“Esta menina
de 12 anos incompletos preferiu morrer cruelmente do que perder sua pureza
virginal. Pio XII afirma ser ela “o fruto de lar cristão, onde se reza, se
educam cristãmente os filhos no santo amor de Deus, na obediência aos pais, no
amor à verdade, na honestidade e na pureza”. Exemplo para todas as meninas e
adolescentes”
Plinio Maria Solimeo
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Unica foto conhecida da menina
Maria Goretti, tirada em 1902 [detalhe] |
No dia 24 de junho de 1950, o Papa Pio XII
deparou-se com um problema singular: a canonização de Maria Goretti deveria ser
celebrada na Basílica de São Pedro, mas cerca de 500 mil pessoas afluíram à
cerimônia, ultrapassando em muito a capacidade do templo — era a maior
concentração na história de Roma até então. A solução foi celebrá-la do lado de
fora, pela primeira vez em uma canonização.
O
que levou tanta gente a afluir para essa canonização? Possivelmente foram os
pormenores da vida e morte de Maria Goretti, que maravilharam a Itália e todo o
mundo católico. Uma menina de apenas onze anos preferiu morrer a pecar; a sua
atitude acabou convertendo o próprio assassino, que se tornou religioso; a mãe
da vítima o perdoou, e recebeu a Sagrada Comunhão ao lado dele. Tudo isto
traduz uma coerência na fé e na piedade, muito rara em nossos dias.
Muita pobreza e muita virtude
Terceira
das seis crianças de uma família empobrecida, Maria Goretti nasceu em Corinaldo
(Itália), no ano de 1890. Em 1899, a família de Luís Goretti mudou-se para Le
Ferriere di Conca, a 40 milhas de Roma, trocando o trabalho agrícola pela
situação de meeiros. Os Goretti passaram a compartilhar com os Serenelli — um
viúvo de nome Giovanni e seu filho Alessandro — um prédio abandonado da
propriedade, ocupando estes últimos o andar superior, enquanto os Goretti
ficavam no andar térreo.
Tanto
uns quanto outros tiravam seu sustento do árduo trabalho no campo, cuja terra
era muito pobre, meio pantanosa, infectada de insetos e muito dura de
trabalhar. No ano seguinte, Luís Goretti foi picado por um inseto transmissor
da malária, falecendo onze dias depois.
Maria,
então com nove anos, era a mais velha dos irmãos; e Assunta, sua mãe, colocou-a
em seu lugar nos afazeres domésticos, a fim de substituir o marido no trabalho
do campo. Ela passou a cozinhar, fazer limpeza, lavar roupa e cuidar dos
irmãos. Também cozinhava e cuidava da limpeza do andar dos Serenelli.
Não era vaidosa
Longe
de se lamentar por um estado tão penoso, Maria Goretti era uma fonte de
encorajamento para a mãe, a quem assegurava que Jesus Cristo as ajudaria em
suas necessidades. Era uma criança piedosa, ia à Missa sempre que podia,
aprendeu o Catecismo e recebeu a Primeira Comunhão com grande respeito, na
festa de Corpus Christi de 1901. Apesar de todos os trabalhos e cuidados,
crescia em graça e sabedoria diante de Deus e dos homens.
Assunta
diria mais tarde a respeito da filha: “Não era vaidosa, não ambicionava
vestidos novos. Procurava que os irmãozinhos estivessem cobertos e compostos, e
ela própria guardava grande modéstia. Aborrecia palavras e conversas contrárias
à honestidade.”
Depois
de convertido, Alessandro declarou: “Seguindo as pegadas da mãe, era modesta,
usava vestidos compridos, fugia de certas moças levianas, não se fixava em
jornais ou revistas com gravuras indecentes. Era verdadeiramente um anjo,
inocente como uma pomba, e tão piedosa, tão boa, tão serviçal em casa: era uma
moça modelo.”
Martírio pela pureza
Alessandro,
pelo contrário, era um rapaz rude, sem nenhuma formação religiosa. Sua mãe
tinha morrido num hospital psiquiátrico quando ele ainda era bebê, e seu pai
era alcoólatra, sendo ele próprio dado à bebida. Era muito impuro, e fazia
propostas indecentes a Maria quando esta se encontrava só. Ela detestava o
procedimento vil e as sugestões torpes do rapaz, e sempre lhe retorquia: “Não,
nunca, isso é pecado! Deus o proíbe, e iríamos para o inferno”.
