“Quem
vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita, e quem me rejeita,
rejeita aquele que me enviou”
Frei Damião de Bozzano
EM DEFESA DA FE
Regra de Fé: Meio lógico,
objetivo, pelo qual podemos conhecer as verdades reveladas por Deus. Nosso
Senhor Jesus Cristo ensinou ao mundo a sua doutrina, exigindo que todos a
abraçassem sob pena de condenação eterna. Logo nos deve ter deixado um meio fácil
e seguro para conhecermos esta doutrina.
Qual este meio? Segundo os
protestantes é a Bíblia tal qual é compreendida por cada indivíduo, ignorante
ou douto. Segundo os católicos, é um magistério vivo, infalível, autêntico,
isto é, a igreja docente, constituída por Jesus Cristo depositária das verdades
reveladas. E as fontes, onde essa igreja vai haurir os ensinamentos de Jesus
Cristo são a Bíblia e a Tradição. Onde a razão? Vejamo-lo. Neste capítulo vamos
apenas provar a tese católica.
1. a)
Dizemos, antes de tudo, que Jesus, para dar conhecer ao mundo sua doutrina,
constituiu um magistério vivo, isto é, escolheu certo número de homens, aos
quais confiou o munus e o oficio de pregar a sua doutrina, obrigando todo o
mundo a neles crer. Eis as provas: “Foi-me dado todo o poder no céu e na terra.
Ide pois, instrui as gentes…ensinando-as a observar tudo que vos mandei; e eis
que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt. 28,18).
Ainda mais: “Ide, pregai o evangelho por todo o mundo. Quem crer e for batizado
será salvo, quem não crer será condenado” (Mc 10,16).” “Quem vos ouve, a mim
ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita aquele que me
enviou”. (Lc. 10 16). Por estas palavras deu aos apóstolos e somente a eles o
oficio de pregarem o seu Evangelho; de fato, quando se tratou de colocar Matias
no lugar de Judas que tinha prevaricado, afim de que pudesse pregar o Evangelho
com os demais apóstolos, recorreu-se a uma eleição. (Atos 1, 23). Ora, esta não
teria sido necessária, se Jesus tivesse a todos os cristãos o oficio de pregar
o Evangelho, pois Matias, já mesmo antes da eleição, era cristão, discípulo de
Cristo. Se, pois, foi preciso uma eleição, quer isto dizer que Jesus Cristo
confiou somente aos apóstolos o oficio de pregar o seu Evangelho. E os
apóstolos compreenderam dessa maneira as palavras de Jesus, isto é, que Ele
lhes tinha imposto o munus e o oficio de pregar a sua doutrina. Por isso S.
Marcos acrescenta: “Eles, os apóstolos, partiram e pregaram por toda a parte “.
(Mc 16, 20). Eis, pois, o meio escolhido por Nosso Senhor para difundir sua
doutrina: O magistério dos apóstolos; eles devem ensinar, pregar esta doutrina
e todo o mundo deve acreditar nos seus ensinamentos.
1. b)
Dizemos, além disso, que este magistério vivo, por vontade de Jesus, devia
durar até o fim dos séculos, ou por outras palavras, este munus, este oficio,
que os discípulos receberam, não devia acabar com a morte deles, mas devia ser
transmitido aos seus sucessores. Com efeito Jesus diz: “foi-me dado todo o
poder no céu e na terra. Ide pois, instrui todas as gentes…. ensinando-as a
observar tudo que vos mandei. E eis que estou convosco todos os dias até a
consumação dos séculos” (Mt. 28,18). Mas não sabia Nosso Senhor que os
apóstolos não poderiam ficar neste mundo até o fim dos séculos, para ensinar a
todas as gentes a sua doutrina? Sem dúvida o sabia. Portanto, ele aqui falou
aos apóstolos, como a pessoas que deveriam ter sucessores até o fim dos
séculos, para ensinar a todas as gentes a sua doutrina E os apóstolos, fiéis
executores do pensamento do divino Mestre, tinham cuidado de deixar quem
continuasse seu magistério. Por isso S. Paulo escreve a Timóteo: “O que de mim
ouviste por muitas testemunhas, ensina-o a homens fiéis, que se tornem idôneos
para ensinar a outros” (II Tim 2,2).
1. c)
Dizemos, enfim, que este magistério vivo, é infalível, isto é, não pode ensinar
erro algum sobre a fé ou sobre a moral. Com efeito, consideramos as palavras evangélicas:
“Foi-me dado, diz Jesus, todo o poder no céu e na terra. Ide pois, instrui
todas as gentes…. ensinando-as a observar tudo que vos mandei. E e eis que
estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. (Mt. 28,18). Como
vemos, Jesus aqui impõe aos apóstolos e aos seus sucessores ensinar tudo o que
Ele ensinou e ensiná-lo até o fim dos séculos. E como esta fora uma empresa
superior a simples forças humanas, promete-lhes a assistência onipotente. Ora,
será possível que um magistério, assistido pela própria verdade que é Cristo,
possa errar? Não é possível. Portanto, a igreja, assistida por Cristo, é
infalível. Jesus diz ainda: “Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim
rejeita, e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”. (Lc 10, 16).
