A face do corpo preservado incorrupto de Santa Bernadette
Alberto Carlos Rosa Ferreira das
Neves Cabral
Escutemos o Papa Leão XIII, em excertos da sua encíclica “Tametsi
Futura”, promulgada em 1 de Novembro de 1900:
«De nenhuma forma e nunca ter conhecido Jesus é grande infelicidade,
contudo não é perfídia nem ingratidão; mas repudiá-l’O ou esquecê-l’O, depois
de O ter conhecido, é um delito tão espantoso e insano, que é difícil acreditar
possa acontecer a um homem. Com efeito, Cristo é o princípio e a origem de
todos os Bens: E como não era possível resgatar o Género Humano sem a obra
benéfica d’Ele, assim não é possível conservá-lo no Bem sem o concurso da Sua
Graça. “Pois não há, debaixo do Céu, outro nome dado aos homens pelo qual
devamos ser salvos” (At 4,12). Qual seja a vida humana em que falta Jesus,
“Poder de Deus e Sabedoria de Deus”, quais sejam os costumes, a qual termo
desesperado se chegue, não no-lo mostram suficientemente, com o seu exemplo, os
povos privados da Luz Cristã? Relembrar um pouco a imagem que Paulo traçou
deles (Cf Rom 1): CEGUEIRA DO INTELECTO; PECADOS CONTRA A NATUREZA; FORMAS
MONSTUOSAS DE SUPERSTIÇÕES E DE LIBIDO; PARA QUE CADA UM SE SINTA LOGO REPLETO
DE COMPAIXÃO, E AO MESMO TEMPO, DE HORROR.
Todos os que se põem fora do recto caminho, VAGUEIAM ÀS CEGAS, E
AFASTAM-SE DA META DESEJADA. Da mesma forma, AO SE REJEITAR A LUZ PURA E
SINCERA DO VERDADEIRO, SUCEDEM ERROS PERNICIOSOS, AS TREVAS INEVITÀVELMENTE
OBSCURECERÃO A MENTE, E O CORAÇÃO ENTRISTECE. COM EFEITO, QUE ESPERANÇA DE
SAÚDE PODE HAVER PARA QUEM ABANDONA O PRINCÍPIO E A FONTE DA VIDA? ORA O
CAMINHO, A VERDADE, E A VIDA, É SÒMENTE O CRISTO: “EU SOU O CAMINHO, A VERDADE,
E A VIDA”(Jo 14,6); DE TAL FORMA QUE, ABANDONADO O CRISTO, FALTARÃO AQUELES
PRINCÍPIOS NECESSÁRIOS PARA TODA A SALVAÇÃO.
Daqui fácilmente aparece, o que se deve esperar do erro e da soberba
daqueles, que desprezada a Soberania do Redentor,colocam o homem acima de todas
as coisas, e querem o Reino absoluto e Universal da natureza humana; também se,
na prática, não podem conseguir esse reino, e até nem saibam definir bem no que
ele consiste. O Reino de Jesus Cristo toma forma e consistência da Caridade
Divina: O amor santo e ordenado é o fundamento e o compêndio dele. Daqui,
necessàriamente, derivam os seguintes princípios: É preciso cumprir bem o
próprio dever; não se deve nunca cometer uma injustiça ao próximo; é preciso estimar
as coisas terrenas como inferiores às celestes; é preciso amar a Deus sobre
todas as coisas. Bem diferente é aquele domínio do homem, que abertamente
recusa Cristo, ou que descuida conhecê-l’O, funda-se todo sobre o egoísmo, que
não conhece a Caridade, nem o espírito de sacrifício. Segundo o ensinamento de
Jesus, é também lícito ao homem mandar, mas o deve fazer só naquela condição
possível, isto é, ANTES DE TUDO DEVE ELE SERVIR A DEUS, E DEVE TOMAR DA LEI DE
DEUS AS NORMAS E O GUIA DA PRÓPRIA VIDA.»
Santo Agostinho conta nas suas “Confissões”a história de dois homens a caminho
da corte de um grande rei, congeminando a melhor forma de cair nas boas graças
desse soberano, a fim de conseguirem alcançar uma notável posição social e
copiosas riquezas. Mas a certa altura um deles diz para o outro:”Diz-me, o que
estamos a fazer, para quê tantas canseiras, tanto esforço, tantas desilusões, o
que estamos buscando afinal? A amizade de um homem? Olhai, SE EU QUISER SER
AMIGO DE DEUS, POSSO LOGRÁ-LO HOJE MESMO!
E os dois homens arrepiaram caminho, dirigindo-se para um convento.