Por
que a menina não contava à mãe as investidas lúbricas do rapaz? De um lado, por
não querer preocupá-la; de outro, porque Alessandro ajudava sua mãe nos
trabalhos mais difíceis do campo. E também porque, se o fizesse, a família não
teria para onde ir. Preferia então calar-se e confiar em Deus.
No
dia 5 de julho de 1902, enquanto Maria costurava uma camisa de Alessandro e
cuidava de uma irmã menor, ele apareceu sob um pretexto qualquer, entrou na
cozinha e fechou a porta. Aproximou-se com uma peça de ferro pontiaguda e
ameaçou-a de morte, caso ela não cedesse aos seus desejos impuros. Maria
gritou: “Não! Isso é pecado! Deus não o quer!” Quando ele quis
forçá-la, ela reagiu e lutou com ele, dizendo que preferia morrer a pecar.
Furioso, Alessandro a perfurou nove vezes com a peça de ferro. No meio da
aflição e das dores, a mártir continuou a recompor seus vestidos, resguardando
sua pureza.
Julgando-a
morta, o algoz se retirou. Maria conseguiu entreabrir a porta e gritar para o
pai de Alessandro. O assassino então voltou e desferiu contra seu peito mais
cinco punhaladas. Depois fechou a porta e saiu, deixando prostrada sobre uma
poça de sangue a inocente vítima de 11 anos, que gemia: “Meu Deus! Meu
Deus! Mãezinha, mãezinha”.
Teresita
— uma de suas irmãs, ainda de berço — começou então a chorar desesperadamente,
fazendo com que o pai de Alessandro acudisse e encontrasse a mártir esvaindo-se
em seu próprio sangue.
Enquanto
Maria era levada às pressas para o hospital de Nettuno, Alessandro, de 20 anos,
ia para a cadeia, onde ficaria durante 28 anos.
Sofrimento oferecido a Deus
Chegando
ao hospital, pediu água insistentemente, devido à sede decorrente da perda de
sangue, mas não podia ser atendida por causa das chagas no corpo. O pároco foi
chamado para ministrar-lhe a Extrema Unção, antes de iniciar-se a arriscada
operação. Mostrando um crucifixo, disse-lhe que Jesus também sofreu sede na
cruz, e perguntou se ela queria oferecer sua sede a Ele pela salvação dos
pecadores. A menina aceitou e não mais pediu água.
Antes
de receber o Sagrado Viático, o sacerdote perguntou: “Mariazinha,
perdoas de todo coração ao teu assassino?”. Ela respondeu: “Sim,
por amor de Jesus perdoo-lhe. E também quero que ele esteja no Céu comigo”.
Os
médicos deram início à operação. Eram 14 feridas, nove das quais perfurantes.
Como a menina estava muito fraca, eles não usaram anestesia. Maria estava
inteiramente consciente quando cada uma das feridas foi aberta para ser
suturada por dentro. Apesar das dores, ela não chorou e sofreu sua agonia com
perfeita paciência, oferecendo-a a Deus. Às 4 horas da tarde do dia 6 de julho
de 1902, com 12 anos incompletos, Maria Goretti entregou sua alma virginal ao
Criador, por cujo amor preferiu a morte à ofensa.
Além
da dilacerante dor de ver sua filha morrer tão cruelmente, Assunta teve uma
pungente dor adicional: uma semana depois, não dispunha de mais ninguém para
cuidar dos filhos enquanto trabalhava no campo. Por ser muito pobre, não teve
outro remédio senão entregá-los à adoção.
Conversão do assassino
Na
prisão, Alessandro mostrou-se agressivo e revoltado, tendo de ser removido para
uma solitária. Entretanto, seis anos depois, Maria Goretti lhe apareceu em
sonho, e sem dizer uma só palavra lhe entregou 14 alvos lírios, símbolo da
pureza, cada lírio representando uma de suas punhaladas.
O
assassino compreendeu por esse sonho que Maria o havia perdoado do crime e
estava no Céu. Comovido, sentiu grande arrependimento, seguido de milagrosa
conversão. Pediu então que chamassem o bispo encarregado da prisão, a quem
confessou seus crimes e pecados. Pagou o resto da sentença como prisioneiro
modelo, razão pela qual foi libertado três anos antes do fim de sua pena.
