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São Francisco de Assis, no primeiro presépio vivo, em Grecchio, Itália. Benozzo Gozzoli, 1452, Montefalco |
“O
presépio nos faz querer "voltar
para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz
antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer.”
Luis Dufaur
São
Francisco de Assis iniciou o costume de fazer presépios vivos no Natal
A celebração da festa de Natal remonta
aos primeiros séculos da Igreja, sendo uma comemoração especificamente
católica.
Desde o século IV as relíquias da
manjedoura da gruta de Belém são veneradas na basílica de Santa Maria Maggiore
em Roma.
Elas se encontram num precioso
relicário de ouro e cristal (foto ao lado), onde podem ser admiradas e adoradas
por todos.
A liturgia própria da festa era
chamada ad praecepe, de onde vem a palavra presépio, e que
significa literalmente em volta do berço.
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Relíquias do presépio de Belém, em artística urna. Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. |
Em 1223, São Francisco de Assis criou o
primeiro presépio vivo, com personagens reais, na sua igreja de Grecchio, na
Itália.
Os figurantes (o Menino Jesus numa
manjedoura, Nossa Senhora, São José, os Reis Magos, os pastores e os anjos)
eram representados por habitantes da aldeia.
Os animais, o boi, o burrico, as
ovelhas e outros, também eram reais.
Este piedoso costume medieval
espalhou-se rapidamente.
Os primeiros presépios em escala
reduzida com imagenzinhas, entraram nas igrejas no século XVI por obra dos
padres jesuítas.
Nessa época os jesuítas eram heróis na
luta contra o protestantismo seco e hirsuto que desconhece o presépio e os seus imponderáveis divinos que enchem as almas de
gáudio.
Por volta dos séculos XV e XVI ficaram
famosos os presépios de Nápoles, Itália, pela proliferação de figurinhas.
No início do século XIX, após a
anticatólica Revolução Francesa, na França pareceu que o costume tinha morrido.
Mas, os habitantes da região de
Provence (sul) deram novo impulso a esta piedosa devoção a partir de 1803 em
casas particulares e igrejas criando famosos santons (figurinhas
de massa) que representam os personagens da creche.
Na hora de montar o presépio, em geral,
deixa-se a manjedoura vazia.
Nela, o Menino Jesus será instalado na
noite do dia 24 para o 25.
Forma parte de o costume colocar uma
estrela no topo do presépio.
Ela nos lembra a estrela que no céu
guiou os três santos reis de Oriente vindos venerar o Salvador do mundo.
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Presépio francês feito com 'santons'. Col. part. |
Os três Reis Magos (Gaspar, Melchior e
Balthazar), simbolizam o conjunto dos povos da terra.
Em geral, são representados com
camelos, ou até elefantes e dromedários que lhes teriam servido de montaria.
É um costume muito praticado,
colocá-los longe da creche e, dia após dia, aproximá-los dela, até
introduzi-los na gruta na festa da Epifania (6 de janeiro).
Epifania significa a irradiação da
glória externa de Deus, precisamente posta em relevo pela adoração dos
potentados de Oriente.
A presença dos anjos é de rigor,
relembrando o cântico angélico “Glória a Deus nos Céus e paz na terra aos
homens de boa vontade” de que nos falam as Escrituras.
O
Presépio católico e a graça de Natal
O Natal é comemorado
em toda a face da Terra.
Mas, cada povo o
comemora a seu próprio modo.
Por quê?
A Igreja Católica,
vivendo na alma de povos diferentes, produz maravilhosas e diversas harmonias.
Ela é inesgotável em frutos de perfeição e santidade.
Ela é como o sol
quando transpõe vidros de cores diferentes. Quando penetra num vitral vermelho,
acende um rubi; num fragmento de vitral verde, faz fulgurar uma
esmeralda!
O gênio da Igreja
passando pelos povos alemães produz algo único; passando pelo povo espanhol faz
uma outra coisa inconfundível e
admirável, e depois mais aquilo e aquilo outro num outro povo, num outro
continente, numa outra raça.
No fundo é a Igreja
iluminando, abençoando por toda parte. É Deus que na Sua Igreja realiza
maravilhas da festa de Natal.
Canta a liturgia :
“Puer natus est nobis, et Filius datur est nobis...”
“Um Menino nasceu
para nós, e o Filho de Deus nos foi dado.
“Cujo império repousa
sobre seus ombros e o seu nome é o Anjo do Grande Conselho”.
“Cantai a Deus um
cântico novo, porque fez maravilhas”.