A História do mundo, enquanto tal, não é mais do que um estrebuchar de
seres pensantes, que indiferentes ao grande Oceano da Verdade e do Bem,
preferem guerrear-se por pequenos seixos que vão encontrando pelo tosco
caminho.
O poeta Indiano Tagore (1861-1941), evidentemente não cristão, mas
também não apóstata, dizia: “Quando peregrinares pela estrada fora, não te
preocupes em colher as belas flores que vais encontrando; segue caminhando e elas
alegrarão o teu caminho”.
Os grandes centros de gravitação deste mundo são o poder e a riqueza;
tal acontece porque este mesmo mundo é totalmente oposto, até mesmo ao mais
simples aforismo da sã filosofia, que nos assegura que a felicidade se encontra
mais na renúncia do que na posse.
Foi o pecado original que separou, moralmente, o mundo de Deus. A
ESSÊNCIA DA FÉ CATÓLICA RESIDE, PRECISAMENTE, NESTA INIMIZADE MORAL E MORTAL
COM O MUNDO, POR CAUSA DE DEUS NOSSO SENHOR, CONHECIDO, AMADO E SERVIDO, SOBRENATURALMENTE,
SOBRE TODAS AS COISAS. O AMALDIÇOADO VATICANO 2 CONSPIROU PARA CONGRAÇAR DEUS E
O HOMEM, NÃO PELA CONVERSÃO DESTE, MAS PELA SUA MONSTRUOSA DEIFICAÇÃO.
O espírito mau do mundo é de todos os tempos; nunca se caia no tremendo
erro de considerar que na denominada “Idade da Fé” o mundo era bom, não, o
mundo foi sempre mau; o que existiam era instituições cristãs muito fortes, um
poder civil em geral fiel à Santa Igreja, mesmo quando pessoalmente indigno, e
uma fina flor de cristãos de elevada nobreza doutrinal e moral; todavia, a
grande massa era composta de gente muito grosseira, não no sentido de ser de
condição humilde, mas simplesmente porque, embora baptizada, era uma massa
nominal e supersticiosa.
A nossa ascensão para Deus será pois indissociável do combate contra um
mundo moralmente corrompido, com a hodierna e essencial agravante do
desaparecimento da Santa Madre Igreja como realidade social e cultural – Mas
esta constitui sòmente a face negativa dessa ascensão; a parte eminentemente
positiva remete absolutamente para uma SUPERAÇÃO DO MUNDO, MESMO NO QUE ELE
POSSUI DE NATURALMENTE BOM, O QUE SÓ SE PODE OBTER COM A GRAÇA DE DEUS. PORQUE
SÒMENTE POR VIA SOBRENATURAL PODEREMOS REPARAR, EM GRANDE PARTE, MAS NÃO
TOTALMENTE, A FERIDA NA NATUREZA, EM NÓS DEIXADA PELO PECADO ORIGINAL.
Exactamente por isso, a Santa Madre Igreja impôs o celibato, disciplinarmente
aos sacerdotes seculares, mas constitutivamente aos religiosos e clero regular;
para que mais fácilmente acedam à Santidade, e não em virtude de qualquer
dualismo. Mas igualmente impôs a voto de pobreza ao clero regular, não porque
as riquezas sejam, em si, más, mas porque em consequência do pecado original e
dos pecados actuais, tais riquezas poderão constituir sério obstáculo à
contemplação das realidades Eternas, e pior ainda – tornar-se adictivas.
A diferença de regime entre o clero secular e o clero regular, reside em
que este último está ainda mais rigorosamente obrigado à Santidade.
A tese da superação implica igualmente que sempre e cada vez mais a alma
opere, interior e exteriormente, por motivos estritamente Sobrenaturais. Neste
particular, os Dons do Espírito Santo possuem uma função primordial,
nomedamente a Sapiência e o Entendimento, pois colocam a alma de tal
forma “em meio Divino” que aperfeiçoam caracterizadamente as virtudes Teologais
e Morais, robustecendo a Graça Santificante. A nossa prova de Eternidade
consistirá na avaliação da medida da nossa Caridade, bem como da Graça
Santificante. NINGUÉM SE PODE SALVAR SE NÃO AMAR, SOBRENATURALMENTE, A DEUS
SOBRE TODAS AS COISAS.
A contemplação deve compreender-se como uma unificação progressiva do
organismo Sobrenatural. Enquanto que na meditação, a alma exercita, com o
auxílio da Graça, uma pluralidade de actos de inteligência e vontade; na
contemplação processa-se uma notável tendência à simplificação da vida
interior; tal não implica um retrocesso, mas um acrisolado aprofundamento da
vida Sobrenatural – PORQUE DEUS É SIMPLES! NÃO É COMPOSTO DE PARTES, É SÓ ELE
PRÓPRIO.