Porventura, ouvir a Jesus, não é ouvir ensinamentos infalíveis? Ora, ele afirma
que aquele que ouve os apóstolos e aos seus sucessores, isto é, à Igreja
docente, o ouve a Ele mesmo. Portanto, quem ouve a Igreja, ouve ensinamentos
infalíveis. O mesmo repete Jesus naquela passagem que lemos em S. João (14 16 e
26) “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique
eternamente convosco, o Espírito de verdade… Ele vos ensinará todas as coisas e
vos recordará tudo que vos tenho dito”. Pois bem, é possível o erro onde está o
Espírito da verdade, que ensina e recorda tudo o que Jesus tem ensinado?
Impossível. Ora, Jesus afirma que o Espírito da verdade ficará eternamente com
os apóstolos e seus sucessores e ensinará e recordará tudo o que ele tem
ensinado. Portanto com os apóstolos e com os seus sucessores não pode estar o
erro, logo são infalíveis
Finalmente Jesus diz: “Ide,
pregai o evangelho por todo o mundo, quem crer, e for batizado será salvo, quem
não crer será condenado.”(Mt 16,15). Ora, pergunto eu, será possível que Deus
imponha ao mundo acreditar no erro sob pena de condenação eterna? Não: isto
repugnaria à sua justiça, à sua santidade, à sua veracidade. Portando, Jesus
impondo ao mundo a obrigação de acreditar no que ensina a Igreja sobe pena de
condenação eterna, ao mesmo tempo dava a esta mesma Igreja a infalibilidade,
afim de que nunca pudesse errar. Tudo isto é confirmado pelo Apóstolo S. Paulo
quando chama a igreja: “Coluna e sustentáculo da verdade “. (Tim. 3,15). É claro,
com efeito, que a Igreja não poderia ser coluna e alicerce da verdade se
ensinasse o erro e a superstição. Eis portanto, provada pela Bíblia a primeira
parte da tese católica.
+ + +
Passemos a provar a segunda parte
que sustenta serem duas as fontes, onde a Igreja vai haurir os ensinamentos de
Jesus: a Divina Escritura e a Tradição. A Divina Escritura, é a palavra de Deus
contidas nos livros por Ele inspirados. Chama-se também Bíblia, que significa:
livro dos livros, livro por excelência. A Tradição é também a palavra de Deus
que não foi escrita, mas ensinada de viva voz por Jesus e pelos Apóstolos.
Existe esta tradição, ou por outras palavras, existem verdades reveladas que
não se acham contidas na Bíblia? Existem. A própria Bíblia o declara. Eis, por
exemplo, como fala S. Paulo na 2° epístola aos Tess 2,4: “Estai firmes, irmãos,
e conservai as tradições que aprendestes de viva voz ou por epístola nossa”. E
no cap. 3,6 acrescenta: “Nós vos prescrevemos, em nome de N. S. Jesus Cristo,
que vos aparteis de todos os irmãos que andam desordenadamente e não segundo a
tradição receberam de nós”. E na 2° epístola a Tim escreve: “O que de mim
ouvistes por muitas testemunhas, ensina-o a homens fiéis, que se tornem idôneos
para ensinar a outros”. E no capítulo 1, 13 exorta ao mesmo Timóteo: “Toma por
modelo as Santas Palavras que me tens ouvido na fé.” E na 1° epístola aos Cor
11,2, congratula-se com os fiéis, porque haviam conservado as suas instruções:
“Eu vos louvo, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim e guardais as minhas
instruções, como eu vo-las ensinei”. De que instruções fala aqui o Apóstolo?
Sem dúvida, fala de instruções dadas de viva voz, já que era esta a primeira
epístola que lhes enviava. Como S. Paulo, assim também fala S. João, quando diz
no seu evangelho: “Muitas outras coisas há que fez Jesus, se elas fossem
escritas uma por uma, suponho que nem no mundo inteiro caberiam os livros que
se escrevessem”. (Jo 21,25) e quando, concluindo as suas últimas epístolas, diz
claramente que não quis confiar tudo à tinta e ao papel, deixando para fazê-lo
de viva voz. Os textos citados e outros, que poderíamos alegar nos demonstram
que nem tudo o que ensinaram Jesus e os Apóstolos, foi escrito: há verdade que
ensinaram de viva voz; e por isso mesmo a tradição existe. Com razão, pois, a
igreja vai haurir os ensinamentos de Jesus na Divina Escritura e na Tradição.
Fonte: https://communioettraditio.wordpress.com/2017/04/18/a-verdadeira-regra-de-fe/
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