Uma
vez posto em liberdade, Alessandro foi procurar a mãe de sua vítima. Era
véspera de Natal, e queria saber se ela ainda o reconhecia. Sim, ela o
reconhecia como o homem que matou sua filha e destruiu sua família. Alessandro então
lhe pediu perdão. A resposta dessa mãe verdadeiramente católica foi: “Se
Maria, minha filha, o perdoa, e Deus o perdoa, como posso também não
perdoá-lo?”. Os dois foram então à Missa de Natal, durante a qual receberam
a comunhão de joelhos, lado a lado. Alessandro fez mais: confessou então
publicamente na igreja seu pecado, diante dos fiéis, aos quais pediu também
perdão.
Aceitação da sentença
No
longo período que passou na prisão, Alessandro teve tempo para pensar no mal
que fizera e se arrepender. Uma vez cumprida a pena, recolheu-se em um convento
dos Padres Capuchinhos, onde faleceu em 1970 aos 88 anos de idade. Em 1962 ele
escreveu o que pode ser tido como seu testamento espiritual, do qual transcrevemos
aqui uma parte:
“Estou
velho, com quase 80 anos, e prestes a terminar a minha vida na Terra. Olhando
para o meu passado, reconheço que na minha mocidade segui um caminho errado.
[…] Aos 20 anos, cometi o meu crime passional, cuja lembrança hoje me aterroriza.
Maria Goretti, agora santa, foi o anjo bondoso que a Providência pôs nos meus
passos. Ainda trago as suas palavras de repreensão e de perdão impressas no
coração. Rezou por mim, intercedeu por mim, seu assassino.
“Passaram-se
os 30 anos de cadeia. Se não fosse menor de idade, teria sido condenado por
toda a vida. Aceitei a sentença merecida; resignado, expiei a minha culpa.
Maria Goretti foi verdadeiramente a minha luz, a minha padroeira. Com o seu
auxílio comportei-me bem, e procurei viver honestamente, quando de novo a
sociedade me recebeu entre os seus membros.
“Os
filhos de São Francisco, os Capuchinhos, acolheram-me com caridade seráfica,
não como criado, mas como irmão. Estou com eles desde 1936. E agora espero
serenamente o momento de ser admitido à visão de Deus, de rever e abraçar os
meus entes queridos, e de estar perto do meu Anjo protetor (Santa Maria
Goretti) e da sua querida mãe, a senhora Assunta.
“Os
que lerem esta minha carta, queiram tirar a boa lição de sempre, de fugirem do
mal desde novos e seguirem o bem. Convençam-se de que a Religião, com os seus
mandamentos, não é coisa para se pôr de lado, mas é o conforto verdadeiro, o
único caminho seguro em todas as circunstâncias, mesmo as mais dolorosas da
vida.”
Glorificação final
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Relíquia de Sta. Maria Goretti |
A
causa da beatificação de Maria Goretti foi aberta em 1935, com o próprio
Alessandro testemunhando sua santidade e sua intercessão. Foi beatificada em
1947 por Pio XII. Sua mãe, presente ao ato, relata: “Quando vi o Papa
se aproximando, rezei: ‘Madonna, por favor, ajudai-me’. Ele pôs sua mão em
minha cabeça, e disse: ‘Bendita mãe, feliz mãe, mãe de uma Beata’”.
Maria
Goretti foi canonizada três anos depois, pelo mesmo Papa, com a presença de
Alessandro Serenelli, Assunta Goretti e seus quatro filhos restantes.
Os
restos mortais da Santa estão na Basílica de Santa Maria Goretti, ao lado do
mar, em Nettuno, Itália, perto do local onde ela viveu e morreu. Estão em um
relicário, envoltos numa imagem de cera seguindo seus traços.
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Fontes:
Site
“Who is St. Maria?”, disponível em http://mariagoretti.com/who-is-st-maria/
Pe.
José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, Portugal, 1987,
tomo II, pp. 385-388.
Mas segundo o ateu libertino Bergoglio, Santa Maria Goretti estava completamente errada, porque para este anti- Cristo, fornicar não é pecado, reduzindo a nada o testemunho dos Santos e dos mártires.
ResponderExcluirAlberto Carlos Rosa Ferreira das Neves Cabral -Lisboa