Mas mesmo na vida exterior, que deve reflectir fielmente a vida
interior, se deve manifestar uma tal simplificação e unificação. E isto é tanto
mais verdade quanto o desenvolvimento da vida Sobrenatural na alma diminui
extraordinàriamente a necessidade psicológica da permanente renovação e
diversificação dos estímulos externos. A alma contemplativa SABE ESSENCIALMENTE
COMO GOVERNAR SOBRENATURALMENTE OS BENS CRIADOS. Exactamente por isso, existem
almas, que mesmo vivendo, materialmente, no seio do mundo, logram alcançar, com
o auxílio de Deus, uma grande Santidade.
Neste quadro conceptual, é perfeitamente compreensível, como a
estratégia da maçonaria internacional, que no século XIX expulsava os monges
dos seus conventos, requintou os seus métodos, e com o amaldiçoado concílio
Vaticano 2, INTRODUZIU AS IDEIAS DO MUNDO NOS MESMOS CONVENTOS, TORNANDO
INSUPORTÁVEL A VIDA PENITENTE E ESCONDIDA DO MUNDO – PARA QUÊ, SE HÁ LIBERDADE
RELIGIOSA? E OS QUE FICARAM CAÍRAM NAS MAIORES ABERRAÇÕES CONTRA A NATUREZA.
Consequentemente, constitui um grande crime, pretender alterar o
comportamento exterior das pessoas sem de forma alguma tentar transformar
sobrenaturalmente a vida interior – é o que fazem os hipócritas de todos os
tempos e lugares. Evidentemente, que os pecados puramente exteriores também
ofendem a Deus; razão porque o Magistério da Santa Madre Igreja sempre ensinou,
que mesmo aos dementes, é necessário impedir-lhes as consumações mais
grosseiras do pecado exterior. E o Estado, enquanto braço secular da Santa
Madre Igreja, deve impedir o mais possível as manifestações públicas, e por
vezes mesmo só exteriores, do pecado e do vício. Mas tal constituiria enorme
hipocrisia se não se produzir um esforço coerente e permanente de transformação
Sobrenatural das almas. Desgraçadamente, assinalam-se na História da Igreja
muitos períodos e lugares em que o esforço pastoral se preocupou sòmente com as
aparências sociais, com o “fica bem”, quase abandonando a realidade, bem mais
árdua, da conquista Sobrenatural das almas para Deus Nosso Senhor.
Mas como pode ser isso se a Igreja é Santa? A Santa Igreja é Santa
porque a sua Pessoa Moral de Direito Divino é Santa, porque foi fundada pelo
Verbo Encarnado, dispondo permanente e eminentemente do Sacrifício do Calvário
renovado no Sacrifício da Missa, bem como dos Sacramentos que dele irradiam; A
Santa Igreja dispõe e custodia, por instituição Divina, de toda a Revelação
Sobrenatural, que a Cátedra de São Pedro deve, defender, propagar, clarificar e
explicitar. MAS SE É DIVINA, A SANTA IGREJA TAMBÉM É HUMANA, COMPOSTA, NA
MAIORIA DOS CASOS, DE HOMENS QUE A HISTÓRIA ECLESIÁSTICA REVELA COMO MEDIANOS,
E ATÉ FREQUENTEMENTE MEDÍOCRES, INCLUINDO CERTOS PAPAS. Mas foi A PROVIDÊNCIA
DIVINA QUE ASSIM O QUIS E ASSIM O CONSTITUIU, PORTANTO OS DESÍGNIOS ÚLTIMOS DE
DEUS NOSSO SENHOR DEVEM CUMPRIR-SE DESTA FORMA, E NÃO DE QUALQUER OUTRA.
Nunca olvidemos que ninguém pode ascender para Deus Nosso Senhor, sem
grandes sofrimentos, sobretudo de ordem Moral, e sem passar pelo amor devoto a
Nossa Senhora, a nossa querida Mãe do Céu. Pois que ela própria, em Fátima,
disse à Lúcia: “E TU SOFRES MUITO, NÃO TE PREOCUPES, EU NUNCA TE DEIXAREI, O
MEU IMACULADO CORAÇÃO SERÁ O TEU REFÚGIO, E O CAMINHO QUE TE CONDUZIRÁ ATÉ
DEUS.”»
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Lisboa, 12 de Abril
de 2017
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