Aquele Menino nos foi
dado — e que Menino! Então, cantemos a Deus um cântico novo.
O Natal do católico é
sereno, cheio de significado, e ao mesmo tempo elevado como o interior de uma
igreja!
A vitalidade
inesgotável da festa natalina é sobrenatural, produz na alma católica uma paz
profunda, uma sede insaciável de heroísmo, e um voltar-se completamente para as
coisas do Céu.
No Natal, a graça da
Igreja brilha de um modo especial na alma de cada católico. E de cada povo que
conserva algo de católico na face da Terra inspirando incontáveis formas de
comemorar o nascimento do Redentor!
Porque a Igreja é a
alma de todos os Natais da Terra!
A saudade
dos presépios cheios de unção católica
Eis um artigo tocante sobre o Natal
publicado num jornal que com freqüência vem carregado de notícias em sentido
oposto:
MENINO, LÁ EM MINAS, eu tinha inveja
dos católicos. Eu era protestante sem saber o que fosse isso.
Sabia que, pelo Natal, a gente armava
árvores com flocos de algodão imitando neve que não sabíamos o que fosse. Já
os católicos faziam presépios.
Os pinheiros eram bonitos, mas não me
comoviam como o presépio: uma estrela no céu, uma cabaninha na terra coberta de
sapé, Maria, José, os pastores, ovelhas, vacas, burros, misturados com reis e
anjos numa mansa tranquilidade, os campos iluminados com a glória de Deus,
milhares de vagalumes acendendo e
apagando suas luzes, tudo por causa de uma criancinha.
A contemplação de uma criancinha amansa
o universo.
O Natal anuncia que o universo é o
berço de uma criança.
Até os católicos mais humildes faziam
um presépio.
As despidas salas de visita se
transformavam em lugares sagrados.
As casas ficavam abertas para quem
quisesse se juntar aos reis, pastores e bichos.
E nós, meninos, pés descalços,
peregrinávamos de casa em casa, para ver a mesma cena repetida e beijar a fita.
Nós fazíamos os nossos próprios
presépios. Os preparativos começavam bem antes do Natal.
Enchíamos latas vazias de goiabada com
areia, e nelas semeávamos alpiste ou arroz.
Logo os brotos verdes começavam a
aparecer. O cenário do nascimento do Menino Jesus tinha de ser verdejante.
Sobre os brotos verdes espalhávamos
bichinhos de celulóide.
Naquele tempo ainda não havia plástico.
Tigres, leões, bois, vacas, macacos,
elefantes, girafas.
Sem saber, estávamos representando o
sonho do profeta que anunciava o dia em que os leões haveriam de comer capim
junto com os bois e as crianças haveriam de brincar com as serpentes venenosas.
A estrebaria, nós mesmos a fazíamos com
bambus. E as figuras que faltavam, nós as completávamos artesanalmente com
bonequinhos de argila.
Tinha também de haver um laguinho onde
nadavam patos e cisnes, que se fazia com um pedaço de espelho quebrado.
Não importava que os patos fossem
maiores que os elefantes. No mundo mágico tudo é possível. Era uma cena
"naïve". Um presépio verdadeiro tem de ser infantil.
E as figuras mais desproporcionais
nessa cena tranquila éramos nós mesmos. Porque, se construímos o presépio, era
porque nós mesmos gostaríamos de estar dentro da cena. (Não é possível estar dentro da árvore!).
Éramos adoradores do Menino, juntamente
com os bichos, as estrelas, os reis e os pastores.
Será que essa estória aconteceu de
verdade? Foi daquele jeito descrito
pelas escrituras sagradas?
As crianças sabem que isso é
irrelevante. Elas ouvem a estória e a estória acontece de novo.
Não querem explicações. Não querem
interpretações. A beleza da estória lhes basta.
O belo é verdadeiro. Os teólogos que
fiquem longe do presépio. Suas interpretações complicam o mundo.
O presépio nos faz querer "voltar
para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz
antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Nós também somos de lá.
Estamos encantados. Adivinhamos que somos de um outro mundo." (Octávio
Paz )
Seria tão bom se os pais contassem essa
estória para os seus filhos!"
Fonte: Rubem Alves, Folha de S.Paulo, 23.12.2008
E, acrescentamos nós
do blog, como seria bom que os sacerdotes contassem essa estória para os fiéis
nas igrejas!!!
Fonte: https://luzesdeesperanca.blogspot.com.br/p/costumes-do-natal.html#17110501
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