dos judeus aclamaram tão favoravelmente o Altíssimo! Os sacrifícios da sinagoga só podiam ser oferecidos em uma intenção e com um rito particular: a santa Igreja, bem que tenha um sacrifício, pode oferece-lo em diversas intenções e obtém muito mais graças do que os múltiplos sacrifícios dos judeus.
Assim posso assistir à santa Missa ou celebrá-la para maior glória de Deus e alegria de Maria Santíssima, em honra dos Anjos e dos Santos, para minha salvação, para conservar ou recobrar minha saúde, para ser preservado de males temporais, obter a remissão de meus pecados, a emenda de minha vida, a graça duma boa morte. Tudo isto posso pedi-lo para meus parentes e amigos e para todos os fiéis.
Os doutores da santa Igreja são unânimes em proclamar o poder da santa Missa como sacrifício impetratório. "Ela é soberanamente eficaz, diz assim deles, por causa do preço da Vítima e da dignidade do grande Sacerdote sacrificador. Não há graças nem dons que, por seu intermédio, não se possam obter. O número de suplicantes não influi, todos receberão segundo seu pedido, porque, sendo Jesus Cristo o principal sacrificador, sua oferta é, infinitamente, agradável a Deus Pai; seus méritos apresentados, neste momento, são inesgotáveis, suas chagas têm um valor ilimitado".
São Lourenço Justiniano fala no mesmo sentido: "Nenhum sacrifício é maior, mais agradável à divina Majestade, que o Sacrifício da Missa, onde as chagas de nosso divino Salvador, sua flagelação e todos os suplícios e opróbrios que sofreu por nós, são de novo oferecidos a seu Pai, e este, vendo de novo imolar-se aquele que enviou ao mundo, concede o perdão aos pecadores, socorro, aos fracos, a vida eterna, aos justos" (Sermo de Corp. Christi).
Pela oblação do santo Sacrifício, damos mais do que podemos pedir. Por quê, pois, temer que nossa prece seja rejeitada? Para obter qualquer coisa finita, oferecemos uma Vítima de preço infinito. Como o Deus liberalíssimo, que prometeu uma recompensa por um copo dágua dado em seu nome, deixaria nossas súplicas sem resposta, quando lhe apresentamos o cálice cheio do Sangue de seu Filho, deste Sangue que implora graças e misericórdia por nós?
Depois da última Ceia, nosso bom Mestre disse: "Em verdade, em verdade vos digo, tudo o que pedirdes a meu Pai, em meu nome, Ele vo-lo dará". Que momento mais próprio para pedir em nome do Filho senão aquele em que Jesus, morrendo novamente por nós, é apresentado aos olhos de seu Pai?
São Boaventura dá uma outra razão da eficácia do santo Sacrifício: "Quando um soberano está prisioneiro, dá-se-lhe a liberdade somente pelo preço dum forte resgate. Não deixeis, pois, sair Jesus do altar, onde é nosso cativo, sem que vos tenha concedido o perdão de vossos pecados e a entrada no céu" (Tom. 4 in Expositione Missae). Quando o sacerdote eleva a sagrada Hóstia, parece dizer ao povo: "Vede, aquele que o mundo não pode conter, está em nossas mãos: não o deixemos retirar-se sem ter-nos concedido o que pedimos". Sim, repitamos com Jacó, dirigindo-se ao Anjo: "Não vos deixarei ir sem que me abençoeis".
Pela rica e agradável oblação da santa Missa, podemos obter de Deus tudo o que é necessário à nossa salvação.
Por quê é então que Deus nem sempre atende aos que oferecem a santa Missa? A esta pergunta de Santa Gertrudes, Nosso Senhor respondeu: "Se nem sempre atendo a tuas orações e a teus votos, é para preparar-te qualquer coisa mais útil, porque não és capaz, por causa da fragilidade humana, de conhecer o que te é mais vantajoso". Outra vez a mesma Santa queixava-se humildemente, dizendo: "De que servem minhas orações para aqueles em cujo favor as ofereço? Não vejo frutos". - "Não te admires, disse-lhe o divino Salvador, de não veres o efeito de tuas orações, visto que disponho das graças segundo minha sabedoria impenetrável; entretanto, podes estar certa de que, quanto mais se rezar por uma pessoa, mais feliz será, porque nenhuma oração sincera fica sem efeito, ainda que esse efeito possa conservar-se oculto".
Se, conforme a palavra de Jesus Cristo, cada oração sincera produz frutos, qual não será o fruto de uma Missa?
Lê-se na vida de São Severino, que uma nuvem de gafanhotos caiu nos arredores do castelo Corul. Os frutos, as árvores, toda a vegetação foi devastada. O povo dirigiu-se ao abade Severino, implorando-lhe a intercessão junto a Deus para afastar o flagelo.
Cheio de compaixão, o santo religioso convidou o povo a entrar na igreja e aí pregou sobre a penitência e a oração, terminando com as seguintes palavras: "Não conhecendo oração mais eficaz do que a santa Missa, vou oferecê-la em vossa intenção; oferecei-a comigo, e ponde nela toda a vossa confiança".
Todos se apressavam em obedecer, à exceção de um só que dizia: "Vã é a vossa confiança. Embora ouçais todas as Missas que se celebram no mundo inteiro e fiqueis o dia todo em oração, não afastareis um só gafanhoto". Dito isto, dirigiu-se para a sua tenda de trabalho. O povo, porém, piedosamente unido ao sacerdote celebrante, suplicou a Deus que o livrasse do terrível flagelo.
Terminada a santa Missa, saíram todos para seus campos e pastos e verificaram, com surpresa e reconhecimento, que os gafanhotos, apesar de serem tantos que formavam uma nuvem espessa, se retiraram: a alegria reinava, por isso, em todos os corações. Também o leviano que, pouco antes, zombava da santa Missa, associou-se aos outros fiéis, admirado pelo que viu. Grande, porém, foi a sua surpresa, quando a nuvem de gafanhotos, já bastante longe, de repente, como em castigo, voltou para o seu campo e só se afastou, depois de haver destruído completamente a sua colheita.
Este caso histórico mostra-nos, mais uma vez, a eficácia da oração durante a santa Missa, e o castigo reservado àqueles que a desprezam.
Tenhamos, pois, à semelhança daquele povo, grande confiança no santo Sacrifício. O Apóstolo São Paulo anima-nos a isso, dizendo: "Marchemos cheios de confiança para o trono de graça, a fim de obtermos misericórdia e merecermos o socorro oportuno".
Este trono de graças não é o céu, pois não podemos ir até lá, mas, sim, o altar, sobre o qual é imolado, todo dia, o Cordeiro, a fim de obter para nós graça e misericórdia.
Vamos cada manhã a este trono de graças, procurar os socorros necessários; vamos com alegria e confiança, porque é o trono da graça e não da vingança, da misericórdia e não da justiça.


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